Editorial

Depois de nos dedicarmos durante dois números da revista ao encontro com o Real que a pandemia da Covid-19 nos trouxe, recomeçamos a sonhar com novos começos. Há muitos anos desenvolvo uma conexão com o Departamento de Psicanálise em Paris VIII e com a École de la Cause Freudienne, da qual sou membro. Com o falecimento de Serge Cottet, âncora desse acordo em Paris VIII, ficamos provisoriamente sem esse suporte. Ao longo de 2020, entretanto, nossa conexão renasceu graças ao interesse que a colega Fabienne Hulak nos endereçou. Apresento a vocês seu primoroso trabalho de pesquisa acerca da escrita de Joyce e o que ela nos ensina acerca do inconsciente, justamente por mostrar-se desconectado dele. Seu artigo intitula-se Do traumarbeit de Freud ao Work in Progress de Joyce. Em seu livro A Interpretação dos Sonhos (Die Traumdeutung), Freud formula a hipótese da existência do inconsciente e diz que este livro é o testemunho, ainda que incompleto, da “autoanálise” do seu autor. O inconsciente é uma hipótese necessária, mas que é inferida a partir dos dados da experiência. Saiba mais ->

Artigos

Resenha

Éric Marty é professeur agregé de letras modernas e obteve seu Doctorat d’État em 1996 sobre a obra de Gide. Ensina literatura contemporânea desde 1998 em Paris VII e é membro sênior do Instituto Universitário da França. Seu encontro com Roland Barthes em 1976, como ele mesmo relata em seu livro Roland Barthes, le métier d’écrire, foi decisivo para sua orientação intelectual. Le sexe des modernes nasceu destinado a se tornar um clássico. Quando afirmo isso, não se trata de pura retórica. A erudição de seu autor corta o fôlego do leitor. A agilidade que demonstra ao atravessar a obra de diversos autores da modernidade francesa - que se popularizou nos Estados Unidos por meio da alcunha de “French Theory” - sem jamais se abandonar a análises superficiais, já seria motivo suficiente para admirar essa obra. Porém, não se trata apenas de uma revisão competente desta literatura.
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