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O grupo como estratégia de (des)inserção em adolescentes institucionalizados

Maria Jose Gontijo Salum

Doutora em Teoria Psicanalítica / UFRJ
Professora adjunta da PUC-MG
Membro da Escola Brasileira de Psicanálise
Diretora de Ensino do Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais
e-mail: mgontijo.bhr@terra.com.br

 

Resumo

O artigo desenvolve o tema da inserção e da desinserção em psicanálise, tomando como exemplo uma situação institucional: alguns adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa passaram a apresentar um sintoma em grupo – eles “entortavam” o corpo. Com este exemplo o texto pretendeu demonstrar a incidência do coletivo para o ser falante e sua importância no trabalho com a psicanálise.

Palavras–chave: psicanálise, identificação, sintoma, grupo, adolescentes, responsabilidade.

 

The group as a strategy for (des)insertion in institutionalized adolescents

This article expands on the theme of insertion and disinsertion in psychoanalysis, using an institutional situation as an example: some adolescents, in keeping with their socio-educational measures, begin to present a group symptom – they "bend" the body. Through this example, this paper intends to demonstrate the collective incidence for the speaker as well as its importance in the area of psychoanalysis.

Key words: psychoanalysis, identification, symptom, group, adolescents, responsibility.

 

Le groupe en tant que stratégie pour la (dés)insertion des adolescents dans les institutions

L’article développe le thème de l’insertion et désinsertion en psychanalyse, en prennant comme exemple une situation passée dans une institution: quelques adolescents internés pour des activités criminelles présentes un symptôme en groupe, ils «tordent» le corps. Avec cet exemple, le texte veut démontrer l’incidence du collectif pour l’être parlant et son importance dans le travail avec la psychanalyse.

Mot clés: psychanalyse, identification, symptôme, groupe, adolescents, responsabilité.

 



Este artigo pretende desenvolver o tema da “clínica e pragmática da (des)inserção em psicanálise”1, especificamente, visando contribuir para a reflexão acerca da aplicação da psicanálise no contexto das instituições.

Inicialmente, contaremos com a contribuição de Jacques-Alain Miller através do artigo “Sobre o desejo de inserção e outros temas I”, no qual ele aborda o desejo de inserir-se como uma maneira de demonstrar a radicalidade do social para o ser falante. Segundo ele, isso decorre da incidência do Outro para o sujeito. Recorremos, também, ao texto do mesmo autor, “Rumo ao Pipol 4”, no qual propõe uma clinica e uma pragmática da desinserção em psicanálise. Neste artigo, ele parte das situações subjetivas de desconexão social, chamadas por ele de desinserção. Miller observa que os psicanalistas de orientação lacaniana, ao avançarem na formulação dos fundamentos psicanalíticos da desinserção, poderão contribuir para a clinica dos sintomas contemporâneos. Todavia, ele adverte que, diante desses casos, não se trata de oferecer um tratamento ou cura, mas uma pragmática.

Para estabelecer os parâmetros dessa pragmática, Miller retoma os conceitos de psicanálise pura e aplicada. Ao falar da aplicação da psicanálise à terapêutica, ele afirma a importância dos efeitos analíticos nos contextos institucionais. Segundo ele, estes efeitos são produzidos a partir da instalação do discurso analítico pelo analista, independente do setting, melhor dizendo,do enquadramento do consultório. Dessa forma, o psicanalista pode produzir efeitos fora do setting analítico tradicional, quando se coloca como um objeto nômade, circulando em diferentes contextos, inclusive institucionais. A psicanálise é comparada, por Miller, a uma instalação portátil, podendo o discurso analítico ser instalado nas mais distintas circunstâncias.

Para desenvolvermos o tema deste artigo, tomaremos como exemplo uma situação institucional discutida no Núcleo de Psicanálise e Direito do Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais (IPSM-MG)2 Na ocasião, tivemos a oportunidade de desenvolver, teoricamente, o que fora trazido como um problema institucional: alguns adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa3, numa instituição, passaram a apresentar uma espécie de sintoma no corpo. Assim, a instituição teve que se haver com fenômenos grupais produzidos em seu interior – vários adolescentes estavam “entortando”, numa espécie de contágio, assim como nos desmaios produzidos pelas garotas de um pensionato, em decorrência da identificação histérica, como Freud (1921) descreveu em “Psicologia de grupo e análise do ego”.

