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Sujeito e laço social na contemporaneidade: Um em rede

Aline Accioly Siero
Psicóloga e Psicanalista
Mestranda em Psicologia da Intersubjetividade na Universidade Federal de Uberlândia (Uberlândia, MG, Brasil)
E-mail: alinesieiro@gmail.com

João Luiz Leitão Paravidini
Doutor em Saúde Mental pela Universidade Estadual de Campinas (Campinas, SP, Brasil)
Professor Associado do Instituto de Psicologia na Universidade Federal de Uberlândia (Uberlândia, MG, Brasil)
E-mail: paravidini@ufu.br

Anamaria Silva Neves
Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (São Paulo, SP, Brasil)
Professor Adjunto 3 do Instituto de Psicologia na Universidade Federal de Uberlândia (Uberlândia, MG, Brasil)
E-mail: anamaria@umuarama.ufu.br

Resumo

Atualmente, o sujeito vive sob a lógica de funcionamento da internet com suas redes sociais, em que a comunicação é imediata e permite uma conexão de pessoas por todo mundo. Grande parte dos indivíduos de todo mundo está on-line. Esta nova forma de comunicação amplia a discussão sobre a construção do laço social na contemporaneidade. Assim, nos perguntamos: em um campo repleto de representações (Outro, tesouro dos significantes), como o sujeito se articula e faz laço social na atualidade? Neste artigo, circunscrevemos o campo em que estamos inseridos e o sujeito ao qual nos referimos em psicanálise, com a hipótese de que “estar em rede” seria uma nova bússola, uma nova orientação, uma nova tentativa de articulação com o objeto a (semblante). Tomamos o Twitter (uma ferramenta social) como exemplo para tentar discutir essa possibilidade.

Palavras-chave:
Psicanálise, sujeito, internet, Twitter, laço social.

 

Introdução

Escrever sobre a queda do Outro e os efeitos devastadores desse esvaziamento nos sujeitos tem sido o foco de muitos autores das diversas Psicologias e especialmente da psicanálise. No entanto, toda essa produção de saber sobre o sujeito nos impulsiona à produção de novos questionamentos. A ideia para esse artigo surgiu de algumas questões produzidas a partir do olhar psicanalítico sobre o sujeito contemporâneo e sua forma de estabelecer laço - a internet: como um novo campo, criado para o sujeito, produz apenas sujeitos alienados? Há algo de potencializador no encontro desse sujeito com o novo campo? Falamos de um eterno assujeitamento ou falamos de novos sujeitos?

Para começar a pensar essas questões, retomamos o que aprendemos com Lacan acerca da constituição subjetiva, que acontece a partir do encontro com o Outro, na entrada do sujeito em uma lógica que o antecede. Mas há algo de particular em cada sujeito que, dentro desse campo, persiste e faz sintoma como uma forma de estabelecer laço. Pressupomos que há algo fundante nesse sujeito que, ao entrar no campo da linguagem, não é simbolizável seja qual for a lógica que o rege. Mas as mudanças no campo em que esse sujeito está inserido afetam diretamente a forma como eles se arranjam, desejam e fazem sintoma, ou seja, como lidam com as tensões nesse campo de relações e de encontro. Nessa tensão está o mal estar apontado por Freud.

Uma significativa implicação do texto freudiano intitulado “O mal estar na civilização” (1930) vincula-se à proposição de que os psicanalistas venham a se ocupar do mal estar do homem no mundo civilizado e a se interessarem pela subjetividade contemporânea. Em seu processo de investigação, a psicanálise referencia-se ao que o fenômeno porta enquanto causa de insatisfação e de angústia do sujeito com o mundo dos objetos. Essa insatisfação já havia sido notada anteriormente por Freud, pois sua experiência clínica o levou a pensar a tensão nas relações entre sujeito e sociedade e nas formações sociais construídas como respostas ao conflito, que acabava por acarretar mais sofrimento do que seu enfrentamento. Ele afirmava que o laço social era a principal fonte de sofrimento para os homens e nos levava a suspeitar que havia algo de inconquistável no laço social, e que dizia respeito à nossa própria constituição psíquica (Freud, 1930).

Para discutir sujeito e laço social na contemporaneidade, vamos circunscrever o campo em que estamos inseridos e o sujeito ao qual nos referimos em psicanálise. Entendemos que a constituição subjetiva se dá a partir de articulações com o Outro (cultura, social). Com as mudanças ocorridas nesse campo, observamos o aparecimento de diversas e inéditas manifestações subjetivas. Alguns autores como Rinaldi (2011), Birman (2005) e Bauman (1998) apontam, por exemplo, a instabilidade das relações, o empobrecimento de laços afetivos e a ausência de significantes mestres a partir da falência da função paterna. Para eles, o sujeito contemporâneo está sozinho, sem regras nem modelos a seguir. Vive em uma sociedade no qual o imperativo é a única palavra de ordem, e está marcado pelo esvaziamento da figura paterna, resultando na construção de uma lógica de onipotência e de não referência ao outro. “O sujeito se basta” (Rinaldi, 2011).

