Contexto e conceitos: uma pequena introdução sobre o inconsciente e a repetição em Freud e Lacan
Context and concepts: a small introduction about unconscious and repetition in Freud and Lacan


Fabiana Mendes Pinheiro de Souza
Graduada em Psicologia pela Universidade Estácio de Sá
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica da UFRJ
Bolsista da CAPPES
fabmps@gmail.com

Resumo

Lacan descreveu o inconsciente inicialmente como uma ordem, uma cadeia, uma regularidade. No Seminário 11, ele recentraliza este conceito sobre a descontinuidade. Descreve-o como uma borda que se abre e se fecha, o que o torna homogêneo a uma zona erógena. Miller classifica que, a partir do Seminário 11, o inconsciente estruturado pela linguagem, o inconsciente das regras, do mito, estrutural, passa a ser menos importante que o inconsciente pulsional. Cabe demonstrar, a partir do capítulo III desse seminário, a existência de duas teses. A primeira é a de que a ciência que conhecemos agora começou com Descartes, ou seja, o sujeito da ciência é o sujeito do cogito. Esta tese não é uma invenção de Lacan, mas uma tese filosófica estabelecida anos antes principalmente por Hegel. A segunda, é que o sujeito da psicanálise é o sujeito cartesiano, isto é, o sujeito que condiciona a ciência.

Palavras-chave: psicanálise, inconsciente, repetição, sujeito cartesiano, ciência moderna.

 

Context and concepts: a small introduction about unconscious and repetition in Freud and Lacan

Abstract

Lacan first described the unconscious as an order, a chain, a regularity. In the Seminar XI, he refocuses this concept around discontinuity. He describes it as a border that opens and closes, which makes it homogenous to an erogenous zone. Miller states that as from Seminar XI, the unconscious that is structured by language, the unconscious of the rules, of the structural myth, becomes less important than the unconscious of drive. We will demonstrate, starting from chapter III of this seminar that two thesis exist. The first one is that science as we now know it starts with Descartes, which means that the subject of science is the subject of cogito. This thesis is not an invention of Lacan, it's a philosophical thesis established years before, mainly by Hegel. The second one is that the subject of psychoanalysis is the subject of Descartes, which is the subject that conditions science.

Keywords: psychoanalysis, unconscious, repetition, Cartesian subject, modern science.

 

Este texto trata do modo como Lacan situa os conceitos de inconsciente e repetição em Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964). Para contextualizar o que estava acontecendo quando Lacan ministrou seus seminários em 1964, utilizarei a orientação de Jacques-Alain Miller (1997) em seu curso Do sintoma à fantasia, e de volta. Ali ele tentou reconstruir várias partes do Seminário 11 e, a cada ano, num momento ou outro, tornava a olhar para este seminário a partir de uma nova perspectiva. Freqüentou-o como estudante, editou-o como professor e o comentou publicamente como psicanalista. Ao abordar este seminário, Miller enfatizou o sentido em que se constitui um debate de Lacan com Freud. Segundo o autor, há uma disputa com Freud que se desenvolve secretamente no texto. (Miller, 1997, p. 17).

 

Contexto da batalha institucional de Lacan

O Seminário 11 é o seminário de alguém que está começando de novo. Há um corte entre os dez seminários anteriores de Lacan e este aqui. Os dez anteriores foram ministrados no Hospital de Saint-Anne num auditório onde se reuniam cinqüenta e, mais tarde, cem pessoas enquanto que no período do Seminário 11, Lacan deixou o hospital psiquiátrico por um salão de conferências na École Normale e qualquer pessoa podia entrar e escutá-lo. Este fato ressaltava que não se tratava apenas de uma mudança de lugar, mas também de uma mudança de audiência. Os seminários anteriores eram dados a uma platéia de clínicos, ao passo que este era o primeiro a se dirigir ao público em geral, não apenas clínicos, mas também a estudantes, professores e outros da área de humanas. Havia também uma audiência específica: os estudantes da École Normale. (Miller, 1997).

Lacan fundou sua própria escola em 1964. Anteriormente queria ser readmitido pela IPA. Lacan não foi expulso da IPA, lembra-nos Miller, mas apenas destituído de suas funções de didata. Em 1953 Lacan decidiu juntamente com alguns colegas, deixar o instituto francês, a Société psychanalytique de Paris, porque este caminhava numa direção autoritária que lhe era inaceitável. Eles deixaram o instituto francês e pediram que o novo fosse reconhecido pela IPA. Em 1963, Marie Bonaparte, que fazia parte do comitê central e era amiga de Anna Freud, Hartmann e outros, convenceu o comitê a enviar uma carta a Lacan dizendo que lamentavam muito, mas uma vez que este tinha deixado o instituto francês não era mais membro da IPA. Lacan e seus colegas ficaram muito surpresos com essa resposta. Esta carta foi assinada por Ruth Eissler, que teve grande influência na história da psicanálise. Mas, durante dez anos a partir de 1953, Lacan e seus amigos tentaram provar que eram dignos de serem chamados de volta. Em 1963 receberam um “não” definitivo da IPA e romperam com o grupo. Àquela altura Lacan, que nunca desejara criar sua própria escola, o fez, e a chamou de École Freudienne para provar que não era um dissidente. Apesar de não ter sido aceito pela IPA, ele não tinha intenções de seguir o caminho de Jung ou Adler, e permaneceu fiel a Freud. A École Freudienne de Lacan foi fundada em 21 de junho e se localiza no tempo entre os capítulos XIX e XX do Seminário 11. (Miller, 1997, p. 18)

