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O Homem dos Lobos: análise de um caso paradigmático de incerteza diagnóstica.
Como o estudo do caso pode contribuir para o diagnóstico na clínica
psicanalítica da atualidade?
1

Sabrina Gomes Camargo

Psicóloga
Especialista em Teoria da Clínica Psicanalítica – UFBA / BA
Mestre em Psicanálise – Universidade Paris 8 / França
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica / UFRJ
camargosabrina@uol.com.br

Resumo

O presente artigo é fruto de minha pesquisa de doutorado no programa de Pós-praduação em teoria psicanalítica, da UFRJ, sobre o diagnóstico em psicanálise a partir da leitura do caso freudiano do Homem dos Lobos. Numa época dominada pelas ciências cognitivas e neurofarmacológicas o olhar dirigido ao padecimento mental passa a ser padronizado ao desprover o sujeito de sua singularidade. Temos o apogeu de uma clínica sem sujeito que o exime de qualquer responsabilidade e implicação sobre seu adoecimento. Neste contexto, resgato o caso de Freud sobre o Homem dos Lobos através dos diferentes trabalhos propostos pelos analistas da Escola da Causa Freudiana de Paris. Parto de uma questão inicial a respeito da importância do diagnóstico na clínica psicanalítica e o que esta ferramente diz, verdadeiramente, do sujeito para encerrar com uma proposta de leitura do caso a partir do terceiro ensino lacaniano, em fase inicial de pesquisa.

Palavras-chave: psicanálise, diagnóstico, Homem dos Lobos, Freud, Lacan, sujeito.

 

The Wolf Man: na analysis of a paradigm case of diagnosis uncertainty. How can the study of the case contribute to diagnosis in today’s psychoanalytical clinic.

The following article is a result of my p.h.d research at the graduate program in psychoanalytical theory of the Federal University of Rio de Janeiro. It examins psychoanalytical diagnosis from the study of Freud’s case of the Wolf Man. In an age ruled by cognitive and  neuro-pharmachological sciences , the outlook on mental suffering tends to be standardized by stripping te subject of its singularity. We have the era of a clinic with no subject  that exempts it of any responsibility or implication in its suffering. In this context, I bring back Freud’s case of the Wolf Man through several projects develloped  by the analysts of the School of The Freudian Cause in Paris. I’ll start with the inicial questionning about the importance of diagnosis in psychoanalytic treatment and what it truly says about the subject, and I finish with a reading proposal of the case based on the third teaching of Lacan that is still in thr process of research.

Key words: psychoanalysis, diagnosis, Wolf Man, Freud, Lacan, subject.

 

L’Homme aux Loups: l’analyse d’un cas paradigmatique d’incertitude de diagnostic. Comment l’éude de cas peut-elle donner une contribution au diagnostic dans la clinique psychanalytique actuelle?

L’article qui suit est le résultat de ma recherche doctoral dans le cadre du programme de troisième cycle en théorie psychanalytique de l’Université Fédérale de Rio de Janeiro. Il s’agit du diagnostic en psychanalyse par le biais de la lecture du cas de L’Homme aux Loups. Dans une époque dominée par les sciences cognitives et neuropharmacologiques le regard dirigé sur la souffrance mentale est standardisé par la séparation du sujet de sa singularité. Nous avons l’apogée d’une clinique sans sujet qui l’exempt de toute responsabilité ou implication par rapport a sa maladie. Dans ce contexte je reprends le cas de l’Homme aux Loups par le biais de plusieurs travaux proposés  par les analystes de l’École de La Cause Freudienne. Mon point de départ est le questionnement de l’importance du diagnostic dans la clinique psychanalytique  et ce que celle ci peut véritablement avancer a propos du sujet. L’issue de ce travail est une proposition de lecture du cas, cadrée sur le troisième enseignement de Lacan qui est encore en processus de recherche.

Mot clés: psychanalyse, diagnostic, Homme aux loups, Freud, Lacan, sujet.

 



A minha pesquisa de doutorado parte do estudo do famoso caso freudiano do Homem dos Lobos, que, quase um século após sua publicação, parece ainda provocar inquietação. Se provoca inquietação, é bem verdade, estimula o debruçar ferrenho sobre ele e não é à toa que continua objeto de estudo de diversas pesquisas e tema de conferências. Ao partir de uma questão em minha dissertação de mestrado - “O que poderia se constituir como ponto de basta para os sujeitos fragmentados socialmente” -, deparei-me com este caso, sem saber ao certo o que fazer com ele. Sabia que uma questão como essa não teria uma resposta universal, mas somente na clínica do caso a caso, na construção do caso clínico que eu poderia tentar cingí-la. Este ponto me fez levantar uma segunda questão relativa à peculiaridade do diagnóstico psicanalítico. O Homem dos Lobos coloca-se, para mim, como um caso paradigmático de incerteza diagnóstica. Sobre isso, podemos nos referir à excelente revisão bibliográfica realizada pelo psicanalista argentino Carlos Scars (2002) na qual ele sintetiza os principais estudos acerca do caso. O que é comum a todos: a discussão diagnóstica. Ouve-se falar em histeria, neurose obsessiva, paranóia, hipocondria e o que vai se interrogando em mim é: o que esta discussão diagnóstica realmente diz do Homem dos Lobos?