Por outro lado, autores de outras abordagens teóricas, como Nicolaci da Costa (2005), apontam para um sujeito completo, seguro e disposto a experimentar o novo, sem medo. Um sujeito flexível, que é capaz de se representar de diversas maneiras e que consegue se identificar e ser referência de si mesmo, produzindo novas configurações psíquicas e laços sociais.

Partimos da perspectiva que a condição do sujeito se faz afetada por diversas mudanças no campo em que está inserido e tentando estabelecer laços. Além disso, considerando a internet como o campo de articulações do sujeito em questão, nos perguntamos: em um campo repleto de representações (Outro, tesouro dos significantes), como o sujeito se articula e faz laço social na atualidade?

Assim, falamos de um sujeito com sua singularidade, ou seja, aquilo que lhe é mais particular, radical e fundante; e falamos também de um campo que oferece tudo ao qual esse sujeito pode se identificar. Pensamos que a forma como o sujeito se vale disso nos dará pistas de como ele estabelece laço social na atualidade.


1. O Sujeito em Psicanálise

Cabas (2009, p.13) nos relembra que na obra de Freud a noção de sujeito sempre foi importante, ainda que de forma implícita. Foi Lacan quem posicionou esse sujeito em primeiro plano. O sujeito, na teoria psicanalítica, não é o indivíduo nem o eu. Também não é o sujeito racional cartesiano. Lacan efetivou a subversão desse sujeito cartesiano para nos contar de um sujeito que é efeito de linguagem. Então, a que sujeito nos referimos em psicanálise? Referimo-nos aqui a um conceito de sujeito que é esvaziado de qualidades, um “sujeito que não se confunde com a realidade empírica de uma pessoa ou indivíduo, mas que é efeito da linguagem. Em outras palavras, a concepção de sujeito também deve estar submetida ao universo infinito da alíngua”(Pinto, 2001, p.80). Assim, Lacan concebe o sujeito enquanto efeito, como uma consequência do encontro (arbitrário) com o Outro. Mas o sujeito também é um efeito da alíngua, ou seja, do que não é possível de simbolizar a partir da entrada na linguagem. Ele é uma função, uma estrutura, “um lugar entre dois [...], um ponto entre dois”(Cabas, 2009, p.218).

Aprofundando a noção do sujeito como efeito da linguagem, Cabas (2009) afirma que o sujeito só aparece a partir dos significantes porque existe um campo significante para que ele exista e se represente. O sujeito não é o significante que o representa, mas se utiliza deles para advir.

Quando Pinto (2001) e Cabas (2009) falam de um sujeito que está submetido ao universo da alíngua, é porque o campo de significantes que representa o sujeito não consegue dizer tudo sobre ele. Há algo de irrepresentável desse sujeito, a alíngua, que é o impossível de escrever. Desta forma, o sujeito é efeito da linguagem, mas também está além dela.

Para melhor compreender essa problemática, em certo momento de sua construção teórica, Lacan faz uso da topologia de Moebius. Rivera (2008), a respeito desse momento da teoria lacaniana, explica a fita moebiana como uma superfície unilateral, sem distinção entre dentro e fora e, portanto, sem projeção. Ao utilizar essa figura, Lacan tenta mostrar (ou realizar) o sujeito como não mais que o trajeto que desliza pela banda, movimento que passa dentro e fora, subvertendo sua distinção — afinal, como formula Lacan, o mais íntimo é êxtimo.

Se o sujeito advém do encontro com o Outro, ou seja, de uma estrutura que se coloca desde antes de seu nascimento (linguagem), ao entrar nesse campo, ele perde algo de originário, algo que o marca como dividido, não-todo. O que ele perdeu Lacan nomeia como objeto a e a esse processo de encontro com Outro Lacan (1964) nomeia como alienação.

Para Lacan (1964), a alienação acontece nessa divisão do sujeito. O Outro é o lugar de sua causa significante, razão pela qual nenhum sujeito pode ser causa de si mesmo. Quando bebês, somos totalmente dependentes de um outro para sobreviver. Chamamos isso de desamparo original. E é neste momento em que acontece o encontro com o Outro, encontro que produzirá as primeiras experiências de satisfação. É nesse momento também que o bebê deve se alienar a esse Outro para que possa se constituir. Mas, ao viver essa alienação, perde algo de si para sempre. Mas, se não vive a alienação, também perde a possibilidade de entrar no campo da linguagem.

Já a separação, outro articulador fundamental neste processo, implica o fato de que todo esse processo de alienação deixa um resto, uma vez que o sujeito busca no Outro aquilo que lhe falta, aquilo que ele abdicou e perdeu para se tornar sujeito ao desejo do Outro. É como se o Outro pudesse sempre complementar aquilo que falta ao sujeito. No entanto, isso não só não se efetiva, como o Outro está sempre às voltas com algo a mais. A separação incide a partir da posição em que o sujeito percebe que o Outro também é faltante como ele. O surgimento da falta no Outro remete o sujeito à própria falta, ou seja, à constatação da sua impossibilidade de completar o Outro. A operação de separação é marcada pelo confronto com a falta no Outro, e, posteriormente, quando o sujeito tenta construir, no fantasma, uma resposta à falta do Outro: O que o Outro quer de mim? (Lacan, 1964).

