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Laboratório de Ensino


AGENTE CRÍTICO

Kin Fon Hwang 
 

Na terceira seção de seu texto sobre o narcisismo, Freud descreve como se dá a passagem de um estado de narcisismo primário, no qual a libido estaria inteiramente investida no próprio ego, para um narcisismo secundário, no qual haveria um balanço energético entre o investimento libidinal egóico e o objetal, com a libido deste último retornando ao ego. O narcisismo primário acabará retrocedendo em razão da repressão e da crítica provenientes de terceiros e dará origem ao ideal do ego, instância que daí por diante servirá de referência ao ego e às suas aspirações de valor e de perfeição. O ego medirá a si próprio à partir de seu ideal do ego e sua satisfação narcísica será tanto maior quanto mais ele puder atender às suas exigências. A partir daí Freud se pergunta: uma vez estabelecido o ideal do ego, como se dá a comparação entre este e o ideal do ego? Haveria uma instância que se encarregasse de vigiar o ego, tomando o ideal do ego como parâmetro?

Essas indagações fazem com que Freud retome ao tema do agente crítico, presente em sua obra desde a época em que examinava as auto-censuras obsessivas e o mecanismo de censura dos sonhos (Freud, 1914, pág 112-113).

Freud fala de sua suspeita da existência de um "agente psíquico especial" que observa o ego e o mede pelo ideal. Certos fenômenos observáveis na paranóia, como o delírio de estar sendo vigiado, seriam pela ação desse agente que, segundo Freud, está presente em cada um de nós em nossa vida normal (Freud, 1914, pág 112-113). Esse agente ainda não nomeado, que vigia, que descobre e que critica todas as nossas intenções (Freud, 1914, pág 113) ainda permanecerá um tanto indefinido no decorrer da obra freudiana. Em 1917, no texto Luto e a Melancolia, Freud voltará a falar do agente crítico, definindo-o como separado do ego e relacionando-o com a censura da consciência e o teste de realidade, julgando o ego criticamente. Em 1921, no texto Psicologia das Massas e análise do Ego, agente crítico é descrito como "uma instância diferenciadora no ego" e confundido com o ideal do ego. Finalmente, em 1923, já na segunda tópica, em O Ego e o Id as funções de crítica e vigília do agente crítico serão assumidas pelo superego, instância que irá inaugurar em torno de si um vasto leque conceitual na clínica psicanalítica.

FREUD, S. - Sobre o Narcisismo: uma introdução [1914] in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud., vol. 14, Rio de Janeiro, Imago, 1976.

FREUD, S. - Luto e Melancolia [1917] in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud., vol. 14, Rio de Janeiro, Imago, 1976.

FREUD, S. - Psicologia das Massas e análise do Ego [1921] in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud., vol. 18, Rio de Janeiro, Imago, 1978.

FREUD, S. - O Ego e o Id [1923] in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud., vol. 19, Rio de Janeiro, Imago, 1978.

Laplanche, J. e Pontalis, J. B. - Vocabulário da Psicanálise, São Paulo, Martins fontes, 1998

 

 

 

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