Um ponto que merece ser considerado é que a análise original realizada por Freud (1918 [1914]) é, por incrível que pareça, muito pouco abordada nas publicações e quando feita não condiz com a vastidão do estudo freudiano. Por outro lado, a análise dirigida por Ruth Mac Brunswick (1928, p. 268), esta sim parece ser a que verdadeiramente explica o caso e a que corresponde às expectativas da comunidade analítica, pois, enquanto a de Freud continua alvo de questionamentos, esta última parece silenciar até mesmo os pesquisadores mais afoitos. Ser enfática quanto a um diagnóstico além de dizer mais do próprio clínico e de suas conjecturas que do próprio paciente, ainda enquadra este último num rol, num denominador comum aos outros, incluindo-o num agrupamento que parece, temporariamente, ter efeitos terapêuticos sobre a angústia.

Não podemos nos esquecer da origem da formação de Freud, herdeiro da fina psiquiatria, cujo diagnóstico era parte da relação médico/paciente e como tal constituia-se como anterior à teoria. A teoria era construída simultaneamente à análise do caso e não anterior a ele. Hoje parte-se de manuais de CID 10 e DSM IV para diagnosticar como se os critérios diagnósticos fossem universais. O interesse maior é pela sistematização de doenças, pela descrição fenomenológica dos sinais e sintomas e não mais pela função deles e pelo que eles significam para um determinado paciente. É por isso que grande parte dos estudos dedicados ao Homem dos Lobos parte de uma superficialidade e não da verdadeira construção do caso clínico.

Todavia, acredito que um leitor pouco afeito à psicanálise poderia dizer que assim como a psiquiatria moderna sistematizou as doenças, também o fez a psicanálise ao diferenciar a neurose de uma psicose e de uma perversão. Não seriam elas também classificações fenomenológicas? É evidente na obra de Freud que, ao falar das estruturas clínicas, seu interesse maior não incidia sobre a descrição sintomatológica, mas sobre a função deste sintoma que, seja à maneira neurótica, psicótica ou perversa, revela um modo de gozo peculiar do paciente e a partir do qual se torna possível dizer algo sobre ele.

Dentro de um espaço de análise, o paciente pode dirigir-se a um analista que, indo além da simples nomeação do seu sintoma, possibilitará que o imprevisível da fala apareça e que algo mais-além dos fenômenos possa se manifestar. Ao ocupar este lugar, o sujeito transferirá a este analista a repetição de seus protótipos infantis, suas ambivalências pulsionais, reatualizando a realidade do inconsciente. Ao enunciar a regra fundamental ao paciente, “diga tudo o que vier a cabeça”, o analista possibilita que o sujeito fale, tropece e emerja escapando do silêncio alienante para a produção de algo, de uma articulação qualquer que adquira historicidade e sentido. O sujeito não se dissolve, não se dilui entre outros, não é apenas uma categoria clínica, nem uma simples imagem computadorizada.

Com o progresso da ciência e o avanço dos exames de imagem, procura-se detectar a nível cerebral a localização da doença e suas conseqüências para o sujeito. Compreende-se que, da histeria à paranóia, tudo pode ser visto por imagens. Mapeando o funcionamento cerebral do indivíduo e qual sua área danosa, cria-se e desenvolve-se medicamentos mais eficazes para combater sua doença. Enquanto a indústria farmacológica movimenta uma soma enorme de recursos financeiros em prol da pesquisa e vendagem de fármacos modernos que gerem o mínimo de efeitos colaterais, o sujeito mantém-se refém de uma substância que ameniza temporariamente seus sintomas, calando-o provisoriamente e transmitindo a ilusória sensação de cura. O sujeito como efeito da articulação significante não consegue se calar, e seu corpo continua emergindo de forma pontual através das manifestações do inconsciente. A dor não cessa, a tranqüilidade não volta e, por mais que os medicamentos tentem, a docilidade que promovem sobre o corpo é meramente instantânea.

Vive-se o momento da clínica da urgência, da procura desenfreada por tratamentos rápidos, por psicoterapias súbitas. Nesta torrente, as terapias cognitivas ganham força ao estabelecer limites de tempo de tratamento, promessas de melhora com garantia assegurada, técnicas para debelar qualquer mal, tal como num livro de receitas que, seguido minuciosamente passo a passo, permitiria chegar com êxito ao resultado final. Isso me faz pensar: se hoje o Homem dos Lobos procurasse tratamento, qual seria o seu diagnóstico? Quantos Homens dos Lobos não se calam ante os tratamentos da modernidade? E, atribuir-lhe um diagnóstico, teria qual finalidade?