Mas é nessa busca do que lhe falta que se encontra a movimentação desejante. E a fita de Moebius trata dessa relação entre sujeito e objeto a, uma trajetória que se produz a partir desse (des)encontro, em que é o desejo do Outro que dá lugar ao sujeito como seu objeto, e portanto ela não é interna nem externa. Ela inscreve o objeto causa do desejo do sujeito e, no entanto, tem como ponto de fixação o sujeito no lugar de objeto (do Outro). Na fantasia, o sujeito não é mais senhor de seu próprio objeto (Rivera, 2008).

Destacando o lugar da falta do sujeito, Lacan (1956) conta sobre um objeto que é apreendido pela via da busca do objeto perdido. Uma busca frustrada, mas que efetiva o movimento pela procura. O objeto a se configura como produto da entrada na linguagem, da divisão que permite com que o sujeito advenha. Como vimos acima, o sujeito advém da entrada na cadeia significantes. Ao criar essa representação de si, aparece o resto, ou seja, aquilo que não é representável, simbolizável. No lugar desse resto, o falo entraria em cena, representando um lugar, um lugar de falta. E do outro lado, no campo do irrepresentável (real) estaria o objeto a, nesse lugar de resto, como “aquilo que sobrevive da operação de divisão do campo do Outro pela presença do sujeito” (Lacan, 1962, p. 243).

O objeto a faz referência à falta. A falta, segundo Lacan, só seria apreensível através do simbólico (linguagem). E é também através do simbólico e do imaginário que há a tentativa de preenchê-la. Lacan enfatiza, ainda, a irredutibilidade dessa falta que é radical na própria constituição do sujeito. É a partir desse posicionamento que o objeto a assume sua função de causa de desejo. Na medida em que ele é sobra, Lacan o reconhece estruturalmente como objeto perdido. O objeto a “é o que lidamos no desejo e por outro lado na angústia” (Lacan, 1956, p. 179).

O sujeito posiciona o objeto a do lado do Outro. Assim, coloca no Outro o que lhe é precioso, o que o causa. O neurótico deposita no Outro a esperança de que o Outro diga o que lhe falta. Portanto, segundo Lacan, desejar o objeto a é desejar o Outro, e desejar o Outro é desejar objeto a. Porém, nessa relação desejante, nos deparamos sempre com o resto e aí encontramos o sujeito.

Traçamos brevemente o caminho da constituição subjetiva, teorizando sobre a importância que o Outro (linguagem) tem nesse processo. Se é no movimento e na tensão entre sujeito e Outro que algo dessa constituição acontece, afirmamos, com Cabas (2009, p.236) que o sujeito contemporâneo é o mesmo sujeito da psicanálise, não há novo sujeito. O sujeito é ainda o mesmo que se constitui a partir da linguagem, ou seja, cindido, como acabamos de descrever. O que muda é o campo em que está inserido e sua forma de estabelecer laço. E o que podemos observar sobre as mudanças no campo? Tomaremos a internet como base para essa discussão.

2. Internet: novo campo, novas tensões

Atualmente, o sujeito vive sob a lógica de funcionamento da internet com suas redes sociais, em que a comunicação é imediata e permite uma conexão de pessoas por todo mundo. Grande parte dos indivíduos de todo mundo está on-line. As novas mídias multiplicam as possibilidades de contato, a constituição de redes de amigos, as oportunidades de encontros diversos inclusive no campo amoroso. Esta nova forma de comunicação possibilita a circulação livre da informação, aproximando o distante. Por outro lado, promove encontros que se fazem apenas na virtualidade.
Para fazer referência em relação à tecnologia e sua inserção no tempo social da atualidade, Santos (1986) conta que o pós-moderno nasce com a computação e oferece à sociedade muitas facilidades trazidas pelas tecnologias. Na modernidade se buscava a essência do ser e no pós-moderno as pessoas recebem tudo pronto com o advento da tecnologia. O autor defende que com a tecnologia as pessoas ficaram mais presas em suas individualidades. No plano econômico, o modelo é chamado capitalismo flexível, no qual o homem se entrega ao presente e ao prazer, ao consumo e ao individualismo. Santos(1986) ainda afirma que entre os indivíduos e o mundo estão os meios tecnológicos de comunicação, que não informam sobre o mundo e sim o refazem à sua maneira.

Freud (1930) também fala da modernidade segundo a tecnologia, que caminha junto com a sociedade no sentido de frustrar e distanciar cada vez mais os sujeitos do prazer verdadeiro que eles buscam, pois proporciona benefícios que os satisfazem de forma barata, ou seja, dão uma sensação de falsa satisfação. E como a angústia é cada vez maior entre sujeito e sociedade, a tecnologia funciona como uma forma de tamponamento do sofrimento, mas nunca o soluciona por definitivo.

