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Laboratório de Ensino

DESEJO

Carolina Apolinario de Souza 
 

Articulando os registros imaginário e simbólico, deve-se destacar o conceito de desejo na obra de Lacan. Para Lacan, a relação com o outro passa pelo desejo, pois o desejo do homem seria o desejo de se fazer reconhecer pelo desejo do outro.

O desejo portanto refere-se não à um objeto, mas à uma fantasia, que se dá na relação com um outro no registro imaginário. Nesse sentido, o desejo é acima de tudo uma sequela da constituição do eu (já citada na descrição do imaginário). Há aí uma demarcação simbólica, pois antes de seu nascimento, o sujeito já é marcado pelo desejo do outro sendo inscrito na linguagem.

Para Lacan o sujeito é invadido por esse outro através do qual pôde se identificar imaginariamente. Ele se reconhece a partir da relação especular. O eu é resultado do efeito exercido por um outro, por quem o sujeito deseja ser reconhecido e amado, ou seja, a criança só pode constituir-se enquanto tal porque é investida e desejada. A partir disso, podemos supor que o sujeito não sabe nada sobre aquilo que quer, sem estar referido ao outro. É através desse outro que o desejo do sujeito se revela.

Posteriormente aos textos de 1954, o desejo será entendido de forma mais abrangente a partir do complexo de Édipo e da teoria do significante, onde o falo é definido como significante do desejo. Para Lacan, o sujeito é em primeiro lugar um objeto afetado pelo desejo, é determinado pelo Outro, ou seja, pelos significantes da linguagem. Por isso, a experiência da formação do eu é regida e elaborada a partir do simbólico, na medida em que a mãe é elevada à posição de Outro para a criança. A mãe assujeita a criança a seus próprios significantes, pois interpreta o que vem da criança como demanda (choro, agitação corporal...), oferecendo-lhe vários objetos que supõe satisfazê-la. Essa proximidade entre mãe e criança coloca a criança numa situação de se fazer objeto de algo que ela supõe faltar à mãe. Este objeto suposto preencher a falta do outro é o falo. Assim, pode-se dizer que a criança quer se constituir enquanto falo materno. (Dor, 1990)

Para Lacan, o ser existe em função da falta, pois é em função da falta e na experiência do desejo, que ele chega a um sentimento de si mesmo. Donde a definição que encontramos no seminário 2, "O desejo é uma relação de ser com falta." (Lacan, 1987: 280) O sujeito não é a causa, mas sim o efeito daquilo ou daquele que opera para constituí-lo. É um corpo sujeitado ao significante, afetado pelo desejo do outro (Coelho dos Santos, 2001).

 

DOR, J.; Introdução à leitura de Lacan, Porto Alegre: Artes médicas, 1990.

COELHO DOS SANTOS, T.; Quem precisa de análise hoje? O discurso analítico: novos sintomas e novos laços sociais. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

FREUD, S.; Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Rio de Janeiro: Imago, 1996, Sobre o narcisismo: uma introdução (1914), vol XIV.

JULLIEN. P.; O retorno de Freud a Lacan - a aplicação do espelho, Porto Alegre, Editora Artes Médicas, 1993. 

KAUFFMAN, P.; Dicionário Enciclopédico de Psicanálise: O Legado de Freud a Lacan, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996.

LACAN, J.; Escritos, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998

LACAN, J.;O Seminário, livro 1: Os escritos técnicos de Freud (1953-1954), Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1986.

LACAN, J.;O Seminário, livro 2: O eu na teoria de Freud na técnica da psicanálise (1954-1955), Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1987.

LACAN, J.; O Seminário, livro 5: As formações do inconsciente (1957-1958), Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.

KAUFMANN, P.; Dicionário enciclopédico de psicanálise: o legado de Freud a Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,1996.

LAPLANCHE & PONTALIS.; Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1997

OGILVIE, B.; A formação do conceito de sujeito, . Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.

ROUDINESCO E; História da psicanálise na França. A batalha dos cem anos, volume 2: 1925-1985, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,1988.

ROUDINESCO E PLON; Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.

 

 

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