Estes foram alguns dos questionamentos feitos ao longo do meu percurso e, neste processo de retorno a um caso clínico, compreendi que atribuir um diagnóstico ao Homem dos Lobos definitivamente não seria meu objetivo. Miller (2008-09), em seu curso de orientação lacaniana proferido em Paris, comparou o diagnóstico psicanalítico à arte descrevendo este procedimento técnico como uma “coisa de fineza”. É dentro do dispositivo analítico, de um ambiente transferencial, que o sujeito, ao dirigir-se a um Outro que imagina supor um saber sobre ele, põe-se a articular seus significantes e a produzir sentido. Nisto revela a sua posição na fantasia, a complexa e intricada rede que constitui seu romance familiar que só é possível de se manifestar se este sujeito se presta à tarefa de falar sobre o que lhe aflige. O analista, ao se abster da posição de crítico, deixa de lado seus juízos de valor e permite que a fala do paciente emerja e se articule. É somente dentro deste contexto que é possível enveredar-se na difícil tarefa de diagnosticar com o objetivo de estabelecer uma direção de tratamento. Sendo assim, somente Freud e Brunswick, poderiam arriscar-se no trabalho diagnóstico, enquanto todos os outros interessados no caso poderiam apenas criar suas conjecturas e suposições.

Analista fino e criterioso que foi, Freud conseguia apreender muito bem aquilo que seu paciente queria ou não dizer. E, no caso do Homem dos Lobos, ele trouxe um dado clínico que eu considero que muitos trabalhos que se propuseram analisar o caso deixaram de lado: a sua dissolução edipiana através de um Édipo invertido. Por outro lado, superestimaram a lembrança infantil da alucinação com o dedo cortado, para muitos, fator decisivo no que se refere à confirmação do diagnóstico. Acredito que este apreço deveu-se, em grande parte, aos estudos lacanianos que durante um bom tempo aproximaram este episódio a um fenômeno elementar decorrente da foraclusão do Nome-do-Pai. A sensação de ter seu dedo preso por um pedaço de pele após fazer cortes numa casca de nogueira foi descrito por Freud como um mecanismo denominado Verwerfung. Para ele, a castração outrora rejeitada parece ser reconhecida, neste momento. Todavia, Lacan ao aproximar esta noção de Verwerfung da ausência de afirmação simbólica, ao afirmar que o que estava em jogo era a ausência de simbolização da castração e demonstrar que este episódio trouxe à tona efeitos de catástrofe subjetiva, mutismo e ausência de temporalidade proporcionou que muitos estudos abordassem esta cena como característica de um fenômeno elementar próprio da psicose.

Vale lembrar que, as poucas vezes em que Lacan mencionou o termo psicose com relação ao Homem dos Lobos, foi ao referir-se a imposição de um limite de tempo imbuído por Freud na análise e num outro momento ao falar de uma estrutura boderline (Lacan, 1962-63, p. 85-98). Contudo, foram afirmações sem maiores desenvolvimentos e o fato é que, ao traduzir Verwerfung pelo termo foraclusão e utilizá-lo como mecanismo próprio e específico da psicose, o mesmo deixa de fazer qualquer menção ao Homem dos Lobos. Assim, ao articular a foraclusão do Nome-do-Pai com a ausência de significação fálica toda e qualquer referência ao caso freudiano desaparece.

Maleval, num pequeno artigo datado de 1982, debruçou-se sobre o estudo do Homem dos Lobos com o intuito maior de analisar este episódio da alucinação. Ele observa que o conteúdo da alucinação é totalmente integrado na história do Homem dos Lobos trazendo suas próprias associações a esta cena, como histórias de pessoas que haviam nascido com seis dedos e tivera um deles decepado ou uma lembrança infantil de um canivete presenteado pelo tio. Para Maleval há uma integridade das cadeias associativas, existe uma correlação que não se harmoniza com a cisão no psiquismo característica de um mecanismo foraclusivo. Segundo ele, quando o temor da castração é mobilizado é possível o aparecimento de alucinações neuróticas, sem, contudo, caracterizar o encontro de Um Pai, mesmo quando ressurge algo semelhante já sob análise de Brunswick com relação à idéia fixa de uma mutilação infligida sobre o nariz. Quanto a isso, Maleval também observa a presença de cadeia associativa quando, ao sonhar que estava na proa de um navio e que havia quebrado um espelho, o Homem dos Lobos confia à analista que proa em russo significava nariz, local em que começam suas perturbações. Ou seja, o elemento essencial do delírio – nariz - é metaforizado e não dissociado. E assim, o referido autor parece convicto quanto à estrutura neurótica do Homem dos Lobos.