Se o sujeito vive um período social que nasceu junto com a inserção tecnológica, Kaplan (1993) defende que o homem moderno se integrou à tecnologia a tal ponto que uma visão crítica e distanciada é quase uma utopia. Hoje as tecnologias fazem parte da sociedade como uma coisa só, homem e tecnologia estariam integrados completamente.

Segundo Nicolaci da Costa (1998, p. 57), quando a internet chegou no Brasil, as pessoas rapidamente aprenderam a pesquisar e bater papo através da rede. A partir dessa entrada, a autora aponta o início do que seriam os novos tipos de relacionamentos, afetos, sentimentos e conflitos.  Apenas em 1990 alguns psicólogos começaram a se interessar pelos estudos relacionados à rede, e a própria autora, em 1996 iniciou seus estudos sobre os impactos da internet na subjetividade das pessoas.

O que podemos afirmar é que a internet, como campo de relações, trouxe e vem trazendo profundos impactos subjetivos em todos os indivíduos, usuários ou não da rede. Com foco no sujeito (e não no indivíduo, como discutido anteriormente), nos cabe agora tentar circunscrever e produzir novos sentidos para esse novo campo e para os efeitos que tem nos sujeitos. Frente ao mal estar que ressurge na emergência de um novo campo e na inserção do sujeito nesse campo, houve como efeito, a principio, a produção de uma dicotomia na produção do saber: o bem e o mal -  os estudos apontando os lados negativos e positivos da inserção do sujeito na internet.

Nicolaci da Costa (2000), por exemplo, escrevia e publicava artigos que tentavam falar da relação entre a adolescência e a escrita na internet, como uma tentativa de interação e simbolização. Costa (2001) apresentou trabalhos sobre uma pesquisa em chats, apontando a importância das tribos online e da forma como as amizades se consolidavam, com estabilidade e com intensidade de sentimentos tão fortes quanto as relação presenciais. Zaremba (2000) relatou em sua pesquisa sobre a forma como a escrita na internet é uma escrita prazerosa e que produz comunicação. Já Bauman (1997) toma a tecnologia nas categorias de consumo, apontando que a relação entre usuário e tecnologia se estabelece da mesma maneira em que funciona o sistema capitalista. Nessa perspectiva, a sensação de ruptura que a internet traz à sociedade é o que fica em evidência.

Nicolaci da Costa nos lembra que Birman (1997) foi um dos primeiros a escrever sobre a relação de gozo entre a internet e o sujeito, iniciando um tipo de pesquisa que apontaria as preocupações e os impasses desse encontro. Naquele momento, já se falava em relações virtuais e o esvaziamento do sujeito, bem como o automatismo das relações. (1998, p.64) Outra autora, Cláudia Lanzari (2000) escreveu um artigo em que usava o conceito de fantasia para analisar a relação virtual em caráter ficcional, relação essa que já estavam fadadas ao fracasso e a decepções. Calligaris, em 1998, começou a publicar textos sobre a problemática do sujeito e da internet enfatizando os aspectos relacionados à solidão online.

O que podemos observar nesses primeiros trabalhos evidencia-se na ênfase nos impasses, bem como no caráter saudosista de um passado ideal e na resistência à mudança. Preocupados em defender os efeitos positivos ou negativos da internet, grande parte desses primeiros artigos ficaram presos na dicotomia entre o bem e o mal. Entramos em contato com produções que tinham como alicerce o campo (internet). Sem olhar para o sujeito e a forma como ele estava se ajeitando com essas situações e sentimentos tão diversos, nos deixamos levar pela ilusão de passividade do sujeito, como se o campo pudesse ser completamente responsável por qualquer ato do sujeito.

Em pesquisas mais recentes, observamos a tentativa de mudança para o olhar no sujeito. Rinaldi (2011), por exemplo, nos coloca a pensar sobre a questão da proximidade e da distância, quando discute uma ilusão de proximidade produzida pela internet, nos encontros realizados nas redes sociais como Facebook e Twitter. Segundo a autora, as conexões se fazem entre semelhantes, que compartilham imagens e significantes. A primazia do imaginário deixa na sombra a dimensão simbólica e principalmente a dimensão real do outro, evidenciada no enigma que envolve a presença. Fala-se hoje de presença virtual, possibilitada pelas novas tecnologias que associam imagem e voz em tempo real. A instantaneidade da comunicação elimina a distância no tempo e simula a proximidade. Entretanto, para a autora, presença não se resume ao significante nem a imagem, mas implica um corpo que goza e é isso que impõe uma distância íntima, de ordem ética, condição para o desejo.

Nesse aspecto, podemos retomar a teorização sobre a falha da função paterna e a queda do Outro percebida na ausência de leis que possam reger o sujeito. Forbes (2005) nos conta de um presente em que os sujeitos são desbussolados, ou seja, não possuem mais um significante mestre ao qual se apoiar e nortear. As relações sociais até a modernidade eram organizadas por um eixo vertical de identificações. As crianças, por exemplo, se identificavam com o pai e os adultos com os chefes no trabalho. As referências se contrapõem, são múltiplas, e acabam se invalidando. Podemos equivaler esse momento a uma desorientação da pulsão. Assim, o homem ficou desbussolado, como nomeia Forbes. Preso a uma cadeia de significantes que parece não ter começo nem fim, assistimos às tentativas de criação de novas bussolas, não sem sofrimento.

