Com que sonham os analistas?
Nossa época sonha em maximizar o gozo útil. O que caminha na superfície do gosto é a mensuração generalizada. Medir, regulamentar, distribuir, homogeneizar cada gozo. Garantir o prazer seguro e dissolver cada mal estar. O desencantamento do mundo cresce, enquanto se esvaziam os poderes da palavra poética. Durante o século XIX, o sonho freudiano anunciava um futuro totalmente diferente. O desejo inconsciente, a outra cena e a censura são os nomes de um real até então desconhecido da ciência. Diferentemente, entre outras descobertas científicas, o laço entre a psicanálise e o desejo de seu criador não pode ser desenlaçado. Podemos colhê-lo in statu nascendi, por meio das imagens de seu “sonho da injeção em Irma”. Freud relata que Irma lhe mostra a garganta infectada pela difteria.
“Estávamos diretamente cônscios também da origem da infecção,... meu amigo Otto aplicara-lhe uma injeção de um preparado de propil, propilos... ácido propiônico... trimetilamina (eu via diante de mim a fórmula desse preparado em grossos caracteres)” (Freud, 1900, p. 115).
O significante trimetilamina é a resposta real à pergunta sobre a causa da neurose. Ele alude ao poder da sexualidade. Para Lacan, esse sonho interpreta o desejo de Freud1 criando a psicanálise, que é o saber sobre a causa sexual da neurose. Esse sonho realiza, uma passagem da suposição à ex-sistência2 (Solano, 2003). Efetua no real aquilo que Freud prometeu a si mesmo na casa onde teve esse sonho3: “nesta casa, em 24 de julho de 1895 o segredo dos sonhos foi revelado a Sigmund Freud.” O nascimento da psicanálise é um momento de triunfo da poesia sobre o cientificismo.
No primeiro tempo de seu retorno à Freud, Jacques Lacan adere ao sonho freudiano. Formaliza a prática psicanalítica revelando que os princípios do seu poder, bem como sua finalidade dependem da primazia que nela se concede ao significante, ao Nome-do-pai. Somente num tempo mais tardio de seu ensino, pode assinalar que a realidade psíquica, o inconsciente e o Complexo de Édipo nascem do que o “sonho freudiano” (Lacan, 1974-75) devia à religião. Essa nova interpretação do desejo freudiano deixa aparecer um desejo propriamente lacaniano. Este desejo é testemunho do surgimento de um desejo propriamente lacaniano e pode-se verificar por meio da tese por excelência do seu ensino: a de que “não há relação sexual”. Estamos diante da ex-sistência de Lacan – a respeito da sua transferência com Freud.
São contemporâneas deste corte, a ruptura com a IPA e a introdução de um conceito novo, o de objeto a. Essa mudança de posição com relação ao inventor da psicanálise, nos legou como herança uma clínica do atravessamento da fantasia e uma concepção do final da análise como extração do objeto a. Jacques-Alain Miller vem elaborando, entretanto, uma nova tese sobre um “último ensino de Lacan”. O essencial, nesse período, é a resposta lacaniana à questão: “o que quer uma mulher?” (Lacan, 1972-73). Essa é a ocasião de uma notável inversão de perspectiva (Miller, 2002) em suas elucubrações sobre a clínica. Depois de formalizar o Complexo de Édipo freudiano, de construir as relações entre o objeto da fantasia e o significante, num salto surpreendente, Lacan nos ensina que a mulher não se reduz ao objeto a da fantasia sexual. O enigma freudiano da feminilidade – habitante anônimo de um “continente negro” - alcança uma formalização inédita (Lacan, 1974-75, p. 75). A feminilidade, em sua versão lacaniana, é uma experiência da sexualidade que obedece a uma lógica do não-todo, situando-se desta forma “mais além do Édipo”. Seu matema é S( ).