Esta convicção não é partilhada por Aflalo (1999) que, em seu longo artigo, tenta por “a mais b” apresentar um percurso de análise que testemunhe a existência de uma psicose paranóica com traços hipocondríacos. Ela inicia o artigo pela análise freudiana e afirma que os sintomas prevalentes na infância, fóbicos e obsessivos, apresentavam atipias quanto ao estatuto do pai. O objeto da fobia era uma imagem evidenciando um fracasso na constituição do campo simbólico da realidade. A identificação estabelecida para com a mãe sobre o plano anal, segundo ela, é indicativa do não reconhecimento da castração. O conflito inconsciente entre tornar-se mulher e a recusa a abandonar a virilidade, para ela, são semelhantes ao fenômeno de empuxo-à-mulher, tal como ocorre no caso Schreber, demonstrando a dificuldade inerente ao psicótico em se inscrever na partilha dos sexos. Ao debruçar-se sobre a análise lacaniana, Aflalo focaliza-se no fenômeno clínico da alucinação do dedo cortado e nos trabalhos de Lacan a respeito do termo Verwerfung. Mesmo sabendo que com a formalização do termo foraclusão e sua associação à ausência do Nome-do-Pai Lacan deixa de referir-se ao Homem dos Lobos, Aflalo considera que é possível reconstruir indiretamente algumas suposições de que, no caso em questão, trata-se efetivamente da não simbolização da metáfora paterna. No final do artigo, ao tentar articular sua própria leitura do caso, Aflalo destaca quatro pontos principais de investigação: no primeiro, com relação à vida amorosa do Homem dos Lobos, ela salienta o seu interesse pelas exibições anais das mulheres. A mulher aparece dicotomizada: objeto fetiche e objeto depreciado. Ao colocar-se de quatro, temos o objeto depreciado, todavia seu traseiro instaura-se como o objeto fetiche. Este funcionaria como um quantum de gozo. Ao fixar-se nele, de certa forma o sujeito impediria seu transbordamento pelo corpo. Para ela, o desencadeamento da hipocondria ocorre no momento em que o sujeito padece de gonorréia e tem verdadeiramente o órgão peniano atacado. Todavia, sintomas anteriores relativos a esta doença apareciam desde a fase infantil: a constipação intestinal identificada pelo fenômeno do véu. Este estatuto de conversão histérica conferido por Freud é para Aflalo de tal caráter tenaz que contraria a flexibilidade do clássico sintoma histérico. Já o fenômeno do véu exprime uma perda de realidade, atípico pela sua cronicidade e somente possível de se desfazer se um objeto estranho ao corpo fosse introduzido. A conseqüência desta introdução, ou seja a defecação, constitui-se para autora como uma reconciliação com a realidade perdida iniciada no momento em que o véu se desfaz. Ao relacionar fezes com bebê, Aflalo considera que o ato de defecar torna o Homem dos Lobos uma mãe conferindo à sua psicose relativa estabilidade. Ao fixar-se no traseiro e considerá-lo como significante particular da sexuação, o sujeito é o pai que faz existir a mulher como toda. Ao fazer isso, o traseiro deixaria de constituir-se enquanto objeto fetiche perverso, mas adquiriria o estatuto de pseudo-fetiche psicótico. Já o identificar-se à figura de Cristo propiciaria ao sujeito tornar-se um homem como o pai. Aflalo considera que, o episódio de 1908 (alucinação do dedo) produz um desencadeamento a partir de Φo, porém o desencadeamento da psicose teria ocorrido em 1926 (já sob análise de Brunswick) e corresponderia ao Nome-do-Pai foracluído, Po. Ou seja, ela faz uma diferença entre a entrada na doença, o surgimento sintomático ainda quando criança e o desencadeamento da psicose propriamente dita. Para ela, a psicose do Homem dos Lobos constitui-se em dois tempos: o primeiro da foraclusão do Nome-do-Pai e o segundo das suplências. O desencadeamento da psicose é datado por Brunswick e ocorre após a visita anual que Serguei faz a Freud para receber a doação de dinheiro. Ao ver o grave estado de saúde de Freud, recém-operado de uma cirurgia no maxilar, ele se aterrorizou com a idéia de que este pudesse morrer e ser seu herdeiro. A evocação da morte faz com que o gozo anal da doação recebida não possa mais ser simbolizado remetendo-se a corrente mais velha da libido, inacessível na transferência. Ao invés do pai castrado, Freud torna-se o pai gozador que impõe ao sujeito uma feminilização inaceitável. Esta recusa é compreendida como um sacrifício de gozo. Na forma hipocondríaca da psicose, este sacrifício adquire o valor de ameaça real a um novo órgão: o nariz. A hipocondria apresenta, portanto, a recusa do sujeito em se feminilizar como a mãe.