O sintoma dos adolescentes, apresentado em grupo, pareceu-me apropriado para discutir o problema da clinica e pragmática da (des)inserção, como faremos a seguir. Além de produzirem o sintoma, os adolescentes passaram a se dividir em grupos distintos dentro da instituição: os que “entortavam” e os que não “entortavam”.

Mesmo que Freud e Lacan tenham discorrido sobre a incidência do social como fundamental para a constituição do sujeito, equivocadamente, a psicanálise tem sido identificada como uma abordagem que desconsidera o problema do coletivo. Freud (1921), na introdução do artigo citado acima, afirma que a psicologia individual é, ao mesmo tempo, psicologia de grupo. Para justificar esta afirmação, ele desenvolveu as três formas de identificação: a identificação ao pai, a identificação histérica, e a identificação ao sintoma.

O problema da identificação para o ser falante foi abordado em vários momentos do ensino de Jacques Lacan. Em seu Seminário: livro 11 - os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, Lacan (1964) afirma que o sujeito advém como separação de sua alienação, necessária, ao Outro. Neste Seminário, ele afirma que, para que a separação se instaure, é necessária a alienação, pois os significantes que orientam o sujeito e dos quais ele deve se separar advêm do Outro.

No nosso entendimento, o sintoma no corpo, o “entortamento”, pode estar relacionado à entrada dos adolescentes na instituição, ou seja, pode ser uma tentativa deles se incluírem, através da identificação histérica. Para desenvolver este argumento, nos pareceu apropriado retomarmos algumas contribuições sobre o coletivo em psicanálise.

Assim, recorremos, também, ao texto de Éric Laurent (2000) “Sete problemas de lógica coletiva segundo o ensinamento de Jacques Lacan”. Isso se justifica porque, tal como Ram Mandil ressaltou em seu comentário4, o problema institucional do “entortamento” dos adolescentes permite-nos localizar a vertente pela qual a psicanálise aborda o problema do coletivo. Dois aspectos do coletivo foram destacados por Ram Mandil: a relação ao desejo do Outro presente na identificação histérica que desencadeia o contágio, quer dizer, a causalidade psíquica desse sintoma enquanto relacionado ao inconsciente como discurso do Outro. Ram Mandil, também, lembrou que o grupo pode ter a função de defesa frente ao Outro.

Assim, tentaremos contribuir para a clínica da (des)inserção em psicanálise, a partir dos efeitos do coletivo sobre o sujeito. Especificamente, considerando o “entortamento” um dos efeitos da institucionalização para os adolescentes que entraram na instituição para cumprirem medida socioeducativa.

A psicanálise e o problema do coletivo

Laurent, no artigo citado, faz um percurso sobre a lógica do coletivo para a psicanálise. Destacaremos a frase que iniciou o texto apresentado por Cássia Machado e Raquel Guimarães no Núcleo de Psicanálise e Direito do IPSM-MG5: “é preciso que os adolescentes consintam em viver juntos [...] fazer grupo pode ser um caminho...”. No meu entender, ela resume o que constitui o problema institucional discutido. Em última instância, este problema diz respeito não somente a esta situação específica, mas ao problema da execução da medida socioeducativa para cada um dos adolescentes.

Sabemos da dificuldade que concerne à relação do sujeito ao campo da alteridade, seja seu semelhante, seja seu Outro. Por isso, abordar o problema da inserção traz como correlato a desinserção e vice-versa. Os adolescentes, ao entrarem na instituição, apresentam, com seu sintoma coletivo, índices que indicam esta dificuldade. Pode-se considerar que, diante desta dificuldade, eles tentam se incluir através do sintoma no corpo. Tudo indica que esse sintoma estaria relacionado a uma dificuldade de entrada na instituição, ou melhor, ao cumprimento da medida socioeducativa nesse espaço e à responsabilidade que ela preconiza.

Como viver junto numa instituição: o grupo como defesa

Os adolescentes aos quais estamos nos referindo, em cumprimento de uma medida socioeducativa, passaram a viver juntos numa instituição que, apesar do nome oficial de Unidade é geralmente nomeada por eles mesmos de casa. Ou seja, um grupo artificial passa a ser colocado no mesmo lugar do primeiro grupo onde devemos nos inserir, a família. Compartilhamos uma casa, inicialmente, no âmbito da família. Portanto, o problema que se quer ressaltar se recoloca: como viver junto numa instituição, especialmente, para cumprir uma medida socioeducativa. Ressalto isso porque o exemplo que Freud tomou para ilustrar a identificação histérica é o de um sintoma produzido numa instituição - um pensionato. Dessa forma, torna-se pertinente o questionamento sobre as consequências de um grupo artificial - a instituição executora da medida socioeducativa - para os sujeitos que nela entram.