Há, desde então, duas maneiras de fazer suplência à desproporção entre as palavras e as coisas, refiro-me à assim chamada inexistência da relação sexual. Do lado masculino, o parceiro do homem é o fantasma, , é com o inconsciente que ele faz amor. Do lado feminino, o Outro que responderia como parceiro não existe. A mulher fantasma com alguma coisa que faz obstáculo ao encontro. Seu parceiro é “sem limites”, é Deus. Do lado masculino, a castração é a condição da identificação de cada um à exceção, ao Nome-do-Pai, segundo uma lógica para-todos. Do lado feminino, não há exceção à castração, o real é sem lei. A mulher é não-toda. Dizer que a mulher não existe, é afirmar que ela não se constitui na dependência de uma identificação ao modelo. As mulheres, se contam uma à uma, e se chegam a fazer algum conjunto, ele é inconsistente e aberto.
Como a resposta lacaniana ao enigma da feminilidade renovou as clássicas questões kantianas? O que podemos saber, fazer e esperar de uma análise quando orientada pela lógica do não todo? O que nos ensinam de novo essas respostas sobre os poderes do significante? Prolongar a reflexão lacaniana sobre a ética é essencial para continuar o debate sobre os princípios do poder da prática psicanalítica, mais além dos standards. Essa prática, que se limita à função e ao campo da palavra é da linguagem, é o analista quem a dirige. Lembro as palavras de Lacan:
“por isso é que o analista é menos livre em sua estratégia do que em sua tática. Prossigamos. O analista é ainda menos livre naquilo que domina a estratégia e a tática, ou seja, em sua política, onde ele faria melhor em sua falta-a-ser que em seu ser”
(Lacan, 1958, p 589).
No campo da ética, Lacan fez, atuais, as respostas às questões kantianas essenciais (Lacan, 1974, parte VI). O que posso saber? O que devo fazer? O que me é permitido esperar? Como ele nos lembra, o saber é suposto como o sujeito do inconsciente. Logo, é uma questão de lógica, não posso saber nada que não tenha a estrutura da linguagem. Sua resposta, portanto, não repete a resposta kantiana. Não supõe ao homem a liberdade do celibato. O real, no discurso em que se articula o inconsciente, não se reduz à universalidade4, pois o real, quando é considerado apenas nessa vertente (Lacan, 1974, p. 541), paga o objeto causa desse discurso que é sempre singular. Assim, um analista só pode fazer aquilo que faz: extrair de sua prática uma ética do Bem-dizer. Considerando que o sujeito que fala, não é livre em suas relações com o objeto do seu desejo, trata-se de não deixá-lo abrir mão do seu desejo. E como toda a ética é relativa ao discurso que a sustenta, é obrigatório concluir que “saber o que fazer” é algo próprio ao discurso analítico. Da mesma forma, perguntar o que se pode esperar de uma análise é de certo modo tautológico. Só espera algo de uma análise quem já está comprometido na transferência, em relação ao sujeito suposto saber. Dizendo isto, Lacan conclui que não recomenda a análise aos canalhas, aos non-dupes5, aos que não supõem um saber ao Outro. Desta experiência não resultaria nada além de torná-los mais burros. Penso que o contrário é ainda mais problemático: uma análise pode fazer os burros se tornarem canalhas?
Depois de Lacan (1963), já não ignoramos que a moral kantiana e sua aspiração universalizante, o imperativo categórico, depende de um objeto patológico: a voz na consciência. Recentemente, Jacques-Alain Miller (2003) fez uma descoberta esclarecedora sobre as quatro palavras em latim que encerram o comentário kantiano ao final do primeiro capítulo da Crítica da Razão Prática, acerca do imperativo categórico. São as seguintes: sic volo, sic jubeo6. Em sua pesquisa, Miller esclarece que encontrou essas palavras nas Sátiras de Juvenal – escritor satírico romano -, no capítulo VI, quando ele aborda as razões pelas quais um homem deve, ou não, se casar. Caso a caso, ele demonstra que não se deve casar com mulher alguma. As palavras, hoc volo, hoc jubeo, aparecem no momento em que ele advoga uma ética de celibato, que ele justifica baseando-se nos prejuízos que uma mulher causa a um homem. A tirania do capricho feminino é a fonte em que se inspira a voz do dever na consciência. Isso prova que a moral universalizante masculina - quando todos estão submetidos à castração – alimenta a sujeição ao supereu, e incita, por conseguinte, o gozo à transgressão. A voz, é o objeto patológico, o resto da Coisa (das Ding) que ressurge parcialmente sobre as espécies do gozo não-todo, o objeto a. Por isso, o discurso analítico promove o objeto a, voz, no lugar do agente, extraindo o ser falante da sujeição ao supereu.