Jacques-Alain Miller (1988-89a), em seu curso de orientação lacaniana sobre a clínica diferencial das psicoses datado de 1988, dedicou algumas destas aulas a análise do caso do Homem dos Lobos seguindo por uma vertente outra à apresentada por Maleval e Aflalo. Miller parte da arquitetura tripla de posições frente à castração distinguindo a identificação à mãe que perpassa o plano imaginário da identificação paterna que estaria mais próxima ao registro simbólico. Diferente da leitura proposta por Aflalo, Miller observa que o fenômeno do véu não seria algo elementar da psicose e, assim como Freud o fez ao igualar fezes a bebê, ocultaria ao fundo o fantasma homossexual. Este fantasma homossexual é ativado no sonho com os lobos a partir do momento em que ele retrocede à cena primária de coito dos pais. Todavia, o narcisismo ameaçado instaura um sentimento de virilidade sucumbindo a homossexualidade à ação do recalque. Miller assinala três momentos de descontinuidade que promovem regressões do movimento libidinal do paciente. Com a sedução sofrida por parte da irmã, o garoto anteriormente dócil, torna-se cruel e a vida sexual que começava a ser regida pela zona genital retrocede para a sádico-anal. Neste primeiro momento iniciam os pensamentos da diferença sexual sem, contudo, haver certeza disso. No sonho, por outro lado, a castração deixa de ser imaginarizada para se tornar uma realidade a partir do momento em que a posição da mulher na cena do coito corrobora sua condição de castrada. Enquanto na etapa anterior a ameaça de castração provinha das figuras femininas - irmã, babá -, nesta está fundamentalmente ligada ao pai. A sublimação religiosa põe fim à alteração de caráter e aos sintomas fóbicos, porém o pai continua como objeto sexual. O interesse em saber da existência de um traseiro em Cristo esconde uma atitude homossexual recalcada ao evidenciar seu interesse pela posição como a ocupada pela mãe na cena de coito. A promessa simbólica que deveria ser constituída neste momento não se sustenta diante da multiplicidade desordenada de figuras paternas revelando pais extremamente decadentes. Neste momento é importante ressaltar que o próprio pai do Homem dos Lobos encarnava a figura da decadência social, financeira, assolado por crises depressivas chegando a internar-se em sanatórios, diferentemente do pai de Schreber, médico reconhecido nacionalmente pela sua capacidade ortopédica de corrigir deformações do corpo. Miller chega a se questionar se, quanto ao Homem dos Lobos, a angústia de castração não seria aí o efeito da efetivação da promessa edípica. Todavia, parece concluir que a função simbólica desempenhada pelo pai do paciente não seria capaz de promover a pacificação e o temperamento desta angústia. A cada descontinuidade, o Homem dos Lobos revela um modo de relação ao pai que o coloca como objeto deste. Todavia, simultaneamente a isso, a identificação à mãe ainda persiste através das queixas relativas aos problemas intestinais de evacuação. Miller aproxima estas duas identificações e propõe a leitura de que todo este contexto é revelador de uma posição homossexual inconsciente na qual a problemática genital traduziu-se pela via da analidade.

Sobre a arquitetura tripla de posições frente à castração, Miller comenta que, com a sedução, a postura inicial do Homem dos Lobos era de rejeição da castração. Com o sonho, há a convicção da realidade da castração com a coexistência de duas subcorrentes, uma de recusa, outra de aceitação. E, por fim, com a sublimação religiosa, é ativada uma terceira corrente mais antiga e que recusa a reconhecer a operação da castração. É exatamente o fato delas coexisterem que faz com que a virilidade que se instala no paciente seja uma virilidade de semblante. A identificação à mãe também é reveladora do movimento de correntes antinômicas, pois enquanto a identificação ao momento da cópula sucumbe ao recalcamento, a identificação pela via do intestino, não. Para Miller, esta identificação última está ligada ao mecanismo foraclusivo. Temos, portanto, um sujeito que revela diferentes posições subjetivas ante a castração. Se de um lado, o recalcamento promove o sucesso da virilidade; de outro, a ausência de um saber sobre o sexo indicaria aí uma não-simbolização da lei edípica? Penso que o próprio Miller não consegue fazer muitas afirmações do caso, parecendo, a cada nova descoberta, retroceder aos questionamentos anteriores. Fica a incerteza quanto à efetividade da função paterna, principalmente quando ele menciona após todo este percurso que ela poderia estar simbolizada e mesmo assim ser incapaz de impedir as distorções imaginárias. O narcisismo do órgão genital, o medo em perdê-lo, parece promover o recalcamento da posição homossexual passiva e a cada nova ameaça, gonorréia, espinhas no nariz, este medo da castração se reacende. Sendo assim, o que o caso revela é um desencadeamento pelo viés falico, viés do campo imaginário responsável pelos fenômenos do corpo e não pelo lado do Um pai. Como já esperado, Miller não menciona um diagnóstico, neste momento, ao Homem dos Lobos, porém o Instituto do Campo Freudiano da Argentina, quem primeiro compendiou esta conferência, inferiu que o mesmo estava inclinado a pensar num estado-limite, boderline para o paciente em questão. Esta suspensão do diagnóstico é retomada por Miller (2009) alguns anos depois ao abordar o tema da psicose ordinária. Além da crítica realizada ao termo boderline, ele ressalta que o termo psicose ordinária seria o mais apropriado para dar conta dos impasses atuais da clínica denominada como clínica dos pequenos indícios e das sutilezas. E é neste momento em que, numa nota de rodapé, ele menciona a hipótese de uma psicose ordinária para o Homem dos Lobos evidente no tratamento realizado por Brunswick. Fica a questão: o aparecimento destes fenômenos de corpo seria mesmo da ordem de uma psicose ou deveria ser posto no campo da esfera da análise?  

