Em tempos de impactantes denúncias e turbulências que põem em xeque a credibilidade do sistema político nacional, uma leitura que proponha uma consistente problematização da passagem do nascimento da democracia no berço francês, até seus destinos e desafios na atualidade, pode nos trazer uma ferramenta valiosa de ajuda para uma apreensão crítica do que vivemos nos dias de hoje no Brasil, dentro do contexto maior do que se passa no laço social contemporâneo. Fleury desenvolve o argumento de que, entre uma fase e outra, sobreveio um desencantamento pela função da transcendência e pelo ideal. Nos primórdios da democracia, a fé republicana apenas começava a se degradar, já que, para Fleury, a revolução científica não tinha sentenciado de uma vez por todas a morte de Deus.