Quando Lacan lança uma resposta nova ao enigma da feminilidade e postula um outro gozo, o gozo do ser falante, não temos aí uma redefinição do campo do patológico? O sujeito determinado pelo simbólico, em que um significante o representa para outro significante, é sujeitado à voz. O ser falante, S( ) que não encontra no outro um significante que lhe corresponda, é o agente da voz. Ele é só, ímpar, sem Outro. Ele ex-siste ao inconsciente e à cadeia dos significantes. A voz do significante é causa de gozo, ele vivifica o corpo. Logo, além “onde isso fala, isso goza de lalíngua”. O gozo d’apalavra não se dirige ao outro e não se oferece a nenhum diálogo. Contudo, quanto a essa nova patologia, necessitamos, todavia, distinguir os gozos que ela apalavra: o blábláblá e a poesia. O blábláblá reforça a tendência contemporânea ao relativismo, ao subjetivismo, ao psicologismo. Eu explico. O declínio da imago paterna se faz acompanhar do avanço das reivindicações a um igualitarismo democrático. O valor de verdade da palavra se esvazia. Quando todo mundo tem razão, toda razão se reduz à opinião. A experiência analítica arrisca-se, também ela, a reduzir-se a uma experiência literária, estética e puramente narrativa. O lugar do analista corre o risco de ser rebaixado ao de um avalista benevolente que se limita a sancionar: “assim é se lhe parece”. Gesto que revela menos da ironia socrática, que se fazia guardiã da coerência do Outro, do que da debilidade generalizada, própria à doença da mentalidade que afasta a contabilidade do gozo útil na cultura pós-moderna. O valor oracular do significante, reduzido á banalidade do blábláblá, esvazia-se, aprofundando-se o desencanto na civilização. Como nos servir do S( ), de sua afinidade com a lógica do não-todo, com a experiência da inexistência do Outro, sem despencar no abismo das prática democráticas e intersubjetivas, nas reivindicações igualitárias ou no gozo do individualismo autista?
A pergunta então é: como a lógica do não-todo afeta os princípios do poder da cura analítica? Quais sejam: a ética e também a tática, a estratégia e a política do analista? A inversão de perspectiva7 quanto aos efeitos do significante sobre o gozo (de mortificador a vivificante) soluciona o ponto que Freud não descobriu como ultrapassador: a identificação ao falo que limita a palavra e a relação entre os significantes. Em “Análise terminável e interminável”, Freud (1937) verifica que o falo e a castração funcionam como um rochedo intransponível. Ele precisa que esse é o obstáculo ao acesso à feminilidade. Resolver o enigma da feminilidade, responder à questão do “que quer uma mulher”, foi a via que Freud nos legou para avançar quanto ao que seja o final da análise. A lógica do não-todo, é um avanço na formalização do fim do processo analítico. Ela nos permite contrapor à identificação fálica, o gozo autista sem Outro. Numa análise, ela equivale ao descobrimento da universalidade da castração. Não há exceção. É o desastre do Outro. É a vacilação do falo e das posições sexuais masculina e femininas que lhe são correlativas: a ameaça de castração e o Penisneid. Como terminaria então uma análise? Na produção de um sujeito desidentificado, que verificou que todas as verdades são relativas e, finalmente, concluiu que não há nada neste mundo que não se reduza à pura ficção? Num sujeito que atravessou os véus de sua fantasia e agora sabe o que quer e com quê se satisfaz?