Após debruçar-me sobre estes artigos, tentei realizar a minha própria leitura do caso, que considero em fase permanente de construção. Minha primeira tentativa de análise partiu de um conceito legado pelo próprio Freud acerca do Édipo invertido. Para alcançá-lo parti, tanto em Freud quanto em Lacan, do momento inicial de constituição do sujeito. Momento determinante, a passagem pelo complexo de Édipo possibilita a vivência de uma perda e o posicionamento do sujeito ante esta falta será fundamental na partilha dos sexos para sua inscrição enquanto homem ou mulher. Com seus artigos sobre a sexualidade infantil, Freud explora bastante este momento de descoberta das crianças, que passam de uma crença quanto ao estatuto universal do falo para em seguida depararem-se com o reconhecimento desta não universalidade. Esta falta, que anteriormente era apenas imaginarizada, torna-se real e precisa ser simbolizada. Vivenciar isto e situar-se em torno disto não é uma tarefa fácil e ao reprimir, desmentir ou foracluir, o sujeito procurará meios de se defender ante a perda decorrente deste trauma infantil. Trauma que provoca uma fragmentação da realidade independente do posicionamento do sujeito, é desta maneira que Freud observa. Todavia, ante uma realidade falha, o seu momento de reconstrução pode ser diferente. Enquanto na neurose, o sujeito por meio da fantasia, procura reestabelecer esta relação, na psicose a tentativa de reestabelecimento seria com a criação de uma nova realidade delirante que consistiria em preencher a fissura entre o eu e a realidade.

Contudo, neste processo de constituição, o sujeito não está só. Por outro lado, vive como numa espécie de triangulação desenhada por Lacan através dos seus esquemas, primeiramente o L, em seguida o R. Num primeiro momento, o sujeito constitui-se como objeto de desejo da mãe preso numa relação simbiótica e assujeitado ao desejo deste Outro. A instância paterna existe, porém de forma velada. Este período é importante para a criança que precisa deste suporte da mãe para sobreviver. Denominado alienação, o bebê liga-se a este Outro para se fazer representar. Com o desenvolvimento desta criança, a mãe precisa dirigir seu interesse para outras tarefas além do simples cuidar de um bebê. Na separação, o pai, mediado pela mãe, se introduz no plano imaginário de maneira privadora, como transmissor da lei permitindo que a criança entre na linguagem e passe a nomear seu próprio desejo. Este salto, consequentemente, apresenta um ganho e uma perda. Ao entrar no mundo simbólico, o sujeito é representado por um significante. Todavia, a inserção num mundo de linguagem priva o ser de uma relação direta com a vida orgânica, de ser o falo da mãe. Ao posicionar-se em relação ao desejo do Outro, ao perceber que não satisfaz o desejo da mãe e que ela deseja para além da criança, a percepção da falta poderá ser simbolizada. Isto que a mãe deseja, o pai pode lhe oferecer intervindo a nível simbólico como o detentor do falo. A criança o toma como suporte identificatório do ideal do eu e leva adiante a promessa, a transmissão simbólica de um dia também deter o falo.

A presença do significante do Nome-do-Pai pacifica a lei permitindo que o desejo materno não se feche em si mesmo, mas que deslize pela cadeia significante. Ao organizar a subjetividade, barra o desejo da mãe, a sua vontade caprichosa e ilimitada introduzindo a criança no mundo dos símbolos ao transmitir a sua palavra. No entanto, se há uma falha na inscrição deste significante, os efeitos desta ausência de amarração serão verificados, sobretudo na maneira como o sujeito confere sentido a vida e na precariedade do seu reconhecimento corporal. Isso significa que, nesta fase do ensino lacaniano, falar da foraclusão do significante do Nome-do-Pai (PO) é remeter-se também a ausência de significação fálica (ΦO). Este binarismo é bastante representativo do caso Schreber, característico de uma psicose clássica.