O homem ficou desbussolado, sem o norte da mão do pai que, por ter o saber, lhe assegurava o caminho a seguir. Para Forbes, foi Lacan quem apontou para uma psicanálise capaz de acolher um homem cujo problema é não saber o que fazer, nem mesmo escolher entre os vários futuros que lhe são possíveis. Hoje o problema do sujeito não está mais nas amarras de seu passado, mas na escolha entre várias possibilidades de futuro (Forbes, 2005).

Assumindo a falha da função do Outro como referência absoluta, Forbes (2005) também aponta para a necessidade de um novo pacto social, de um novo amor que substitua o amor que prevaleceu até hoje e que foi fundado em nome do pai. Se no modelo contemporâneo caminhamos de uma posição de impotência em direção ao impossível, para apreender esse novo amor o autor enfatiza a necessidade de se pensar em uma terceira dimensão, além do imaginário e do simbólico. A terceira dimensão, além da realidade simbólica ou da virtualidade imaginária, é o real incapturável e incompreensível, o real impossível, um limite que pode ser descoberto quando o sujeito para de se orientar pela realidade. Quem perde a referência vertical descobre outra orientação. Em um plano social percebe-se que, sem o constrangimento da ordem paterna, a liberdade não fica ilimitada. Nesse sentido, a liberdade é o limite da própria liberdade.

Entendemos com Forbes que o sujeito denuncia a falha do Outro como única fonte de constituição subjetiva, mas ao mesmo tempo aponta para novas tentativas de busca de orientação a partir do Real, daquilo que é ainda impossível de simbolizar. É nessa tentativa de mudança de posição subjetiva em relação ao Outro, enfrentando o que há de incompreensível e não simbolizável nesse encontro, que o sujeito se movimenta, tentando sair da fixidez de um lugar constitutivo. Nessa perspectiva, nossa hipótese é que “estar em Rede” seria uma nova bússola, uma nova orientação, uma nova tentativa de articulação com o objeto a (semblante). Vamos tomar o Twitter, uma ferramenta social, como exemplo para tentar discutir essa possibilidade.


3. Twitter: o Sujeito assumindo diferentes posições?

O Twitter foi fundado em março de 2006 com um conceito muito simples: para participar, os usuários deveriam responder apenas a uma pergunta: “O que você está fazendo?” - em espaço de, no máximo, 140 caracteres. Twitter em inglês tem dois significados: “uma pequena explosão de informações inconsequentes” e “pios de pássaros”. Essas ideias que dão nome ao projeto sustentavam os objetivos centrais da ferramenta1.

Além disso, os usuários podem escolher seus nomes, ou melhor, arrobas (exemplo: @aline @psicanalise) e podem também seguir pessoas para ter acesso ao que eles escrevem. De maneira simples, o número de usuários no Twitter cresceu a cada dia que passava, em todo mundo.

Posteriormente, com a criação das hashtags2, a influência mundial do Twitter se tornou mais perceptível. O uso das hashtags aumentou e ganhou força entre os usuários da Rede, e começou a ser importante em relação aos grandes movimentos sociais mundiais. Antes mesmo desses movimentos se tornarem noticias nos jornais televisivos, já estavam nas primeiras páginas dos usuários do Twitter. Foi assim com hashtags famosas como: #iranelection, #obama, #swineflu, #forasarney e #calabocagalvao3.

Quanto aos usuários, são pessoas de diversas idades que se utilizam da rede para escrever sobre as mais variadas questões, desde o que estão fazendo naquele momento, até discussões políticas, reclamações e questionamentos sociais ou ainda a descrição de seus sentimentos, afetos e problemas. Quando escrevem, não necessariamente escrevem para um destinatário conhecido. Podem escrever para elas mesmas, podem escrever para alguém e podem escrever para ninguém. De vez em quando recebem respostas de seus seguidores, outras vezes são retuitadas4 e outras vezes não há resposta alguma.

Mas o que pretendemos nos aprofundar aqui para discutir a questão do sujeito em Rede versa sobre as hashtags. Escolhemos essa faceta do Twitter para discutir tais questões porque é a partir dela que acompanhamos grandes movimentos sociais e políticos e as diversas maneiras em que os sujeitos se posicionam.

3.1 - Twitter no Egito: #egypt

Assistimos à Revolução no Egito no começo deste ano, que ficou também conhecida como “Dias de Fúria”. Esse evento, que já entrou para a história mundial, pretendia inspirar os moradores do Egito a lutar contra o desemprego, a inflação e a corrupção, bem como a falta de liberdade de expressão da população5.

Com uma série de manifestações e protestos pelas ruas, a movimentação teve grande participação de moradores locais e de usuários da internet por todo mundo. Após milhares de pessoas saírem as ruas para protestar contra o governo, a internet foi bloqueada, especialmente o Twitter. Em apenas um dia, a hashtag #egypt havia sido utilizada mais de 51 mil vezes na Rede. O bloqueio aconteceu principalmente porque o Twitter havia se tornado um dos principais canais de troca de informação entre os egípcios com o restante do mundo. Antes mesmo de fatos se tornarem notícia dos grandes jornais, usuários do Twitter pelo mundo conseguiam saber noticias instantâneas transmitidas por egípcios que utilizavam o Twitter. Além disso, os egípcios se comunicavam, via Rede para marcar encontros e manifestações6.

