Periódicos de psicanálise avaliados pela CAPES em 2009: um esforço inicial para mapear o campo
Journals of psychoanalysis evaluated by CAPES in 2009: an initial attempt to map the field


Flávio Fernandes Fontes
Psicólogo
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Psicologia – UFRN
flavioffontes@hotmail.com

Aline Borba Maia
Psicóloga e Psicanalista
Mestranda do programa de Pós-Graduação em Psicologia – UFRN
alinebmaia@gmail.com

Aline Francisca Oliveira
Psicóloga
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia – UFRN
aline_psiufrn@yahoo.com.br
End.: Rua Quixada, 2459, Conjunto Panatis I, Potengi, CEP: 59108-070, Natal/RN.

Karin Juliane Duvoisin Bulik
Psicóloga e Psicanalista
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia – UFRN
karin_bulik@yahoo.com.br

Cynthia Pereira de Medeiros
Psicóloga e Psicanalista
Doutora em Educação – USP
Professora adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
cynthiamedeiros@yahoo.com



Resumo:

A partir da lista de periódicos avaliada pela CAPES em 2009, realiza-se uma seleção de todos aqueles que publicam predominantemente artigos psicanalíticos com o objetivo de oferecer uma fonte prática de consulta e orientação para pesquisadores na área da psicanálise. Em seguida esses são analisados quanto ao seu estrato (A1, A2, B1, etc.), distribuição geográfica e presença na internet. Aqueles que possuem site são examinados nos itens: divulgação de normas para publicação, forma de recebimento dos artigos e disponibilização dos textos. Conclui-se que: muitos periódicos ainda se encontram fora de qualquer indexação a bases de dados; existe uma altíssima concentração dos periódicos brasileiros de psicanálise na região sudeste; o potencial de divulgação da internet ainda não é suficientemente aproveitado.

Palavras-chave: periódicos, avaliação, psicanálise.

 

Abstract:

Using the list of journals evaluated by CAPES in 2009, it is made a selection of the journals that publish mainly psychoanalytical papers, intending to offer a practical guide and source of consultation to researchers in the psychoanalytical field. These are analyzed according to their layer (A1, A2, B1, etc.), geographic location, and internet presence. Those who have websites are examined on the items: on-line publication of editorial rules, method for receiving manuscripts and texts accessibility. The conclusions are: many journals are still not included in any index database; there is a very high concentration of Brazilian psychoanalytical journals in the southeast region; internet communication power is not sufficiently used.

Key words: journals, evaluation, psychoanalysis.

 

Introdução

A história da avaliação de periódicos de psicologia no Brasil é recente e começa no final da década de 1990, quando a primeira comissão é montada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Associação de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) (Yamamoto et al, 1999). A comissão CAPES/ANPEPP vem realizando desde 1998 avaliações de um número cada vez maior de periódicos em psicologia, com impactos significativos na área.

O trabalho desenvolvido pela comissão tem servido ao objetivo de avaliar programas de pós-graduação, auxiliar as decisões de financiamento, orientar leitores e pesquisadores na escolha de títulos para pesquisar e submeter trabalhos, além de ter também um caráter de estímulo aos editores, para que esses elevem a qualidade das publicações (Costa & Yamamoto, 2008).

O sucesso da avaliação pode ser facilmente observado na melhoria comprovada da qualidade dos periódicos registrada em diversos artigos (Hutz, 2000; Yamamoto, 2001; Yamamoto et al, 2002; Costa & Yamamoto, 2008). Podemos colocar como demonstração dessa evolução o fato de que, nas primeiras versões do processo avaliativo, a mera presença de itens como ISSN, linha editorial, normas de submissão e resumo bilíngue era premiada com um valor determinado de pontos. Hoje esses itens passaram a ser requisitos mínimos para uma revista ser examinada.

Os avanços conquistados ficam ainda mais claros quando comparamos o quadro atual com aquele que William B. Gomes (1992) descrevia há 17 anos:

[...] é premente a necessidade de desenvolver uma política nacional para publicação de periódicos em psicologia no Brasil. O amadorismo, a falta de organização, a inexistência de indexação e a irregularidade das publicações estão comprometendo seriamente todo o esforço que vem sendo desenvolvido no sentido de financiar pesquisas e avaliar programas (Gomes, 1992).