E o que dizer de uma dissolução edipiana através de um Édipo invertido? Isso delimitaria uma estrutura? Apesar de mencionar esta peculiaridade na saída do Édipo, o próprio Freud pouco se debruçou sobre este assunto. Não há nenhum artigo específico e as pinceladas que faz parecem datar do período relativo a segunda tópica, cujo caso da jovem homossexual (1920) é o mais representativo. O que Freud observa é a ambigüidade que leva uma criança a sentir ternura e afeto pelo genitor do mesmo sexo e uma hostilidade para com o genitor do sexo oposto. Isso indicaria uma possibilidade de simbolização da diferença sexual, o que lhe facultaria situar enquanto homem ou mulher na partilha sexual. Se para se inscrever na partilha dos sexos é imprescindível que o sujeito simbolize a lei, isto nos remeteria a colocar o Édipo invertido no quadro da neurose. Lacan se surpreende com o papel desconcertante desempenhado pela função do Édipo invertido observando que sua saída não possibilita uma identificação de cunho viril, mas apassivada. Para ele, identificar-se à posição feminina e fazer-se amar pelo pai coloca o sujeito numa situação onde deve, por um lado, lidar com o retorno constante da posição homossexual com relação ao pai e, por outro, recalcar esta posição devido a ameaça de castração que ela comporta. Sendo assim, na saída do Édipo, em conseqüência do recalque dos desejos edipianos, o sujeito constitui um ideal conforme seu sexo, que lhe permite desejar de acordo com seu tipo. É pela via da virilidade que o menino consegue dar seu desfecho final na trama edipiana. O pai é um simbólo, uma metáfora da exigência que pesa sobre todo ser humano de abandonar a mãe e eleger outro objeto de desejo.

Se é pela via da virilidade que o menino se assume no desfecho final da trama edipiana, o que dizer da virilidade assumida pelo Homem dos Lobos? Conforme percorremos a investigação de Miller, este sentimento de virilidade é muito mais uma defesa diante do conflito com a libido genital narcísica. É uma maneira de posicionar-se ante a falta, de conservar o narcisismo do órgão ao assumir-se viril somente como uma manobra para manter-se afastado da homossexualidade. Isso explicaria a eleição de mulheres de nível social rebaixado numa posição peculiar, de cócoras cujo traseiro se destacaria. Com isso, partimos da hipótese de que eleger este objeto fetiche seria uma modalidade desta manobra ao permitir ao Homem dos Lobos fazer semblante de homem.

Desta maneira, recorremos ao artigo freudiano sobre o fetichismo (1927) para tentar compreender esta manobra de defesa do Ego erguida contra a homossexualidade. Para Freud, o objeto fetiche caracteriza-se como um substituto do pênis da mulher, que outrora a criança acreditou possuir e que resiste em abandonar esta convicção. Como forma de defesa, o sujeito se recusa a tomar conhecimento da castração da mulher como tentativa de evitar a sua própria, desmentindo (Verleugnung) a sua falta e levando-o a crer que algo tomou o seu lugar. O fetiche ergue-se como uma proteção contra a ameaça de castração e, por outro lado, salva os homossexuais visto que com o substituto, dota as mulheres de características que as tornam toleráveis enquanto objetos sexuais, constituindo-se como a última saída encontrada pelo sujeito contra o homossexualismo. Esta leitura é oposta à realizada por Aflalo, segundo a qual, o fetiche do Homem dos Lobos é um pseudo-fetiche por caracterizar-se não como um substituto do pênis, mas como uma suplência diante da ausência de significação fálica cuja demonstração de sua análise foi mencionada anteriormente.

Tomar a parte do corpo da mulher como objeto fetiche nos remete à teoria da sexuação formulada por Lacan a partir do seu último ensino, na qual ser homem ou mulher estaria ligado muito mais a uma posição inconsciente que a uma questão meramente anatômica. A sexuação é fruto de um longo processo de constituição do sujeito que envolve não somente a simbolização do Nome-do-Pai como a constituição das identificações e ideiais. Trata-se de algo problemático, por exemplo, na psicose visto que a foraclusão do Nome-do-Pai e a ausência de inscrição simbólica da função fálica impede que haja algum tipo de inscrição do sujeito na partilha sexual.

Apesar da menção de Freud de que a anatomia seria o destino, a teoria da sexuação permite a Lacan demonstrar que não há um único fator determinante para a assunção do sexo de um sujeito. Isso justificaria compreender por que nem sempre uma pessoa nascida homem e assim nomeada identifica-se com seu nome e o seu sexo. Pensar numa posição inconsciente é fundamental e é o que possibilita ir além das teorias biológicas e de gênero. Sendo assim, a tipologia das características feminina e masculina apresentadas por Lacan (1972-73) e retomadas por Miller (1997-98) transgride as existentes produzidas pela biologia e psicologia.