O seminário Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise parece ser um tributo a Freud, uma vez que esses conceitos são tirados diretamente de sua obra. Lacan utiliza o termo “conceitos freudianos” apenas para provar que não é um dissidente. Por esta mesma razão chamou sua instituição de Escola Freudiana. O seminário era um tributo a Freud. Mas dentro deste tributo ele tenta ir além de Freud. Não um além que deixe Freud para trás. Trata-se de uma além de Freud que, mesmo assim, está em Freud. Lacan está à procura de alguma coisa na obra de Freud de que o próprio Freud não houvesse se dado conta. Algo que Miller chama de extimidade já que se tratava de algo tão íntimo que mesmo Freud não o percebeu. Tão íntimo que essa intimidade é uma extimidade, um mais-além interno.

Lacan levanta questões epistemológicas sobre os conceitos psicanalíticos mas, ao fazer isso, ele está realmente perguntando se os conceitos de Freud devem permanecer os únicos válidos em psicanálise. Fica claro que, ao ministrar o seminário sobre os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, ele introduz outros conceitos que, estritamente falando, não estão na obra de Freud e que Lacan considera como seus próprios. Neste seminário Lacan não adota um texto de Freud como o fez durante os primeiros dez anos do seu ensino (no primeiro ano foram os escritos técnicos de Freud; no terceiro ano o caso Schreber; em A ética da psicanálise foi “O mal-estar na civilização”). Lacan toma Freud como tal e nos anos seguintes de seu seminário nunca mais adota um texto de Freud da mesma maneira. De vez em quando discute um texto, mas não constrói seu seminário inteiramente em torno dos livros ou artigos de Freud. A cada ano elabora um de seus próprios esquemas ou conceitos.

No interior dessas questões epistemológicas há uma estratégia do seminário, uma espécie de reescrita de Freud, uma versão de Freud que Lacan adota; mas isto é feito em segredo, discretamente, porque ao mesmo tempo Lacan tem que provar que ele é o verdadeiro herdeiro de Freud.

O inconsciente é um dos quatro conceitos fundamentais da psicanálise e foi completamente negligenciado pelos psicólogos do eu a ponto de, para eles, o inconsciente nem mesmo ser um conceito fundamental. Eles não sabem o que fazer com o inconsciente porque consideram que a primeira tópica de Freud - inconsciente, pré-consciente e consciente - foi completamente superada pela segunda tópica - eu, supereu e isso (Miller, 1997, p. 21).

Lacan revitaliza o conceito freudiano de inconsciente introduzindo o conceito de sujeito. Miller (Ibid., p. 21) afirma que, na verdade, Lacan introduz o inconsciente como um sujeito, pois sujeito não é um conceito freudiano, mas lacaniano. É um reordenamento da obra de Freud.

Quando Lacan aborda o segundo conceito fundamental, a repetição, ele introduz a conexão entre S1 e S2, que é a articulação das coisas. Miller sugere uma outra leitura do Seminário 11. Afirma que ele pode ser lido em dois níveis. Por um lado, é uma revitalização ou celebração de Freud e, por outro, é a introdução de um novo modo de falar sobre a psicanálise, uma nova fundação da psicanálise. Com seus quatro conceitos fundamentais, é como se Lacan apresentasse o inconsciente de quatro maneiras distintas. De fato, existem quatro representações distintas da experiência analítica, quatro maneiras distintas de compreender o que se passa numa análise. Este seminário é muito próximo à prática analítica.

Miller (Ibid., p. 22) pontua que este seminário levanta a questão o que é falar? Como compreendemos o fenômeno da fala numa análise? Lacan privilegia as falhas, optando por definir o inconsciente como “tropeço, desfalecimento, rachadura”. Tem muita afinidade com a primeira descoberta de Freud, uma descoberta rejeitada pelos psicólogos do eu, que acham que Freud não sabia tanto quanto eles.

“Tropeço, desfalecimento, rachadura. Numa frase pronunciada, escrita alguma coisa se estatela. Freud fica siderado por esses fenômenos e é neles que vai procurar o inconsciente. Ali alguma outra coisa quer se realizar – algo que aparece como intencional, certamente, mas de uma estranha temporalidade. O que se produz nessa hiância, no sentido pleno do termo produzir-se, se apresenta como um achado. É assim que a exploração freudiana encontra o que se passa no inconsciente” (Lacan, 1964, p.30).