Uma medida socioeducativa, além da responsabilização jurídica pelo ato infracional cometido, preconiza uma função educativa. Com esta finalidade ela pretende exercer, para o adolescente, uma função correlata às outras instituições sociais que se ocupam deste mesmo objetivo educativo: a família, a escola, o grupo social. Estas instituições são formas sociais do Outro, aos quais devemos nos inserir, através da identificação.

Aos adolescentes em conflito com a lei, é esperado que eles entrem na instituição para que, a partir do cumprimento da medida socioeducativa e da responsabilização preconizada por ela, outra forma de laço social possa ser possível. Cabe-nos aqui uma precisão: isso poderá ser ocorrer, desde que o adolescente esteja inserido na instituição. Para melhor definir a inserção, recorremos ao texto de Antonio Teixeira (2008), no qual ele afirma que há uma diferença entre ser incluído e ser inserido. Na inclusão está presente um exercício de controle. A inserção, por sua vez:

 “é um termo que passa a significar, a nossos olhos, um vínculo absolutamente distinto desse modo de relação ao Outro calcado nos mecanismos de submissão ao poder. Sua visada implica antes, por essência, uma relação definida pelos meios possíveis de negociação do sujeito com o Outro, em cujo saldo se manifesta não apenas uma transformação do modo anterior de vínculo, como também uma modificação essencial tanto da parte do sujeito quanto da parte do Outro com o qual esse sujeito vem compor” (Teixeira, 2008).










Muitos desses adolescentes chegam às unidades socioeducativas com a experiência de formação de grupos, ou até mesmo gangues, para se defenderem das situações que dizem de um impossível de suportar que lhes acometeu na adolescência. A prática de atos infracionais realizadas, em sua grande maioria, em grupos, se configura como saída desse impossível. Não é de se estranhar que, dentro da instituição, utilizem da mesma estratégia coletiva.

O problema dos agrupamentos é que se trata de uma estratégia que não promove a inserção, mas perpetua a segregação. O próprio sintoma do “entortamento” demonstra isso.

O grupo e o imperativo de gozo

O artigo de Éric Laurent (2000), citado anteriormente, traz algumas contribuições para o problema do coletivo em psicanálise, como ressaltado em seu título. Na primeira delas, nomeada por ele de “o supereu, a civilização e a personalidade”, ele nos lembra que o título do texto freudiano, “Psicologia de grupo”, no original alemão é psicologia das massas e tinha como pano de fundo uma profecia para o futuro da Europa - a massa como forma de organização política. Segundo Laurent (2000), Freud partiu da fascinação coletiva para tentar destacar um nó que opera tanto no nível coletivo, quanto no subjetivo. Para ele, as pesquisas empreendidas por Freud, criticadas de sociológicas, traziam a marca de seu interesse pela instância do supereu – instância paradoxal porque correlaciona o ideal herdado a partir do Édipo e a exaltação ao gozo do isso. Diante da incidência do supereu o sujeito se reduz ao objeto: ouço!, gozo!. Laurent (2000) também lembra que Freud estudou a hipnose para ilustrar o laço do objeto com o traço significante. Na hipnose fica condensado o ponto do significante ideal onde se marca o sujeito como a.

Como a histérica do pensionato, que recebe a carta e desmaia seguida pelas colegas que desmaiam a seguir, os adolescentes “entortam” após um deles dar inicio ao sintoma, em situações as mais diversas. Mas, o “entortamento” acontece diante do olhar do outro. Para explicar o contágio, eles dizem: “é só olhar que começa”. Cada um “entorta” depois de ver um colega “entortar” e também cada um produz esse sintoma diante do olhar do outro. Pode-se considerar que se trata de um modo de cair como objeto do olhar do outro. Pode-se dizer que, diante da dificuldade de serem responsáveis por sua posição de sujeito (Lacan, 1966, p. 870), os adolescentes caem como objeto diante do olhar do Outro.

O grupo e a identificação ao semelhante

Em outra contribuição de Laurent (2000) em seu texto, nomeada “lógica coletiva e lógica do sujeito: a mediação do cálculo”, ele lembra que, após a Segunda Guerra, Lacan retomou suas teorizações das relações do indivíduo com o Outro, a partir de um conjunto de reflexões sobre a causalidade psíquica. Três textos são considerados por Laurent como análises de uma lógica coletiva: “Acerca da causalidade psíquica”, “O número treze a e forma lógica da suspeita” e “O tempo lógico e a asserção da certeza antecipada”.

