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Os atos do sujeito e a certeza: algumas considerações sobre a clínica
psicanalítica na urgência

 

Roberto Calazans
Doutor em Teoria Psicanalítica / UFRJ (Rio de Janeiro, RJ, Brasil)
Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São João Del Rei (MG, Brasil)
Bolsista de Produtividade em Pesquisa Nível 2 do CNPq.
e-mail: roberto.calazans@gmail.com

 

Juliana Marçal
Psicóloga / UEMG (Campus da FUNEDI)
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São João Del Rei (MG, Brasil)
Professora do Curso de Graduação em Psicologia da Faculdade Pitágoras / Divinópolis (MG, Brasil)
e-mail: julianajmarcal@gmail.com

Resumo

O artigo pretende correlacionar a questão da certeza com a clínica da urgência subjetiva. Valemo-nos dos esquemas sobre alienação e separação elaborados por Lacan em seu seminário sobre o Ato Analítico. Este percurso nos orienta quanto à importância do objeto a como organizador da clínica, uma vez que é diante da presença deste objeto que o sujeito responde através dos atos, resposta que revela a obtenção de uma falsa certeza por meio da alienação. Através do ato analítico o que se tem é a possibilidade da extração de uma certeza por meio do trabalho de transferência, a ser manejada de acordo com a temporalidade inerente a cada ato. A consideração de tais aspectos favorecerá a elaboração de estratégias de abordagem que levem em conta tanto a estrutura subjetiva quanto a apresentação do sujeito a partir dos atos, como poderá ser verificado na exposição de um fragmento de caso clínico.

Palavras–chave: psicanálise, certeza, clínica da urgência, ato psicanalítico.

 

Introdução

Como podemos pensar, a partir da teoria psicanalítica, a maneira pela qual um sujeito pode extrair uma certeza? E como podemos pensar a extração dessa certeza em casos como os de urgência subjetiva? Acreditamos que podemos delimitar essas questões tomando como parâmetro as elaborações de Jacques Lacan sobre a angústia, a passagem ao ato e o acting-out em torno dos esquemas desenvolvidos por ele em seus seminários sobre a Lógica do fantasma (1966-67) e o Ato analítico (1967-68) e a extensão de suas conclusões para a clínica da urgência subjetiva através da exposição de um fragmento de um caso clínico.


Os esquemas de Lacan


Para Lacan (1962-63), a angústia é um afeto que tem objeto. É a presença deste objeto sem mediação simbólica ou imaginária que faz com que emirja a angústia. O fantasma, por sua vez, seria o modo privilegiado de fazer esta mediação entre o sujeito e este objeto. No fantasma temos uma mediação pelo imaginário (◊) entre o sujeito ($), efeito simbólico do significante, e o objeto (a) que aponta para aquilo que não é da ordem do assimilável do significante e chamado de objeto a por Lacan: $ ◊ a. O fantasma é um modo de contornar, por esta razão, uma falta constitutiva. Como diz Marie-Hélene Briole: “uma falta constitutiva do sujeito que mostra os limites da imagem especular e abre para a dimensão do fantasma como janela aberta sobre o mundo” (Briole, 1993, p. 62).

O fantasma é precisamente um modo de articular os três registros – simbólico, imaginário e real - no tratamento do objeto da angústia. É justamente quando o fantasma é abalado que temos as respostas nos modos de tratamento do objeto que são descritas no esquema da angústia. Se considerarmos que o sintoma é a resposta do sujeito frente ao vacilo do fantasma, podemos estender este entendimento para as outras modalidades de resposta, como os acting-outs e passagens ao ato. Como diz Álvarez:

“No acting-out prevalece a sensação de estar ameaçado por objeto incontrolável, contra o qual o sujeito, literalmente, clama ajuda. Por sua vez na passagem ao ato, a divisão do sujeito está consumada e este intenta encontrar uma solução mediante uma identificação total com o objeto” (Álvarez, 2004, p. 275).






Levando isto em consideração, podemos trazer alguns desenvolvimentos em torno dos esquemas elaborados por Lacan no seminário sobre o Ato analítico. Este esquema nos interessa por demonstrar a distinção entre o acting-out e a passagem ao ato como respostas distintas que demandam uma temporalidade distinta. Isto não é sem importância para o tratamento dos atos do sujeito na clínica da urgência, uma vez que nos possibilitará traçar estratégias de abordagens levando-se em consideração a estrutura subjetiva e a apresentação do sujeito com relação ao ato.