Mesmo após o bloqueio, as pessoas procuraram maneiras de continuar enviando mensagens com notícias sobre os protestos, e outros usuários em outros lugares do mundo procuravam maneiras de ajudar nessa comunicação. No calor do momento, o Twitter rapidamente criou uma ferramenta que permitia o envio de mensagens de voz que podiam ser ouvidas em qualquer lugar do mundo. Assim os egípcios podiam telefonar e enviar tweets de voz7.

3.2 - Twitter na Wall Street: #wallstreet

No dia 17 de setembro de 2011, teve inicio o movimento intitulado “Occupy Wall Street”- Ocupe Wall Street, que pretende protestar contra a influência empresarial da sociedade e do governo dos Estados Unidos, contra a impunidade dos beneficiários da crise financeira mundial. Inspirados pela Revolução Egípcia descrita, alguns protestos chegaram a mobilizar de cinco a dez mil pessoas8.

O movimento, que ainda está acontecendo enquanto escrevemos esse artigo, se mantém com a participação de muitos americanos que se organizam em protestos e ocupação constante na Wall Street. Outras pessoas se organizam em assembleias, reuniões estratégicas e discussões em que todos podem falar, dar ideias e as decisões são tomadas coletivamente. O movimento se espalhou por todo mundo, e protestos semelhantes estão acontecendo inclusive aqui no Brasil, em cidades como São Paulo e Salvador.

Assim como aconteceu na Revolução do Egito, o movimento de ocupação em Wall Street já era muito anunciado e divulgado nas redes sociais e no Twitter antes mesmo de ganhar as páginas e chamadas nos grandes jornais mundiais. Com hashtags como #occupywallstreet e #ocupasampa, manifestantes se organizam, marcam reuniões e protestos e informam ao mundo os acontecimentos de forma quase que instantânea. Com ajuda não apenas de tweets escritos, mas também com fotos e vídeos, tentam denunciar inclusive a tentativa do governo de diminuir a repercussão do evento pelo mundo. O movimento, que ainda está acontecendo, conseguiu reunir mais de trezentos mil dólares doados por usuários da internet de todo mundo para que possam prosseguir em protesto, ocupando as ruas e anunciando suas mensagens.

3.3 - Twitter na doação de Sangue: #Vaidoa

No dia 13 de agosto de 2011, Carol Rocha, mais conhecida na internet e no twitter como @tchulimtchulim, atravessou a rua correndo, passando por entre os carros, e foi atropelada por um ônibus que circulava na faixa especial.  Após passar por muitas cirurgias e perder muito sangue, ainda na UTI do hospital, reapareceu na internet para compartilhar suas dificuldades pessoais. Foi assim que, sem grandes intenções, organizou o movimento que ficou conhecido como Vai, Doa #vaidoa. No movimento, que começou apenas como um pedido de reposição de bolsas de sangue, ela pedia para que usuários da internet, conhecidos ou apenas seguidores do Twitter, a doação de sangue nos bancos de hospitais do todo o Brasil. Diversos usuários, em todo o país, começaram as doações, e tiravam uma foto para marcar o momento. Essas fotos e mais os tweets dos doadores deram força ao que se tornou um movimento com site próprio9 e virou noticia pelo Ministério da Saúde, pelo número significativo de pessoas que se dispuseram a doar movidas pelo pedido de ajuda da Carol10.

Considerações finais: restos, rastros, fragmentos... sujeitos assumindo novas posições

Após esse sobrevoo sobre o lugar do sujeito na contemporaneidade, tomamos a internet (via Twitter) como articulador importante para pensar a sociedade atual. A Rede introduziu e permitiu novas formas de se relacionar, de sentir e de sofrer. E é também a partir desse campo que o sujeito tenta se constituir e encontrar novas bússolas. Muitas vezes, nesta travessia, reencontra vazios os suportes de sua sustentação. Ao invés de adquirir consistência, na busca de si, se confronta de tempos em tempos com uma angústia perturbadora ou com uma inquietante estranheza. Mas isso tudo não o fixa, necessariamente, em um lugar subjetivo na relação com o Outro, pelo contrário, pode ser movimento de enlaçamento.