No primeiro, Laurent (2000) destaca que Lacan ressaltou a articulação lógica do sujeito e da causa com o conceito de imago, através do qual analisou a identificação. No segundo, ele afirma que Lacan teria ressaltado as relações do individuo no agrupamento, antes que o sujeito seja especificado. No terceiro, segundo Laurent (2000) aparece a dimensão lógica do tempo precipitando a conclusão acerca do eu, pela asserção da certeza. Laurent (2000) lembra que os prisioneiros do sofisma citado por Lacan no texto “O tempo lógico...” devem concluir quem são e obter a conquista da saída a partir da visão do que o outro é. Quer dizer, a conclusão de si implica numa conclusão que passa pela identificação do outro. Da mesma forma, no relato sobre a conversa com os adolescentes, a propósito do “entortamento”, eles acabam por se perguntarem o que é preciso fazer para sair da instituição, como podem concluir o cumprimento da medida socioeducativa e fazem referência aos colegas que saíram.

A produção nos pequenos grupos

Outra contribuição do artigo de Laurent (2000) que nos interessa destacar é “a pragmática do grupo e o mais-um”. De acordo com ele, Lacan formalizou o cartel a partir de suas considerações sobre a psiquiatria inglesa e a guerra. Ainda segundo Laurent, após estas considerações, Lacan passou a falar da identificação horizontal ao grupo, independente da identificação vertical ao líder, como até então a psicanálise tratava, a partir do texto freudiano “Psicologia de grupo...”. Inicia-se, assim, uma nova forma de contribuição da psicanálise lacaniana à teoria dos grupos. O dispositivo do cartel foi, dessa forma, formulado: um pequeno grupo, onde cada um trabalha com o objetivo de um produto próprio de cada um.

Numa situação institucional, como a que estamos comentando, as contribuições sobre o dispositivo do cartel são bem-vindas, pois refletem a possibilidade do trabalho no coletivo. Esta situação institucional talvez nos mostre que, para possibilitar a inserção, que é de cada um, seja indicado não desconsiderar a importância do grupo para estes adolescentes. Um trabalho preliminar poderia propiciar uma reflexão sobre a dimensão do coletivo. Podemos mesmo pensar na pertinência das tarefas em grupo, tendo como finalidade uma produção de cada um.

Os afetos nos grupos: a presença da pulsão de morte

Na contribuição “o afeto social, a Outra – coisa”, Laurent (2000) acrescenta que Lacan, além de considerar a relação do grupo ao líder, como Freud o fizera, e ao mais-um do cartel, considera a relação do grupo com das Ding, a Outra coisa. Nos grupos é preciso ter em conta os afetos: o desejo, o tédio, a clausura, a revolta, a vigília, o pânico. Estes afetos estão presentes nas organizações coletivas.

Em sua “Psicologia de grupo...”, Freud (1921) isolou o afeto do pânico, relacionando-o à angústia diante da perda do líder, observa Laurent (2000). Os laços entre os semelhantes desaparecem com a perda do líder. Ao comentar o pânico no exemplo de Freud, Laurent afirma que Lacan considerou que este afeto desvelava a desagregação que sedimentava o grupo. Nas situações de desagregação, através do ódio e da agressividade, revela-se a pulsão de morte presente no resto da operação de identificação ao Outro - a presença do estranho. No caso dos adolescentes, a agressividade aparece em relação aos demais adolescentes, aqueles que não entortam.

Laurent destaca o tédio como o afeto decisivo na relação com o tempo. Ele apresenta três formas de tédio ligadas a diferentes angústias na relação com o tempo. Primeiramente, o tempo que custa a passar, devido a um elemento determinado; em segundo, o tempo que custa a passar devido a um elemento indeterminado; e um tédio profundo, como relação ao Outro como tal.

No caso dos adolescentes, o segundo tipo de tédio nos parece especial. Ao “entortarem”, podem estar demonstrando a angústia frente ao tempo indeterminado de espera para o desligamento da instituição. Não existe um tempo pré-determinado para o cumprimento de uma medida socioeducativa, como há no cumprimento de uma pena por um crime. Talvez os adolescentes constituam uma consistência imaginária, através do sintoma no corpo para dar conta da medida que parece ter, para eles, um estatuto de real. Principalmente, quando consideramos o índice da responsabilidade para o cumprimento da medida. Trata-se de um conceito problemático, que não possui uma definição a priori em nenhuma legislação. Assim, tudo indica que promover a inserção, que é de cada um, é algo que pode ser correlacionado à construção da responsabilidade: são formas de responder ao Outro, de construir um laço social, que implica, também, em articular, nesta operação, o gozo de cada um.