O esquema proposto por Lacan é:



(Lacan, 1968, aula de 28/01/68)

A partir desse esquema e da leitura dos seminários 1,2,3, 4 - de 1985 - e Donc, de 1994, ambos de Jacques-Alain Miller, Graciela Brodsky propõe uma série de esquemas para pensar a relação entre o ser e o pensamento e a distinção entre alienação e separação. O primeiro esquema apresentado por Brodsky é:



(Brodsky, 2004, p. 64)

Este esquema se apoia nas lições de Lacan sobre o cogito cartesiano. Estas elaborações sobre o cogito estão na ordem sobre como o sujeito pode obter uma certeza, uma vez que, como efeito significante, ele permanece na dúvida. Em psicanálise, o sujeito não obtém uma certeza ao estilo cartesiano no limite de sua dúvida metódica: duvidar de tudo, menos de que pensa; e como para pensar é preciso ser, o sujeito cartesiano pode concluir: penso, logo sou. O sujeito, em psicanálise, por sua vez, é um vazio entre dois significantes. Este modo de encarar o sujeito – como o que é representado por um significante para outro significante – pode levar a uma dúvida infinita e não a uma conclusão sobre o ser, como bem vemos nos casos de procrastinação obsessiva. A infinitização da dúvida só é estancada pela presença do objeto que detém o desenrolar metonímico do significante. Como diz Lacan, a angústia, devido a seu objeto, é o que está fora da dúvida. Deste modo, para Lacan, um conclusão só extraída pela via do objeto, e não pela via de uma conclusão lógica do pensamento do sujeito. É por esta via que, como diz Lacan, a certeza é extraída por um ato. “Agir é arrancar da angústia a própria certeza” (Lacan, 1962-63, p. 88).

Vemos então neste esquema de Lacan que a questão da certeza passa necessariamente pela via do objeto e dos atos, e que ele a trata com os mesmos conjuntos utilizados para tratar da questão da alienação no Seminário 11 (Lacan, 1964): o ser e o sentido (ou pensamento). No entanto, nas elaborações dos Seminários 14 (1966-67) e 15 (1967-68), a alienação não pode ser tomada como uma escolha forçada do sentido e sim como, diz Brodsky, como uma escolha preferencial pelo Ser. Por que esta mudança em relação ao Seminário 11? No Seminário 11,Lacan estava às voltas com a questão da constituição do sujeito como vazio. Aí, temos uma escolha forçada, uma vez que se o sujeito escolhe o Ser, ele perde os dois. É o que ilustra a escolha entre a bolsa e a vida. Se o sujeito escolhe a vida - o sentido - perde a bolsa e vai tentar recuperá-la vida a fora no campo do sentido; se escolhe a bolsa, perde a vida - e, consequentemente, a bolsa.

Esta passagem é esclarecedora uma vez que permite ver a importância do objeto a para a organização da clínica. Afinal, a constituição do sujeito se dá a partir não somente da operação da alienação, mas correlacionada à outra: a separação. Nestas duas operações está em jogo a possibilidade de o sujeito estabelecer um laço com o Outro. Lacan chama esta relação com o Outro de discurso. Para Lacan, na separação temos a separação entre sujeito e objeto, sendo que o sujeito sai da posição de objeto de desejo do Outro e o objeto é situado como perdido no campo do Outro. Somente assim o sujeito pode marcar este vazio com significantes e endereçar-se ao Outro, fazendo o desejo passar pela demanda.

No entanto, no caso dos Seminários 14 e 15, não é a constituição do sujeito como vazio que está em jogo, mas a elaboração da certeza. Neste caso, vemos que a dimensão do objeto e dos atos passa para o primeiro plano, deixando a constituição do sujeito em um plano secundário. Deste modo, passemos à análise do desdobramento do esquema de Lacan por Brodsky1:



(Brodsky, 2004, p. 69)

Lacan diz que a posição inicial do sujeito é de não-ser e de não pensar. Posição mítica que já encontramos no grafo do desejo (Lacan, 1958), mas que podemos ler também de outro modo: a posição inicial do sujeito é a de objeto do desejo do Outro, submetido inteiramente a uma posição em que não temos nem uma resposta do sujeito, nem uma separação do objeto. Não-ser significa sem extração do objeto; não-pensar significa sem sujeito subordinado ao significante. Chamamos esta posição de mítica uma vez que alguém que não esteja no campo do significante só pode ser pensado miticamente. Deste modo, Lacan irá dizer que a posição fundamental de um sujeito seja a de coincidência entre o ser e o pensar tal como em Descartes, mas a posição de que não há interseção entre os dois.

Desta posição inicial, Brodsky lembra que Lacan diz que há uma escolha preferencial. No resumo que faz do seminário sobre a lógica do fantasma Lacan fala de escolha forçada. No entanto, ficamos com a interpretação de Brodsky por nos parecer mais acertada, uma vez que nada impediria o sujeito escolher o sentido, tal como ele o articula no Seminário 11. Esta escolha preferencial Lacan chama de alienação, na qual o sujeito ao escolher o Ser, opta por não pensar. Ora, não pensar é uma maneira de não estar na dúvida. Mas, será que aí podemos dizer que temos uma certeza? Cremos que não. Afinal, a certeza a qual Lacan busca é a certeza do momento de concluir uma análise em que estamos às voltas com o ato analítico. Não cremos que seja esta certeza que estamos às voltas na alienação. É uma falsa certeza, como diz Brodsky, pois aliena o sujeito por não implicar aí o pensar (Brodsky, 2004).