Hoje, podemos dizer que se a situação mudou enormemente, e para melhor, muito se deve ao esforço de avaliação promovido pela CAPES e ANPEPP. É bem verdade que também surgiram críticas (ver, por exemplo, Loffredo, Bicalho, Fernandes & Bergamasco, 2003) e a própria comissão tem procurado refletir sobre a avaliação que realiza, modificando o instrumento de avaliação a cada vez e procurando adaptá-lo e calibrá-lo melhor a uma realidade que está em permanente mudança (Hutz, 2000; Yamamoto, 2001; Yamamoto et al, 2002).

Ressaltamos que essa capacidade de autocrítica e de mudança por parte dos membros das diferentes comissões já formadas tem imprimido um caráter positivo e transformador à avaliação CAPES, o que faz com que ela deva ser considerada legítima e benéfica para o progresso da psicologia brasileira, mesmo com suas limitações e falhas (Costa & Yamamoto, 2008).

Tendo sido essa visão de um modo geral positiva sobre a avaliação CAPES, a ideia para este artigo surgiu quando os autores resolveram utilizá-la para procurar quais seriam os periódicos ideais para submeter seus artigos para publicação, considerando que todos estavam envolvidos na realização de trabalhos acadêmicos que utilizam predominantemente o referencial psicanalítico.

Ao consultar o site da ANPEPP, observamos a lista da última avaliação dos periódicos de psicologia divulgada pela instituição em 2009, mas nos deparamos com o seguinte problema: a lista não possui subdivisões por área, e, portanto, periódicos com os mais diversos temas, assuntos e orientações teóricas se misturam sem distinção. A tarefa se torna ainda mais difícil pelo fato de a lista incluir periódicos de áreas como biologia, medicina e até contabilidade, desde algum pesquisador de pós-graduação em psicologia que tenha escrito algum artigo em tal periódico, o que resulta em número alto de publicações avaliadas: 1.225. Diante de um conjunto tão grande e heterogêneo de periódicos, como saber quais daqueles veículos de comunicação são os mais adequados para pesquisa e para publicação dentro do referencial psicanalítico?

Nessa perspectiva, este trabalho visa mapear os periódicos que publicam exclusivamente ou predominantemente artigos psicanalíticos, facilitando a busca dos pesquisadores que desejam consultar de forma específica o campo da psicanálise.

Tal mapeamento levou em consideração o número de publicações em psicanálise e seus estratos; sua localização geográfica, de modo a fornecer um panorama da produção intelectual brasileira em psicanálise, no que diz respeito à sua localização, bem como os modos de captação e disponibilidade dos textos, averiguando o quanto a ferramenta da internet tem sido utilizada para divulgar e agilizar o processo de publicação.

Antes de seguir para a apresentação do método e dos resultados, é importante explicitar que optamos por considerar “psicanálise” no sentido mais amplo possível, incluindo toda a diversidade de correntes e ideias que se abrigam sob esse termo, para que esse trabalho possa ser útil a um grande número de interessados. Cabe destacar, ainda, que revistas de psicologia que publicam ocasionalmente artigos de psicanálise não foram consideradas para o presente estudo.

Método

O nosso material de pesquisa foi a lista de periódicos de psicologia avaliada pela CAPES-ANPEPP e, por isso, é importante descrever em mais detalhes o modo como essa lista é preparada. É do entendimento da CAPES (2009) que “um periódico científico é uma publicação seriada, arbitrada e dirigida prioritariamente a uma comunidade acadêmico-científica”. Isso significa que seus autores e leitores devem ser principalmente pesquisadores e alunos engajados na produção do conhecimento científico. A publicação de tais periódicos deve ser prioritariamente de responsabilidade de sociedade científica ou instituição acadêmica e tem a obrigação de adotar sistema de avaliação por pares (CAPES, 2009).