Na busca de informações sobre o sujeito em rede, nos deparamos com o que chamamos de ausência de memória da Twitter. A ferramenta não “guarda” tweets antigos (no máximo de três meses), portanto só conseguimos encontrar os restos e rastros do que haviam sido os movimentos descritos nos itens anteriores. Ferramenta criada para desaparecer, cujos restos podem nos indicar os caminhos do sujeito. Conforme apontamos no começo desse artigo, nos rastros e fragmentos, encontramos os restos do sujeito no encontro com o Outro. Isso que aparece como irrepresentável, que faz efeito de semblante do objeto a nos indica que a implicação subjetiva pode acontecer no campo em questão. As revoluções eram “reais”, ainda que acontecendo em um campo que chamamos de “virtual”. Esse campo que chamamos de Rede pôde ser apenas o cenário para os sujeitos, que causam e são causados pelos laços que estabelecem e se permitem a criação de atos simbólicos que são significativos, genuínos, que rompem com os papéis e lugares pré-estabelecidos. É como se a rede fosse nada mais do que um espaço para possíveis atos de implicação subjetiva, atos de enlaçamento dos quais só sabemos dos restos. Os efeitos foram significativos nos sujeitos, cada um em sua singularidade.

Descrevemos esses movimentos para discutir a existência de uma nova forma de laço social, que está sendo construída na atualidade. Quando Nicolaci da Costa (2005), a respeito de uma nova constituição psíquica na contemporaneidade, descreve um sujeito moderno, ela nos apresenta um sujeito que:


“Está disposto a experimentar novas formas de ser; [...] um sujeito que, por meio de sua escrita e não de seu corpo, habita vários espaços [...] e ganha acesso a diferentes realidades; [...] um sujeito que pode construir diferentes narrativas [...] a respeito de si mesmo; [...] um sujeito que se submete a um constante processo de definição e redefinição das fronteiras entre as esferas do público e do privado; [...] um sujeito que está tendo dificuldades para encontrar novas fórmulas com que se proteger dos excessos gerados por sua constante mobilidade e exposição à diversidade; [...] um sujeito cada vez mais singular” (Nicolaci da Costa, 2005, p. 81,82).













Apesar da descrição acima não se tratar diretamente do sujeito em psicanálise, podemos encontra-lo nessas descrições. Como afirmamos ao longo do trabalho, com Cabas (2009), o sujeito não é novo. Sua forma de se constituir ainda é a partir da linguagem e também da alíngua. Mas, com a mudança no campo em que está inserido, a tensão dessa relação produz novas formas de laço social, novos sintomas que contam de um sujeito que tenta sair da fixidez de um lugar para a mobilidade de posições em relação ao Outro. O que não acontece sem mal estar, já que algo não simbolizável sempre existirá nessa relação.

É um sujeito que denuncia a falha do Outro como referência absoluta a partir de movimentos que são articulados com a participação de vários Um, enlaçados. Sujeito que tenta, cada vez mais, sustentar algo de sua singularidade, ainda que não saiba muito bem de que forma possa realizar esse desejo. Do mesmo modo, é um sujeito que ainda sofre e se angustia com o engodo da completude, e que por vezes se torna refém de uma Rede e de laços que prometem um gozo absoluto. Mas, como na fita de Moebius, em que essas situações se colocam em tensão constante na relação entre sujeito e Outro, sujeito e objeto a, quando o sujeito se depara com o fracasso dos semblantes de objeto, acontece uma movimentação que é constitutiva e que permite ao sujeito o encontro com outros lugares, outras posições subjetivas e outras formas de estabelecer laço.

Na relação entre o mundo virtual e o real, parece que o sentimento de pertencer torna-se mais forte que o sentimento de ser. E podemos entender que o ser se apoia no pertencer. Notamos que são os grupos e os pares que proporcionam um suporte subjetivo, um contorno que circunscreve a experiência pulsional do sujeito, tendo em vista a ausência de estabilidade que os meios tradicionais asseguravam. Movimento interessante de ser notado em tempos de narcisismo acentuado, parece que a fragilidade da própria condição do individual se acentua dando lugar ao estar em grupo, em que o sujeito busca ser ao mesmo tempo em que busca pertencer em uma rede de conexões com lugares em construção constante.

A falta de um referencial simbólico constitutivo do sujeito enquanto suporte de sua divisão fundante, o faz buscar maneiras diversas para se fazer representar dentro de uma cadeia de sentidos. Se a Rede pode proporcionar uma sustentação, um campo, são as relações a os atos simbólicos de enlaçamento que apontam para uma nova forma de orientação , uma possível  bússola do sujeito. Posto que  ali encontramos vários Um que, em movimento constante, assumem o lugar de referência, de leis e da falta que emerge do semblante desse lugar. Essas maneiras de tentar se articular, criam tamponamentos e semblante dentro uma mesma lógica: buscar recobrir o real que (re)surge e avassala.

Não podemos perder de vista, no entanto, o que Cabas (2009) alertou ao dizer que todas essas novas ferramentas contemporâneas vendem o ideal e a promessa de suprir o fantasma, ou seja, oferecem-se como a possibilidade de encontro com o objeto a. E essa relação de encontro com algo da ordem do real, Cabas (2009, p.234) descreve como um movimento que “é capaz de submergir o sujeito na pura dimensão do gozo e a supressão do laço social com a correlata substituição na presença do Outro por uma imagem virtual”.