Na sequência deste esquema encontramos no outro vetor não a alienação, mas a verdade:



(Brodsky, 2004, p. 71)

Ora, ao final deste eixo, o que encontramos? Não mais a posição do ser que não pensa, do pensamento que impede que o sujeito diga o que é. Se no primeiro eixo chegamos a um sou onde não penso, no segundo eixo, o da verdade, chegamos a um penso onde não sou. Que podemos chamar também pelo nome freudiano de inconsciente! Ora, o inconsciente, já desde a “Interpretação dos sonhos”, é situado como um pensamento. Um pensamento que se abre a partir do convite da associação livre e que ocorre no dispositivo analítico. Vemos então porque a escolha pela alienação é preferencial: pensar leva a um vazio de sujeito e a se haver com o que chamamos mais acima de vazio constitutivo. Chegar a esta posição demanda um trabalho. Trabalho de transferência que faz com que o sujeito note que aquilo do qual se queixa quando busca uma análise lhe diz respeito, em que suas certezas são abaladas. É por esta razão que Lacan situa a transferência como o vetor que vai do ser que não pensa ao pensar que não é:



(Brodsky, 2004, p. 71)


Ora, o que tudo isto tem a ver com o tema dos atos do sujeito? Brodsky (2004) situa, a partir de Lacan, a passagem ao ato como conclusão da alienação – que resultaria em um falso ser – e o acting-out como a conclusão da verdade.



(Brodsky, 2004, p. 74)


E Brodsky comenta isso em uma longa nota:

“Situar aí o acting-out torna possível um enorme ganho em comparação ao lugar que tem em O Seminário, livro 10, porque está essencialmente ligado ao inconsciente, como algo que diz de uma verdade, que pode ser interpretado e que não tem nada a ver com um ‘não penso’. Trata-se, ao contrário, de um fenômeno cem por cento significante, situado em relação à transferência selvagem, ou seja, transferência sem análise. Ao situar assim o acting-out, a clínica do ato abre como perspectiva o acting-out interpretável. A passagem ao ato, por sua vez, é situada na opção ‘sou e não penso’, isto é, no rechaço absoluto do inconsciente, no não querer saber dele. Vê-se assim a tensão em que Lacan insere a dialética entre acting-out e passagem ao ato: o acting-out como fenômeno vinculado à dialética do inconsciente, dirigido ao Outro, decifrável e interpretável, vinculado à verdade, e a passagem ao ato como rechaço do inconsciente” (Brodsky, 2004, p. 74).















Desta passagem podemos extrair algumas consequências. A primeira é que situa a distinção entre passagem ao ato e acting-out tendo como pano de fundo a direção do tratamento: endereçamento ou não ao Outro? O que abre para a segunda questão: o que fazer? Para poder considerar estas questões, acreditamos que a referência à questão do tempo é essencial.


O tempo lógico

Extrair a certeza não é uma consequência dos atos do sujeito – acting-out e passagem ao ato – e sim uma função do ato analítico.

O ato analítico, por sua vez, pode ser pensado em função da certeza levando em conta a dimensão temporal da análise. Tomaremos em consideração aqui a dimensão da estrutura temporal do inconsciente e não a experiência temporal do sujeito. A razão disso é que não iremos, aqui, entrar no detalhe da questão psicopatológica da temporalidade em cada estrutura clínica – a procrastinação obsessiva; a recusa da temporalidade da melancolia, etc. – mas nos reportaremos às possibilidades de ordenar o tempo em relação aos atos em sua relação com o tratamento destes casos.

Podemos extrair da leitura do texto de Lacan sobre o tempo lógico que a certeza antecipada é uma certeza que não se assegura de uma marca significante ou imaginária (Lacan, 1946). É o ato analítico, extraído da angústia, que funda a certeza. Por esta razão, o ato analítico pode ser considerado uma ruptura com os equívocos significantes do simbólico e com as miragens do imaginário. No entanto, como o próprio Lacan diz, esse movimento de uma análise é precedido por duas outras dimensões temporais: a do instante de ver e a do tempo para compreender.

O instante de ver, de acordo com Lacan, é um tempo de fulguração igual a zero. Zero, uma vez que é nele que algo se funda como marcas para o sujeito. “Essa modulação introduz a forma que no segundo momento, cristaliza-se a hipótese autêntica por visar à incógnita do problema: o atributo ignorado pelo próprio sujeito” (Lacan, 1946, p. 204). Aqui começamos com a questão das leituras retroativas: que atributo seria esse, ignorado pelo próprio sujeito e que se torna uma incógnita? Segundo Lacan (1967-68), todo ato se dá a partir de uma inscrição em algum lugar, o que ele denomina como correlato significante do ato. É o traço unário, marca da alienação do sujeito ao significante do Outro, um significante que nada significa que abre o caminho de possibilidade para o advento do tempo seguinte, o tempo de compreender.

