Editorial

Este número surpreende pela importância concedida por alguns pesquisadores à questão da identidade de gênero. Problema que ganhou as páginas dos jornais desde que a nova ministra da “Mulher, Família e Direitos Humanos”, Damares Alves, declarou que “meninas vestem rosa e meninos vestem azul”. Acossada pela repercussão negativa, precisou explicar que se trata de uma “metáfora contra a ideologia de gênero”. O que me parece mais interessante nos debates “surdos” promovidos pela mídia é a incapacidade de nossos jornalistas perceberem que, aquilo que para alguns é uma metáfora, para outros é tomado literalmente e soa como um constrangimento opressivo. Uma maioria expressiva da sociedade ainda pensa como Freud. Nascemos anatomicamente meninas ou meninos, mas a identidade de gênero é adquirida por meio da transmissão parental dos valores e papéis sociais da virilidade e da feminilidade. Saiba mais ->

Artigos

Resenha

No livro “O processo civilizador”, escrito em dois volumes, Nobert Elias descreve as mudanças que aconteceram no comportamento, nas estruturas mentais e emocionais dos indivíduos no Ocidente. Foi o formulador da teoria do processo civilizador, segundo a qual a civilização europeia teria surgido pela interiorização das limitações e autocontrole dos impulsos, sob o efeito das transformações provocadas pela formação do Estado Moderno. Seu argumento central é que existe relação direta entre as mudanças na estrutura da sociedade e as que ocorrem na estrutura do comportamento e da constituição psíquica. Logo, entende a civilização como um processo engendrado no social e também no psíquico, havendo constante correspondência entre essas duas dimensões. Deste modo, o autor rompe com a ideia de uma sociedade acima dos indivíduos ou uma divisão excessivamente polarizada entre indivíduo e sociedade. Propõe, como alternativa, um modelo para abordagens de processos sociais de longa duração.
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