Se por um lado temos essa oferta insistente da satisfação fantasmática, no seu avesso (re)aparece o real, a impossibilidade desse encontro com o objeto e o abismo que aponta para um desejo do impossível. A partir dos dados apresentados com o Twitter, com as hashtags, consideramos que o Twitter pode servir de semblante para o sujeito, colocando-o em movimento de encontro com seu desejo. Mas pudemos também (re)afirmar o efeito de semblante, a questão do sujeito cindido e dos problemas que ele sempre encontrará no encontro com o Outro: afinal, “nada feito quanto à hipótese de um novo sujeito” (Cabas, 2009, p. 237), porque ele continua sendo o sujeito cindido, cisão essa que é fundante de sua estrutura que se articula em uma lógica de desejo e gozo. Portanto se trata de um sujeito que estará sempre as voltas com o Real de sua existência e nas formas de estabelecer laço.

Se pensarmos, com Lacan, que o sintoma é a expressão de uma realização de desejo e a realização de um fantasma inconsciente, então o sintoma é aquilo que as pessoas têm de mais real. A questão se coloca quando a angustia daquilo que não é sempre recoberto retorna, o resto que sempre retorna, que sempre será irrepresentável. Porém, não ficamos desbussolados por muito tempo. O que podemos aprender com o Twitter e com os movimentos sociais é que logo nos arranjamos com outra ordem, outra orientação. Que tanto quanto a anterior, não é absoluta, é sempre parcial. Mas é importante o movimento do sujeito, não fixo, posicionando em função de seu desejo e não como refém de aparelhamento do mais-de-gozar.


Notas

  1. http://www.tecmundo.com.br/3667-a-historia-do-twitter.htm

  2. Hashtags são palavras ou conjunto de palavras que dão referência a um assunto específico. Assim, quando um número maior de usuários decide conversar sobre um mesmo assunto, para que todos saibam do que se trata, ao final de um tweet, utiliza, a mesma hashtag.

  3. http://www.pitacosmodernos.com.br/2011/03/as-hastags-mais-populares-da-historia.html

  4. Retuitar: O retweet é uma função do Twitter que consiste em replicar uma determinada mensagem de um usuário para a lista de seguidores, dando crédito a seu autor original

  5. http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolução_Egipcia_de_2011

  6. http://www.metagov.com.br/blog/item/444-twitter-é-bloqueado-no-egito-após-manifestações

  7. http://wp.clicrbs.com.br/admiravelmundovirtual/2011/02/12/protestos-no-egito-renuncia-de-mubarak-e-o-papel-da-internet-e-das-redes-sociais/

  8. http://pt.wikipedia.org/wiki/Occupy_Wall_Street

  9. http://vaidoa.tumblr.com

  10. http://www.blogdasaude.com.br/saude-social/2011/08/24/vaidoa/


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Resumos


Subject and social bond within the contemporary world: One in web


Nowadays the subject lives under the internet functioning logic with its social networks – social online communities – in which communication is immediate and allows people all over the world to get connected. Most of people from all over the world are online. This new way of communicating brings a broad discussion about the construction of social bond in the contemporary world. Having this reality in mind, we pose the question: within a field full of representations (Another, treasure of the significant), how does the subject articulate and construct his or her social bond in the present time? In this paper we describe the field we are inserted in and the subject we refer to in psychoanalysis, considering the hypotheses that “being connected” would be a new compass, a new orientation, a new tentative of articulation with object a (semblant). Having the Twitter (a social network) as our example we try to discuss this new possibility.

Keywords: Psychoanalysis, subject, internet, Twitter, social bond.


Sujet et lien social dans la contemporanéité: Un en réseau


Actuellement, le sujet vit sous la logique de fonctionnement de l'Internet avec leurs réseaux sociaux, où la communication est immédiate et permet une connexion de personnes dans le monde entier. La plupart des gens du monde entier est en ligne. Cette nouvelle forme de communication prolonge la discussion sur la construction du lien social dans la contemporainéité. Donc, nous demandons: dans un champ plein de représentations (Autre, trésor des signifiants) que le sujet articule et fait lien social au présent? Dans cet article, nous avons circonscrit le champ dans lequel nous sommes insérés et à qui sujet nous nos référons dans la psychanalyse, avec l'hypothèse de que "d'être en réseau" serait une nouvelle boussole, une nouvelle direction, une nouvelle tentative pour établir un lien avec l'objet a(semblant). Nous prenons le Twitter (un outil social) comme un exemple pour essayer de discuter de cette possibilité.

Mots-clés:
Psychanalyse, sujet, internet, Twitter, lien social.


Citacão/Citation:
SIERO, A.A.; PARAVIDINI, J.L.L.; NEVES, A.S. Sujeito e laço social na contemporaneidade: Um em rede. Revista aSEPHallus, Rio de Janeiro, vol. VI, n. 12, mai. a out. 2011. Disponível em www.isepol.com/asephallus
Editor do artigo: Tania Coelho dos Santos.
Recebido/Received: 21/01/2011 / 01/21/2011.
Aceito/Accepted: 24/03/2011 / 03/24/2011.
Copyright: © 2011 Associação Núcleo Sephora de Pesquisa sobre o moderno e o contemporâneo. Este é um artigo de livre acesso, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o autor e a fonte sejam citados/This is an open-access article, which permites unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the author and source are credited.