A lista de requisitos mínimos que é tomada como base para avaliação das revistas é composta pelos seguintes itens: editor responsável; conselho editorial; ISSN; linha editorial; normas de submissão; periodicidade mínima semestral; avaliação por pares; publicação de pelo menos 14 artigos por volume; afiliação institucional dos autores; afiliação institucional dos membros dos conselhos; resumos dos artigos na língua de publicação da revista e em inglês; descritores dos artigos na língua de publicação da revista e em inglês; data de recebimento e aceitação de cada artigo; pelo menos um número do ano anterior publicado (CAPES, 2009).

A partir dessas considerações, as publicações são classificadas de acordo com os critérios explicados na tabela 1:


Como podemos notar, o objetivo dessa classificação é estimular a qualidade dos periódicos e sua indexação, que significa essencialmente maior visibilidade e potencial de impacto, uma vez que possibilita que mais leitores venham a ler tal periódico. De posse dessas definições operacionais básicas da avaliação em questão, podemos agora retornar à nossa questão inicial: levando em conta o alto número de periódicos avaliados, quantas seriam as publicações em psicanálise e quais os seus estratos?

O método ideal para responder essa pergunta seria examinar um por um todos os periódicos da lista CAPES. Porém, isso envolveria um grande problema de viabilidade técnica e financeira: conseguir acesso a todos esses documentos. Procurando adequar o problema proposto aos recursos efetivamente à nossa disposição, nossa análise utilizou os títulos dos periódicos, ordenando-os em três classes:

1) Periódicos evidentemente psicanalíticos – aqueles que possuem a palavra “psicanálise” ou outro termo/expressão igualmente interpretados como denunciadores inequívocos de abordagem psicanalítica, como, por exemplo, “lacaniana”;

2) Periódicos evidentemente não-psicanalíticos – aqueles em cujos títulos encontramos termos indicativos de outras abordagens, como “behavior”, “gestalt” e “pharmacology”;

3) Periódicos cujo título era ambíguo ou insuficiente para levar a qualquer conclusão sobre qual a sua abordagem ou conteúdo, como “natureza humana”, “agora” ou “acheronta”.

Depois de realizada essa classificação, os itens considerados como pertencentes ao primeiro grupo foram imediatamente incluídos na lista final, enquanto os itens do segundo grupo foram automaticamente excluídos. Os itens que constituíram o terceiro grupo passaram por uma análise mais detalhada, na qual a internet foi utilizada como ferramenta para conseguir acesso aos índices de pelo menos dois números já publicados de cada um dos periódicos que suscitou dúvida. A análise dos títulos e, quando disponível, do resumo e/ou do texto completo dos artigos publicados em cada periódico do terceiro grupo levou-nos a uma decisão sobre o seu caráter psicanalítico ou não-psicanalítico.

Assim elaboramos a lista de títulos de periódicos considerada de psicanálise. A partir dessa, foram analisadas a sua localização geográfica e os modos de captação e disponibilidade dos textos. Dessa maneira obtivemos os dados finais deste documento que pretende ser, antes de tudo, um recurso prático de consulta e orientação para pesquisadores na área de psicanálise.

Resultados e discussão

A apresentação e discussão dos dados estão organizadas em três partes. A primeira apresenta a lista completa de periódicos de psicanálise avaliada em 2009, organizada por estrato; a segunda parte comenta a sua distribuição em diferentes regiões e estados do Brasil, citando também as publicações encontradas que são editadas em outros países; na terceira mostramos o que os periódicos disponibilizam na internet e como aqueles que possuem normas de publicação on-line recebem os artigos.

Indexação e estrato

Foram encontrados ao todo 65 periódicos de psicanálise. Sua distribuição nos diferentes estratos de classificação da CAPES revela o alto número daqueles que foram avaliados como B4, B5, C e SR, e, portanto, não estão indexados em nenhum dos Indicadores ou Bases de Dados (IBDs) usados como parâmetro pela comissão avaliadora. São 41 periódicos ao todo nessa situação, ou seja, mais da metade. Dos 24 restantes, 6 são estrangeiros, o que nos deixa com um número de 18 periódicos de psicanálise nacionais dentro dos IBDs. Destes, nenhum alcançou o estrato A1, apenas um atingiu o A2, concentrando-se os demais nas categorias B1 (5 periódicos), B2 (5 periódicos) e B3 (7 periódicos).