O tempo de compreender, por sua vez, como diz Lacan em “Variantes da cura-tipo” (Lacan, 1955, p. 330), é o tempo que o sujeito imiscui na transferência. Em seu endereçamento ao Outro como ato simbólico por excelência, a transferência demanda um tempo em que o sujeito busca tratar do enigma do sintoma sustentado pelo desejo. É o tempo da articulação da cadeia de significante. É a partir disso que podemos, retroativamente, entender por que Lacan em 1946 define o sujeito do tempo de compreender como indefinido: ao se abrir a série decorrente da associação livre, o sujeito não está nem no significante mestre (S1), nem no significante do saber (S2); o sujeito aí é um vazio entre dois significantes.

Esta função simbólica da estrutura da transferência coloca a questão do ato do analista: será ele uma função simbólica como a interpretação, ou uma função de corte, de ruptura com certos determinantes simbólicos? Para começar, é preciso dizer que um ato analítico só se realiza sob um fundo de repetições simbólicas. Há uma função do tempo inerente ao ato, que nos cabe precisar qual é, pois partindo do ato analítico, podemos pensar a dimensão do tempo nos atos do sujeito.


Os atos do sujeito e o momento de concluir


A contraposição temporal entre transferência e ato analítico é da mesma ordem da distinção estrutural entre o simbólico e o real. Deste modo, o tempo próprio do ato analítico é o que Lacan, em 1946, chamou de momento de concluir. Sua espessura temporal não é a mesma do tempo de compreender que se alonga, e sim o da precipitação numa certeza antecipada extraída do real. Relendo retroativamente vemos porque Lacan diz que aqui o sujeito sai do indefinido e, pelo ato, assume uma posição pessoal: algo de singular se afirma para além dos significantes que vem do Outro, algo que faz com que surja um sujeito novo. Curiosamente o próprio texto de 1946 confirma nossa interpretação uma vez que, nele, Lacan reserva os termos atos e certeza para o momento de concluir. Se associarmos a esta questão da conclusão a questão da separação, podemos lembrar como Colette Soler as associa: Soler lembra que se podemos falar de alienação e separação como operações na constituição do sujeito, podemos também falar de separação no momento de concluir uma frase: uma separação em que não podemos mais falar de sujeito endereçando-se ao Outro justamente pela destituição deste lugar (Soler, 1997).

Ora, um ato do sujeito contém uma ponta de certeza. No entanto, não pode ser confundida com um momento de concluir uma análise. Longe disso. E ao lembrarmos dos esquemas trabalhados na seção anterior, a alienação leva a um falso ser. A conclusão da passagem ao ato é desta ordem. Deste modo, podemos dizer que nas patologias dos atos nós estamos às voltas com um curto-circuito temporal: é um momento de concluir que não gera uma certeza antecipada. A precipitação do ato do sujeito leva a hesitação que encontramos na primeira parte do sofisma: é uma decisão tomada, mas que imediatamente é suspensa por uma hesitação. No entanto, neste caso do sofisma dos três prisioneiros temos uma hesitação que abre a possibilidade do tempo da transferência no simbólico. É uma hesitação que permite à elaboração do tempo de compreender.

No caso das patologias do ato, nós temos aí uma situação estranha: ora é uma resposta real no registro do simbólico – como no caso da passagem ao ato – ora é uma resposta simbólica no registro do real – como no caso do acting-out. Assim sendo, é em outro nível que deveremos pensar esta temporalidade do sujeito.

Em primeiro lugar, podemos situar o acting-out como uma pergunta no real endereçada ao sujeito, enquanto a passagem ao ato é uma resolução, um fim de linha. Nos análises do texto de Álvarez, Sauvagnat e Estéban (2004), encontramos alguns elementos que permitem uma resposta à questão do tempo dos atos. Neste caso, podemos dizer que o acting-out é um curto-circuito no instante de ver, enquanto a passagem ao ato um curto-circuito no tempo de compreender. Vejamos pelos exemplos da Jovem Homossexual.

A Jovem Homossexual comete um acting-out quando se deixa olhar por todos em companhia da Dama de má reputação. Temos aí todas as referências lacanianas de um acting-out: o subir à cena, um endereçamento ao Outro a partir do enigma sobre a sexualidade feminina; uma identificação com o objeto na dimensão de ágalma (Lacan, 1962-63). Se dissermos que aí temos um acting-out e que este é um curto-circuito entre o momento de concluir e o instante de ver é pelas seguintes razões: o instante de ver se caracteriza pela fixação de um ponto enigmático extraído do real e transformado em simbólico; no caso do acting-out, nós temos uma extração simbólica que não se situa não no simbólico, mas no real. Deste modo, este exibir-se é um acting-out, pois A Jovem Homossexual irá buscar resolver este enigma no registro do real. É um modo de aproximar-se e, ao mesmo tempo, manter-se a uma distância do objeto da angústia. É um curto-circuito no instante de ver uma que abre o tempo de compreender no real. Daí Lacan definir o acting-out como uma transferência selvagem.