O desejo masculino é orientado pelo objeto mais-de-gozar como fetiche. Isso significa que a forma de expressão do amor masculino é articulada em torno de uma parte que, ao se destacar no todo, reveste a mulher encobrindo sua castração e servindo como objeto de gozo para a fantasia masculina. Esta forma de expressão do amor masculino tem em sua origem o apego ao falo como significante do desejo materno. Incapaz de apreender a mãe como não-toda o sujeito substitui esta incompletude por uma parte. Assim, para que o homem possa gozar, é imprescindível que a mulher esteja no lugar do significante fálico que a reveste e recobre sua condição de castrada. Desejar a mulher enquanto objeto a nos mostra que, ao contrário do feminino, o desejo do macho é delimitado pelo seu fantasma e que este se sustenta de semblantes.

O desejo feminino, por outro lado, é orientado pela forma erotomaníaca de amar. A sua lógica caracteriza-se por um amor sem limites, pelo gozo ilimitado próprio de uma estrutura não-toda formalizada pelo matema S () que designa o significante da falta do Outro. Este  seria o seu parceiro-sintoma. É uma lógica que funciona para além da lógica fálica. Para Coelho dos Santos (2006), a sexuação feminina tem duas vertentes conceituais: de reinvidicação e de repúdio à feminilidade. A primeira se coordena com o consentimento da mulher em colocar-se como objeto de desejo de um homem orientando-se de um lado, para o falo (Φ), e de outro para a busca a um Outro gozo, para além do fálico designado pelo S () como furo no campo do Outro.

Se a clínica das estruturas é referenciada à lógica fálica, poderíamos situar o Homem dos Lobos na vertente que parte da inclassificabilidade decorrente de uma lógica feminina? Para isso, avanço neste mesmo matema representativo da lógica femina, S () e retomado por Miller (Miller et ali, 1999) no momento da Convenção de Antibes ao referenciá-lo à multiplicidade de Nomes-do-Pai. É sabido que desde o Seminário 23, intitulado Le Sinthome (1975-76), o pai simbólico deixa de ser privilegiado por Lacan em detrimento de algo que surge como invenção do sujeito capaz de manter seus laços sociais. Ao tomar o caso Joyce, Lacan nos mostra como, através de sua obra literária, ele conseguiu inscrever algo de outra ordem capaz de propiciar um modo de amarração ante sua fragmentação simbólica. Esta leitura, retomada por Miller em Antibes, cria uma nova categoria denominada psicose ordinária na qual se incluem as psicoses compensadas, não desencadeadas, medicadas e terapeutizadas, acolhendo as soluções encontradas pelos sujeitos diante da construção e manutenção dos laços sociais. Anteriormente descrita como raridade, Miller observa que estas psicoses mais modestas são cada vez mais freqüentes e mais delicadas, pois seus sintomas mais discretos e menos exuberantes exigem muita fineza diagnóstica. Com isso, é posto em xeque o binarismo representativo de uma psicose clássica (PO/ΦO) para dar margem a outros arranjos que estabelecem singularidades com relação ao modo particular de gozar.

Estas formas particulares de gozo evidenciam modos privados de relação ao Outro e à linguagem, significações pessoais das mais varidas, revelando que o sujeito pode se servir de qualquer coisa para se organizar subjetivamente.

Quando Miller afirma que o caso do Homem dos Lobos revela as particularidades de uma clínica que não se absorve no significante. Seria ao significante do Nome-do-Pai que ele se remete? Se não se estrutura em torno deste significante poderíamos afirmar que este caso escaparia à clínica estrutural coordenada, por excelência, pela lógica fálica? Isso realmente seria dizer que o Homem dos Lobos situa-se na vertente que parte de uma inclassificabilidade decorrente de uma lógica feminina? Por fim, como coadunar esta leitura que parte da teoria da sexuação com a compreensão do conceito de psicose ordinária? Seria deslocar o Nome-do-Pai, enquanto único significante normalizador da subjetividade, para se pensar em algo em torno da relação do sujeito com as suas suplências? De que maneira deslocar o eixo dos diagnósticos baseados em estruturas poderia contribuir para a clínica psicanalítica atual? Como poderíamos situar este para além do Édipo no caso do Homem dos Lobos?

Notas

  1. Este trabalho integra a pesquisa em curso da tese de doutorado em teoria psicanalítica, no PPGTP/IP/UFRJ, sob orientação da Profa. Dra. Tania Coelho dos Santos.

 

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Citacão/Citation: CAMARGO, S.G. O Homem dos Lobos: análise de um caso paradigmático de incerteza diagnóstica. Como o estudo do caso pode contribuir para o diagnóstico na clínica psicanalítica da atualidade? Revista aSEPHallus, Rio de Janeiro, vol. VI, n. 11, nov. 2010 / abr. 2011. Disponível em www.nucleosephora.com/asephallus

Editor do artigo:
Tania Coelho dos Santos.

Recebido/Received:
07/02/2010 / 02/07/2010.

Aceito/Accepted:
13/03/2010 / 03/13/2010.

Copyright:
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