O matema ( )| S é a tese de Miller (2002, p. 11) que escreve o que subsiste ao desastre do Outro, do encontro com , com a inexistência do sexual, com o Outro que não existe: “Eu inscrevo com esse significante a tese, a posição, a afirmação de que aquilo que se coloca fora do que acaba de desabar, aquilo que se coloca como resultado do que se anula e se apaga” (Miller, 2002, p. 11). O significante que se coloca fora desse Outro que acaba de desabar é o significante da ex-sistência, um significante absoluto, que não é relativo à cadeia de onde se destacou. Este significante designa a posição do real e é correlativo do “Outro que não existe”. O esforço de Lacan em fundar uma ex-sistência, considerando o ensino recente de Miller, se renova no Seminário XX. O saber na cadeia significante é tão somente suposto. O sujeito aí é suposto saber. Nenhum analista verifica sua adequação à realidade externa. Ele nos recorda que Lacan recomenda, no início do seu ensino, que a análise deve fixar-se ao sujeito como suposto daquilo que ele diz. Ele precisa: “esta suposição não é uma ex-sistência”, seu símbolo é $ (Ibid, p.13). Ainda, segundo Miller, Lacan pensou de várias maneiras ao longo do seu ensino, se é possível – partindo da suposição de saber – alcançar uma realização do sujeito, uma ex-sistência, algo do real.
Isso me leva a concluir que as diferentes formulações sobre o final de análise em Lacan foram diferentes maneiras de conceber esse saldo real da experiência analítica. A assunção da castração e a destituição subjetiva, a lógica da fantasia e a invenção do objeto a foram, em seu tempo, modos de pensar a passagem da suposição à existência. No seu último ensino, o real sem lei e fora do sentido são uma nova maneira de pensar o final da análise e a ex-sistência. O percurso de uma análise, a destituição do sentido, produz como efeito do significante um real que se sustenta de si mesmo. Fora do Outro, o ser falante, como significante, é sem lei, ele é real. De tal modo, a interpretação do analista não é a palavra que revela apenas a verdade. O essencial é que a contingência de seu ato seja um savoir faire (techné) que participa da criação (poiesis), ou da produção da verdade que só pode ser meio-dita.
As condições éticas tanto da demanda, quanto do exercício da psicanálise no mundo globalizado, nos obrigam a fazer a aposta na potência de tomar o ser falante como ex-sistência, como real. É necessário restaurar a potência da palavra, quando se aprofunda a inconsistência do Outro com seus comitês de ética (Laurent & Miller, 1996-97) e o esvaziamento de toda palavra oracular Miller, 2002-03), ameaçam afogar a experiência da palavra na reciprocidade do diálogo e na simetria da relação intersubjetiva. O laço analítico necessita restabelecer o valor da assimetria simbólica. Ele enfrenta o declínio da organização edípica e o avanço do discurso da ciência e de seus aparatos de gestão de saúde mental e do mal-estar (Miller & Milner, 2004), que parecem prometer um estado generalizado de des-responsabilidade do ser falante. Observamos hoje uma banalização massiva da palavra. Isto nos exige uma fidelidade renovada aos princípios de seu poder. Como Lacan bem formulou: “que a isso renuncie, principalmente, aquele que não consegue incluir em seu horizonte a subjetividade de sua época” (Lacan 1953, p. 321). Sustentamos uma prática da palavra, que sabemos ser cada vez mais conflitante com os valores da cultura. Com que sonham os analistas lacanianos? Sonhamos poder despertar nossos contemporâneos do sonho do blábláblá.
Tradução do original em espanhol: Maria Luiza Caldas.
Notas
- Segundo Solano (2003): interpretar, na sua versão poética, é a arte ou a produção do artesão.
- Segundo Solano (2003), a interpretação em sua vertente poética é a causa da passagem da não- existência à existência.
- Carta a Fliess, número 137, de 12/06/19000, número 137. “Você supõe, escreve a Fliess, que algum dia uma placa de mármore será colocada na casa, inscrita com essas palavras...” (Freud, 1887-1904, p. 418).
- Como demonstramos antes, o real reduzido à universalidade da lei, se confunde com o lugar de exceção do pai morto.
- Os que não creem nos semblantes.
- Assim desejo, assim ordeno.
- O termo “inversão de perspectiva” foi introduzido por JAM como a essência do sexto paradigma lacaniano do gozo (Miller, 1999, p. 24-29)
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Recebido em 24/09/2010; aceito em 02/10/2010.
Received in 09/24/2010; accepted in 10/02/2010.
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