Por outro lado, ao se ver sendo vista pelo olhar do pai, precipita-se para resolver definitivamente a questão. Aí temos uma resposta real que não se dá após um tempo de compreender e uma queda do objeto que atormenta o sujeito que seria o próprio do ato analítico; nós temos uma identificação do sujeito como objeto resto e, assim, a precipitação é um modo do sujeito operar uma separação do mesmo. Ora, uma separação é uma operação simbólica; no caso aqui, esta operação é uma intrusão do real no simbólico – fazendo com que ele se esgarce. É uma maneira de precipitar o momento de concluir no desenvolvimento mesmo do tempo de compreender.

Se considerarmos ainda o caráter de resposta do sujeito frente à angústia a partir de uma proximidade insustentável como o objeto a, dando a esta resposta o caráter de tentativa de separação e de apaziguamento, podemos estender nossas formulações sobre os atos aos fenômenos que Massimo Recalcati nomeia como transclínicos: anorexia, bulimia e toxicomanias. Tais apresentações do sujeito, por serem transclínicas, podem ocorrer em qualquer estrutura subjetiva e acenam para uma falha na articulação metafórica do sintoma, trazendo o gozo do outro não mediado pelo ordenamento fálico (Recalcati, 2005). O sujeito dedica-se então a atos repetitivos, num movimento de gozo autoerótico desarticulado da dimensão do Outro sexo. Daí advém, por exemplo, a aproximação proposta por Alfredo Zenoni entre passagem ao ato e atos repetitivos, embora os segundos se situem temporalmente de forma contínua, diferente do momento de ruptura que comporta o primeiro (Zenoni, 2009).

Acreditamos que, de posse destes conceitos, podemos nos valer deles para pensar o dispositivo de urgência subjetiva.


A urgência subjetiva


Entendemos por urgência subjetiva um dispositivo de acolhimento aos sujeitos em crise, que são levados a instituições a partir de demandas variadas (familiares, vizinhos, bombeiros, policiais, guardas municipais, etc.) com o pedido de acolhimento emergencial do sofrimento psíquico (Calazans e Bastos, 2008). O dispositivo consiste, inicialmente, em acolher a criança, adolescente ou adulto e extrair, através de uma escuta diferenciada, aquilo que permaneceu em estado de intenso embaraço ou esmagamento do sujeito ou, em alguns casos, o que foi transformado em puro ato com a subtração da palavra. Essa quebra do discurso revela o que é insuportável e sem mediação para o sujeito, levando-o algumas vezes à passagem ao ato, o que coloca em risco sua existência e a dos outros. Esse dispositivo sustenta a aposta no compromisso do sujeito com o seu padecimento, isto é, a aposta de que a palavra do paciente produza enigmas que suscitem demanda para a continuidade do tratamento.

Por que vinculamos as urgências aos atos? Devido a um fator importante na clínica da urgência: ela é muito mais da ordem do encaminhamento do que da ordem de uma demanda. É algo que se torna traumático não somente para o sujeito, mas também para o Outro social devido ao que Miller (1997b) chama de perturbação da ordem pública. O trabalho do dispositivo é de restituir o lugar de sujeito que possa demandar um tratamento (Miller, 1997a).

Ao situarmos os atos aqui, introduzimos uma dupla questão em que a temporalidade do dispositivo é importante: tratando-se de um acting-out, o trabalho é o que Lacan chamaria de domesticar a transferência selvagem; há transferência, mas é necessário modalizar para que o sujeito faça sua demanda ao analista como suposto saber. Deste modo, não se trata de introduzir um tempo de compreender, mas de localizá-lo no registro simbólico.

Inès Sotelo descreve que o tratamento na urgência é delimitado em três tempos – urgência generalizada; urgência subjetiva; instalação da transferência (Sotelo, 2006). Valer-nos-emos desta distinção para apontar como podemos utilizá-la para pensar os atos dos sujeitos do seguinte modo:

  • O primeiro tempo é o da urgência generalizada. Na dimensão dos atos, podemos depreender esta generalização da urgência. No caso dos acting-outs a generalidade da urgência fica patente quando Lacan (1962-63) o define como transferência selvagem, sem endereçamento a um analista. É uma transferência sem análise, diz Lacan. Já na passagem ao ato, devido ao seu caráter resolutivo, a generalidade está presente pela demissão do Outro que ela acarreta, destituindo assim qualquer lugar de endereçamento.