Por um lado, trata-se de uma tarefa subjetiva de cada um. Mas ela não se realiza, numa instituição socioeducativa, caso não seja considerada as formas com que esse Outro se institui para o sujeito: seja o outro institucional, seja o grupo de adolescentes, a família, a escola. Esta situação institucional nos ilustrou isso: na convivência numa instituição, o Outro, em suas diferentes versões deve ser considerado. Lembremos que, nos dizeres de Miller (2008), a psicanálise leva em conta a radicalidade do social para o ser falante. Por isso, na situação que estamos tratando, parece-nos que é necessário ter em conta a incidência do coletivo na forma como eles respondem. Os adolescentes apresentam uma saída em grupo e ela deve ser levada em consideração no trabalho que a psicanálise pode exercer nesse espaço; mesmo quando sabemos que a psicanálise busca operar com cada sujeito.


Notas

  1. Tema do Grupo de Trabalho (GT) da Associação Nacional de Pesquisa e Pós - Graduação em Psicologia (Anpepp), “Psicanálise e laço social: formação, produção e intervenções sobre a (des)inserção”, coordenado por Tania Coelho dos Santos e Jésus Santiago.

  2. No dia 17 de setembro de 2010, Cássia Machado Porto e Raquel Guimarães Lara - respectivamente, técnica e diretora da instituição - apresentaram um relato que foi comentado por Ram Mandil. Na sequência, no dia 25 de outubro de 2010, apresentei um desenvolvimento teórico do que fora anteriormente discutido. O presente artigo parte da intervenção realizada por mim nesta ocasião.

  3. Medida socioeducativa e a maneira como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) responsabiliza os adolescentes que cometeram algum ato infracional. São seis as medidas socioeducativas previstas: advertência, obrigação de reparar o dano, liberdade assistida, prestação de serviços à comunidade, semiliberdade e internação.

  4. Comentário apresentado na atividade citada na nota n. 2, no Núcleo de Psicanálise e Direito do IPSM-MG.

  5. Conforme a nota n. 2.


Referências bibliográficas

FREUD, S. (1921/ 1959) “Psicologia de grupo e a analise do ego”, in Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago Editora, Vol. XVIII, p. 89 – 179.

LACAN, J. (1964) O Seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985, 2ª ed., p. 193-204.

LACAN, J. (1966) “A ciência e a verdade”, IN Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998, p. 869-892.

LAURENT, E. (2000) “Sete problemas de lógica coletiva na experiência da psicanálise segundo o ensinamento de Lacan”, in Opção lacaniana – Revista Brasileira Internacional de Psicanálise n. 26/27. São Paulo. Edições Eólia, abr / 2000, p. 17-34.

MILLER, J-A. (2007) “Rumo ao PIPOL 4”, in Correio – Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, n. 60: Clinica e pragmática. Escola Brasileira de Psicanálise, mar/2008, p. 7 – 14.

MILLER, J-A. (2008) “Sobre o desejo de inserção e outros temas I”, in Correio – Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, n. 62: Sobre o desejo de inserção. Escola Brasileira de Psicanálise, mar / 2009, p. 5 – 17.

TEIXEIRA, A. (Relator) (2008) Da inserção em saúde mental”, in aSEPHallus, Revista eletrônica do Núcleo Sephora. Vol. VI, n. 11, nov/2010 a abr/2011. Disponível em www.nucleosephora.com/asephallus.

Citação/Citation: SALUM, M.J.G. O grupo como estratégia de (des)inserção em adolescentes institucionalizados. Revista aSEPHallus, Rio de Janeiro, vol. VI, n. 11, nov. 2010 / abr. 2011. Disponível em www.nucleosephora.com/asephallus

Editor do artigo:
Tania Coelho dos Santos.

Recebido/Received:
20/08/2010 / 08/20/2010.

Aceito/Accepted:
19/11/2010 / 11/19/2010.

Copyright:
© 2011 Associação Núcleo Sephora de Pesquisa sobre o moderno e o contemporâneo. Este é um artigo de livre acesso, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que o autor e a fonte sejam citados/This is an open-access article, which permites unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the author and source are credited.