Distribuição geográfica

Dos 65 periódicos encontrados, 46 são publicados no Brasil e 19 em outros países. Dos estrangeiros, 7 são publicados na França, 3 na Argentina, 3 no Reino Unido e houve apenas 1 ocorrência na Áustria, Peru, Itália, EUA, Suécia e Espanha. É importante lembrar que esses números não representam a totalidade dos periódicos que efetivamente existem no Brasil ou nos outros países mencionados, mas apenas a quantidade avaliada pela CAPES e selecionada pelo nosso método.

Observando a distribuição dos periódicos nacionais por região, notamos uma alta concentração dos mesmos na região sudeste, que responde por aproximadamente 89,13% dos periódicos de psicanálise avaliados, enquanto as regiões Nordeste e Sul aparecem empatadas com o mesmo percentual de 4,35% e a região Centro-Oeste com 2,17%, sendo que nenhum resultado foi computado para a região Norte.

Pesquisa de Yamamoto, Souza e Yamamoto (1999) demonstraram que a publicação em psicologia está concentrada em instituições da Região Sudeste e Sul do país. Abstendo-nos de comentar se essa situação mudou ou não nos últimos dez anos, ressaltamos apenas que os nossos resultados apontam para uma realidade de concentração ainda mais acentuada para o campo da psicanálise atualmente – com a diferença de que a disparidade se encontra entre a região Sudeste e todas as demais.

Quando descemos nosso nível de análise para os estados, é importante apontar que o estado de São Paulo sozinho possui 43,48% do total de periódicos nacionais pesquisados e aparece como maior produtor de revistas científicas de psicanálise, seguido pelo estado do Rio de Janeiro (23,91%) e de Minas Gerais (21,74%). Em todos os demais estados em que houve resultados (CE, DF, PE, PR e RS) apenas um periódico foi listado, o que corresponde a 2,17% de participação para cada um desses estados no número total.

Presença na Internet: normas de publicação, disponibilidade dos textos e modo de recepção dos artigos

Do conjunto avaliado, 33 periódicos não possuem normas de publicação disponíveis on-line, 31 periódicos possuem normas disponíveis on-line e em um caso não foi possível averiguar, pois o site da revista se encontrava fora do ar. Aqueles periódicos que possuem site e mostram quais são suas normas certamente possuem um diferencial interessante frente aos demais, uma vez que facilitam o contato dos autores possivelmente interessados em submeter artigos.

No que diz respeito ao acesso aos textos, vários modos de interação são possíveis. Alguns mostram somente o índice com os títulos dos artigos em cada número, cabendo ao interessado procurar comprar a revista. Outros fornecem além do título, também o resumo. Há os que permitem acesso ao texto completo mediante pagamento (todos os exemplos desse tipo foram de periódicos estrangeiros), os que permitem a visualização de somente alguns textos completos e outros não, e os que disponibilizam todo o conteúdo sem cobrar nada1.

Por fim, pesquisando dentro do grupo de 31 periódicos que possuíam normas de publicação on-line descobrimos que 14 deles exigem envio pelo correio, enquanto 17 recebem via e-mail ou on-line via site. Os últimos certamente economizam tempo, dinheiro e espaço. De todos os 65 listados apenas 11 apresentaram características de visibilidade e adaptação máxima à internet, se enquadrando simultaneamente entre aqueles que disponibilizam textos gratuitamente. Apresentam também normas de publicação on-line e recebem artigos via e-mail, sem necessidade de cópia impressa (alguns inclusive deixaram de publicar a revista impressa, como é o caso da aSEPHallus e da Acheronta).

Considerações Finais

Os resultados desta pesquisa demonstraram a alta concentração da produção de conhecimento em psicanálise na região Sudeste do país, sendo o trio São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais responsável por quase toda publicação de revistas científicas nesse campo. Condições históricas, econômicas e sociais certamente são fatores que explicam tal situação, dadas as peculiaridades do desenvolvimento e urbanização dessa região.