  • O segundo tempo seria da transformação da urgência generalizada em urgência subjetiva. No caso do acting-out corresponderia ao que Lacan chamou de domesticação da transferência, em que o endereçamento deixa de ser genérico e passa a ser encaminhado a um analista; na passagem ao ato, trata-se de isolar um significante para fazer uma barreira à presença do objeto da angústia. É aqui a aposta da psicanálise se torna patente: a de que estes atos são respostas do sujeito e, como tais, devemos possibilitar ao sujeito um trabalho sobre elas. Para Inés Sotelo (2006), seria uma demonstração de uma psicanálise aplicada à terapêutica.

  • O terceiro tempo, por sua vez seria o da instalação da transferência: no caso do acting-out, fazer com que o sujeito faça seu endereçamento pela via de elaboração de um saber; no caso da passagem ao ato, favoreça a articulação significante que permita ao sujeito interrogar-se sobre o seu ato e produzir, também, uma elaboração pela via do saber. Em ambas as modalidades de atos se tratam na urgência subjetiva de um trabalho preliminar para criar condições de operar psicanaliticamente.

Deste modo, o que podemos concluir? Em primeiro lugar: o dispositivo de urgência visa à introdução de um tempo de pausa (Seldes, 2006). Ora, não é pelas pausas, escansões nas modalidades do tempo que, de acordo com Lacan, estamos habilitados a passar de uma estrutura temporal a outra? No que diz respeito aos atos, podemos dizer que estamos aí às voltas com uma questão com a constituição subjetiva: uma alienação que não conduziu a uma separação devido ao curto-circuito temporal.

Em segundo lugar: nas urgências que se definem como uma precipitação aguda, temos a dimensão dos atos em primeiro lugar; logo, na urgência modalizar o tempo é próprio do tratamento.

E em terceiro lugar: este tempo a ser introduzido é o contrário do que encontramos na direção do tratamento da psicanálise quando lida com o sintoma. Geralmente o sujeito já vem à análise preocupado com um enigma, sendo a questão primordial fazer com que deste enigma produza-se um saber. No caso do acting-out temos algo semelhante. No entanto, por ser uma resposta simbólica no real, o trabalho aqui é produzir uma escansão temporal entre o tempo de compreender e o momento de concluir. Somente assim podemos passar de uma reposta no real - transferência selvagem, como diz Lacan - para uma resposta no simbólico: transferência mediada pelo dispositivo analítico.

Já no caso da passagem ao ato, é outra estratégia: visamos aqui à fixação de um significante, ou seja, de deixar marcado para o sujeito o que, do outro, fez algo semelhante a uma marca para ele. Deste modo, é uma modalidade de tratamento que visa, acima de tudo, dar condições para que o trabalho analítico possa se efetuar posteriormente. Trabalho que só pode ser feito a contento por considerar que o sujeito nos atos não obtém uma certeza, uma vez que ora pretende desenvolver o tempo de compreender no real, ora a conclusão a qual chega o leva ao que Lacan chama de falso ser. Vejamos isso a partir de um fragmento de um caso clínico.


Caso clínico


Acreditamos que a apresentação de um fragmento de caso clínico possa favorecer a compreensão da abordagem dos atos do sujeito num hospital geral a partir da clínica da urgência subjetiva. Ernesto - 45 anos, separado, pai de três filhos - havia chegado em casa naquela madrugada próxima às festas de fim de ano após mais uma noite de “bagunça”. Apesar de adormecer rapidamente foi acordado por uma dor lancinante, mas não desconhecida. Com dificuldade, conseguiu chamar pela irmã com quem morava, sendo conduzido ao pronto atendimento onde sua permanência foi breve, dada a urgência com que necessitava de tratamento cardiológico especializado. Os primeiros exames de sangue indicavam indícios de morte de tecido cardíaco a partir da ausência de circulação sanguínea coronariana. Ernesto passava por seu terceiro infarto.

Ao chegar ao hospital onde já havia sido tratado, Ernesto foi conduzido imediatamente ao serviço de hemodinâmica para realização de cateterismo cardíaco2 seguido de angioplastia3. Durante o tempo em que era atendido pelos médicos, como psicanalista de plantão no setor de cardiologia daquele hospital, fui chamada para acolher seus familiares. Além da incerteza quanto ao sucesso do tratamento e da possibilidade de morte de Ernesto, neste momento a angústia dos familiares relacionava-se, sobretudo, à repetição que a internação evidenciava: “Ele já passou por isso, mas prefere beber cachaça ‘do que’ tomar os remédios.” Apesar de que, para estes familiares, os atos de Ernesto sejam consequência de uma escolha racional, entendemos que esta escuta tenha possibilitado à família demandar uma intervenção para além daquela efetuada pela medicina que, em outro momento, não foi suficiente para que o paciente se implicasse no seu processo de tratamento.

Após este tratamento inicial, Ernesto foi internado na Unidade Intensiva por três dias, tempo prescrito pela medicina em casos de infarto, para observação e atendimento imediato de possíveis intercorrências. Seu retorno para novo tratamento e permanência no setor não se deu sem algum mal estar por parte da equipe multiprofissional. Comentários acerca da “rebeldia” do paciente em não dar continuidade ao tratamento médico proposto após os dois primeiros infartos encerravam-se em expressões como “esse daí não tem jeito”, supondo um destino quase natural para aquele sujeito, em função de suas “escolhas”. Neste contexto, coube uma intervenção junto à equipe para que esta pudesse questionar esse saber construído a partir do real imposto pelo sujeito na urgência. A aposta de que pudesse haver um sujeito em sofrimento permitiria que a equipe também demandasse ao analista enquanto suposto saber, direcionando-lhe também uma demanda de atendimento de Ernesto.

Após o momento inicial, em que uma urgência generalizada foi manejada e situada num contexto transferencial que permitiu sua articulação a uma demanda, foi feito o primeiro contato da analista com Ernesto, já acomodado num leito da Unidade Intensiva. Seu posicionamento neste momento indica a não coincidência entre a urgência do Outro e a do sujeito: estirado no leito, Ernesto tomava seu adoecimento por uma fatalidade, “mais um infarto”, restando a ele lamentar resignadamente o fato de ter de ficar “de castigo” no hospital. Diante do retorno do significante castigo este foi tomado como norteador de uma intervenção que possibilitasse a Ernesto implicar-se minimamente em seu sofrimento, contexto no qual surge o mal-estar com a prisão de um filho como principal causador de seu sofrimento: “preocupação demais dá infarto também, né?”.

Durante a continuidade da internação, agora na enfermaria, Ernesto dedicava-se a pequenos atos contrários às recomendações médicas, tais como caminhar entre um andar e outro durante o período de repouso. A abordagem destes atos também como resposta à angústia trouxe à cena o circuito de atos cotidianos nos quais se destacava o de “beber até cair”, como saída e apaziguamento frente à proximidade de um objeto causa de angústia. Proximidade também percebida em sua dificuldade de sustentar o enlaçamento com o Outro: Ernesto não mais trabalhava, mantinha pouco ou nenhum contato com os filhos, enfrentava dificuldades de conviver com irmãos e demais familiares, inclusive com irmã e sobrinha com quem morava há alguns anos, após separar-se da segunda esposa.

Sabemos da importância diagnóstica das entrevistas preliminares no contexto de certa configuração clínica na qual o sujeito procura pelo analista. Nessas situações, o analista pode, como nos diz Miller, em caso de impasse quanto ao diagnóstico prolongar o tempo de entrevista ou até mesmo recusar a demanda no caso de um paciente pré-psicótico (Miller, 1997). Na clínica da urgência a avaliação diagnóstica adquire características próprias em função principalmente da temporalidade específica do trabalho do analista neste contexto e dos diversos atravessamentos institucionais que se fazem presentes. Ainda que a resposta de Ernesto à angústia num primeiro momento pudesse ser localizada na ordem de um impedimento em que o não-poder acenava para sua captura numa armadilha narcísica, suas associações posteriores indicavam uma variação diante do encontro com o objeto: do endereçamento dos “passeios” pelo hospital ao deixar-se cair através da bebida. Na clínica da urgência lidamos, sobretudo, com os modos de apresentação do sujeito através do ato.

O acompanhamento analítico durante os dias de sua permanência no hospital permitiu a Ernesto um movimento de subjetivação que suscitou o questionamento sobre o porquê de estar ali novamente, um primeiro passo para que ele percebesse sua cumplicidade enigmática (Viganó, 1999) nos acontecimentos que até então eram tomados como alheios a qualquer posicionamento seu. Relatava à equipe sua intenção de melhor dedicar-se ao tratamento, através da continuidade do acompanhamento analítico e cardiológico após a alta hospitalar. Este movimento era tomado pela equipe e familiares de forma cautelosa, quase incrédula, especialmente a partir da notícia de alta hospitalar nos dias que se seguiram, ocasião em que Ernesto solicita sua permanência no hospital até a passagem das festas de fim de ano. Expõe que sua família geralmente se reúne nestas festas “sempre com muita bebida”, situação da qual ele desejava se privar naquele momento.

O impasse da equipe diante do pedido e das “resoluções” de Ernesto revelava aspectos do enlaçamento da equipe num contexto transferencial que, no contexto hospitalar, é muitas vezes escamoteado. Naquele momento, mais do que colocar um ponto de escansão entre a urgência e o impulso interpretativo da equipe que previa um destino ao paciente, fazia-se necessária uma intervenção analítica que favorecesse à própria equipe implicar-se num movimento de causa, uma vez que a alta hospitalar envolvia a todos os profissionais. O manejo transferencial poderia possibilitar mudanças de posicionamento discursivo necessários com a proximidade da alta hospitalar de Ernesto: que a equipe considerasse um saber diverso ao da mestria, a ser construído a partir da abordagem do paciente em ato considerando sua singularidade, para além de qualquer previsão apriorística. E que Ernesto pudesse abrir mão das garantias provenientes do saber do Outro em função da sustentação de seu desejo. Foi então que, a partir de uma decisão em equipe, que a médica que conduzia o tratamento cardiológico de Ernesto autoriza, em ato, sua permanência no hospital, considerando uma temporalidade específica, não prevista nos protocolos médico, mas portadora de uma escansão necessária, um tempo para a transferência.