A qualidade dos periódicos, tomados em seu conjunto, certamente deixa a desejar, uma vez que mais da metade não possui vinculação com os IBDs, o que mostra que há muito a ser feito pelos editores na busca por melhorias. Talvez seja importante perguntar também até que ponto pode haver preconceito ou falta de interesse por parte de pesquisadores em psicanálise em relação à indexação das revistas dentro de bases de dados voltadas, de um modo geral, para um contexto diferente: o da psicologia acadêmica.

Ressaltamos o interesse de uma maior interação com a internet, sendo algo de extrema importância a manutenção de um site que forneça (1) normas de publicação e (2) textos completos ou contato para compra da revista. Além disso, a disponibilidade do corpo editorial em aceitar artigos via e-mail constitui o terceiro ponto-chave de interação via internet. A existência
desses três itens sem dúvida aumenta a divulgação, agilidade e eficiência da revista.

Para concluir, apresentamos algumas reflexões sobre as limitações dessa pesquisa. A classificação feita nesse artigo nos fez perceber, por exemplo, que ao tentar selecionar os periódicos estritamente de psicanálise, deixamos de lado importantes veículos de informação de qualidade que também publicam psicanálise, embora não prioritariamente, como as revistas Psicologia. Teoria e Prática (ISSN: 1516-3687), Psicologia USP (ISSN: 0103-6564) Psicologia em Revista (ISSN: 1677-1168) Psicologia Clínica (ISSN: 0103-5665) e Psicologia Ciência e Profissão (ISSN: 1414-9893), apenas para citar alguns exemplos.

Isso significa que importantes artigos em psicanálise podem estar justamente em uma revista que não tem a psicanálise como assunto principal na sua política editorial. Esse tipo de problema certamente também seria encontrado se tentássemos elaborar uma lista para outra área, como a psicologia humanista-existencial. O que nos leva a perguntar: até que ponto uma classificação de periódicos de psicologia por área/assunto é possível e desejável. Afinal, dividir periódicos de psicologia por assunto certamente envolveria um debate caloroso sobre quais categorias utilizar, por exemplo, psicologia do desenvolvimento, psicopatologia, estudos de personalidade, avaliação psicológica e psicometria, etc. e sobre como estabelecer os limites entre uma área e outra.

A tarefa se complica mais ainda quando percebemos que vários periódicos poderiam ser classificados em mais de uma categoria ao mesmo tempo, pois publicam em mais de uma área ou tema. Considerando que toda classificação é uma distorção da realidade, parcial e arbitrária, seria melhor desistir de qualquer tentativa de organização, diante de um desafio tão difícil?

Melhor apostar no uso cuidadoso e comedido de tais listas, pois seu valor está no fato de que alguma orientação é melhor do que orientação nenhuma. No entanto, devemos tomar o cuidado de não considerá-las nunca completas, retratos fiéis e acabados da realidade, o que não são; nem recursos infalíveis, pois já demonstramos que deixam escapar informações essenciais. Uma busca direta e diversificada sempre pode revelar novidades e surpresas, sendo o bom pesquisador aquele que nunca está satisfeito com os resultados que encontra e procura constantemente por mais.

Por fim, sabemos que a elaboração de uma lista como essa é uma tarefa difícil, passível de erros e que os critérios estabelecidos logo demonstram vantagens e desvantagens provenientes da sua escolha e utilização, sendo impossível tudo abarcar. Por isso estamos abertos a críticas, sugestões e correções vindas de todos os interessados e esperamos que esse trabalho seja, acima de tudo, útil aos pesquisadores brasileiros em contato com a psicanálise.

Nota:

  1. Não pretendemos entrar aqui na polêmica do livre acesso ou acesso pago, discussão que envolve editoras, cientistas e autores de um modo geral, bases de dados, desenvolvimento da tecnologia e legislação de direitos autorais. Porém indicamos ao leitor interessado a leitura do Fórum realizado pela revista Nature sobre o assunto, que se encontra disponível on-line (http://www.nature.com/nature/debates/e-access/), assim como o texto de Neves (2004).

Referências bibliográficas

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=sci_arttext&pid=S0102-79721999000200019&lng=en&nrm=iso
> Acesso em: 15 ago 2009.

 
Texto recebido em: 20/02/2010
Aprovado em: 15/04/2010