No tempo em que a internação se prolongou, Ernesto se depara novamente com a angústia, mas neste momento já consegue direcioná-la a mim pela via da fala. Entendemos que neste momento a transferência começa a ceder em seu “aspecto selvagem”.

Ernesto expõe medo de não conseguir continuar o tratamento a partir do que vivenciou no hospital: “Nas outras vezes em que fui internado não tive psicólogo nem esse cuidado que a médica tem comigo”. Não foi sem o risco inerente a todo ato que se deu a intervenção analítica posterior, que ao mesmo tempo pudesse manter uma regulação do gozo e a implicação de Ernesto na continuidade do tratamento. Buscando questionar a associação necessária entre hospitalização e tratamento, questiono a Ernesto: não seria possível se internar em casa?

Concluindo, entendemos que a busca de Ernesto pela continuidade do acompanhamento analítico na primeira semana do novo ano e sua continuidade até o presente momento indica a construção de um espaço de retificação subjetiva na ocasião de sua terceira internação, através da aposta da possibilidade de uma clínica psicanalítica na urgência. Esta viabilizou um abalo da falsa certeza obtida através de atos repetitivos localizado no curto-circuito temporal no qual Ernesto situava-se numa condição de objeto, podendo direcionar sua demanda em direção à construção de um saber de onde outra certeza poderá emergir.


Notas

1 -  = Sou onde não penso; = não sou e não penso; = penso onde não sou.

2 - Exame para diagnóstico de doenças cardiovasculares. Acessa o interior do coração através de um tubo fino e flexível, o catéter, introduzido no corpo do paciente através de uma punção arterial, feita geralmente no braço ou virilha, com anestesia local. Através do realce possibilitado pelo uso de contraste aplicado via catéter e uso do ultrassom durante o exame, o médico avalia a presença e extensão de placas de gorduras nas artérias coronárias, que podem obstruir o fluxo sanguíneo.

3 - A partir do resultado do cateterismo, a angioplastia pode ser indicada para desobstruir uma artéria do paciente. Utiliza um minúsculo balão na ponta do catéter que é insuflado dentro da artéria obstruída com placas de gordura, inserindo uma mini tela de aço chamada stent que, aberta, facilita o fluxo sanguíneo.


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Resumos


The acts of subject and certainty: some considerations on the psychoanalytic clinic in the urgency


The article intends to correlate the issue of certainty with the clinic of subjective urgency. We have used the diagrams of alienation and separation developed by Lacan in his seminar about the Psychoanalytic Act. This course guide us to the importance of the object a as an organizer of the clinic, it is due to the presence of that the subject answers through the acts, revealing a false assurance by means of alienation. Through the psychoanalytic act we have the possibility of extracting a certainty by means of transference work, to be handled in according to the temporality or each act. The consideration of such appearances will favor the development of strategies to approach that takes into account both the subjective structure and presentation of the subject since the acts, as can be seen in the exhibition of a fragment of a clinical case.

Keywords:
psychoanalysis, certainty; clinic of subjective urgency; psychoanalytic act.


Les actes du sujet et la certitude: quelques réflexions sur la clinique psychanalytique dans l'urgence


Cet article vise à corréler la certitude avec la clinique de la urgence subjective. Nous avons utilisé les formes d'aliénation et de séparation développées par Lacan dans son séminaire sur l'Acte Analytique. Ce parcours nous conduit sur l'importance de l'objet en tant qu'organisateur de la clinique, car il est dans la présence de cet objet que le sujet répondre par les actes, ce qui révèle la obtention d'une assurance fausse au moyen de l'aliénation. À travers l'acte analytique est ce qui a la possibilité d'extraire une certitude par des moyens de travail de transfert qui doivent être gérées conformément à la temporalité inhérente à tout acte. La prise en compte de ces facteurs favorisent le développement de stratégies à l'approche qui tienne compte à la fois la structure subjective et la présentation de l'objet à partir des actes, comme on peut le voir dans l'exposition d'un fragment d'un cas clinique.

Mots-clés: psychanalyse, certitude, clinique de la urgence subjective, acte psychanalytique.


Citacão/Citation:
CALAZANS, R.; MARÇAL, J. Os atos do sujeito e a certeza: algumas considerações sobre a clínica psicanalítica na urgência. Revista aSEPHallus, Rio de Janeiro, vol. VI, n. 12, mai. a out. 2011. Disponível em www.isepol.com/asephallus
Editor do artigo: Tania Coelho dos Santos.
Recebido/Received: 12/01/2011 / 01/12/2011.
Aceito/Accepted: 14/03/2011 / 03/14/2011.
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