Lacan está muito próximo de “A Interpretação dos sonhos”, da “Psicopatologia da vida cotidiana” e de “Os Chistes e sua relação com o inconsciente”. Ao mesmo tempo, o que diz é muito prático. No prefácio que escreveu à edição em língua inglesa do Seminário 11, em 1976, Lacan afirmou que “Quando o espaço de um lapso não porta mais qualquer significado (ou interpretação), só então se pode estar certo de estar no inconsciente. Sabe-se” (Lacan apud Miller, 1997, p. 22). Assim, mesmo que esteja enfatizando um outro ponto, uma falha no significado, ele também está tentando focalizar os momentos em que se é levado a dizer, “é isso aí”. Lacan apresenta esse momento como sendo precisamente aquele, no discurso comum, quando diríamos “não é isso”. Na experiência analítica, quando um lapso ou uma falha ocorre, alguma coisa é invertida e dizemos “é isso”. É isso o que Lacan chama de sujeito. Ele tenta apresentar o inconsciente como algo que é, ao mesmo tempo, uma modalidade do nada e uma modalidade do ser. È um estranho tipo de ser que aparece quando não deveria; precisamente quando uma intenção estranha está sendo realizada. Lacan optou por enfatizar o inconsciente como sujeito, um sujeito que é um tropeço já que não se encaixa, mas se expande para preencher o próprio desejo.

Quando Lacan diz “sujeito” isso equivale a dizer “desejo”, algo que não se encaixa. Mas este não é o inconsciente de Freud, porque o inconsciente também aparece como repetição. Isso é o que Lacan apresenta como a rede de significantes e podemos ver Freud, na prática, produzindo este campo da investigação ao notar na fala dos seus pacientes aquilo que aparece repetidas vezes em seus sonhos e parapraxias. Assim como Freud observa ocorrências repetitivas, Lacan inicialmente marca o inconsciente como um tropeço, mas também enfatiza a repetição do inconsciente que sempre diz o mesmo (Miller, 1997, p. 23).

É importante frisar o inconsciente como repetição porque isso é diferente de enfatizá-lo como resistência, o que é tão fundamental na psicologia do eu. A tese que Lacan desenvolve nesse livro é a de que o inconsciente não resiste tanto quanto repete (Miller, 1997, p. 23). De certo modo, a resistência desaparece nesse texto. Ela não aparece de modo algum como um conceito fundamental, nem mesmo como um conceito secundário. Lacan enfatiza a repetição em vez da resistência.

Coelho dos Santos (2002, p. 7) afirma que o pensamento estruturalista dominou o primeiro ensino de Lacan, que abrange os registros imaginário e simbólico tal como compreendidos no intervalo entre os Seminários 1 e 11. Miller destaca que o Seminário 11 inicia um período onde o inconsciente estruturado pela linguagem, o inconsciente das regras, do mito, estrutural, passa a ser menos importante que o inconsciente como máquina de pulsação, de abre e fecha – o inconsciente pulsional. Só até aqui já vemos corte e ruptura. Miller diz que Lacan não abandonou o inconsciente das regras, mas relativizou o valor dessa abordagem à luz de uma outra perspectiva: a do inconsciente como pulsação temporal. Na abertura do Seminário 11, Lacan afirmou, inclusive, que trataria do inconsciente freudiano e do nosso. Sua operação seria a de retomar o inconsciente freudiano pela perspectiva pulsional do abre e fecha (Ibid., p. 7).

Coelho dos Santos (Ibid., p. 8) lembra que o Seminário 11 é ministrado no momento em que Lacan é expulso da IPA e que se trata de um momento de corte com a instituição fundada por Freud, um momento no qual, Lacan dá o primeiro passo fora do que seria o ensino freudiano. Seria, então, o primeiro distanciamento em relação ao ensino freudiano. Segundo Coelho dos Santos, a tese de Miller, no que se refere ao que ele chama de “o último ensino de Lacan” - que ele próprio estabeleceu, de modo que esse texto é quase um texto de fundação de uma nova perspectiva - é a de que Lacan dá um passo fora do ensinamento de Freud. Não se trata, simplesmente, de valorizar em Freud algo que não foi suficientemente levado em conta, isto é, o aspecto pulsional do inconsciente, o inconsciente como máquina pulsional, mas de um Lacan que estaria se desvencilhando de Freud. Então, não é mais um Lacan que retorna a Freud seja pela primeira ou pela segunda vez, mas um Lacan que se separa de Freud. (Coelho dos Santos, 2002, p. 8).

Em “Os seis paradigmas do gozo”, Miller (2000, p. 94) afirma que, no início do Seminário 11, Lacan descreve o inconsciente de um modo como jamais havia feito. Lacan até então, descreveu o inconsciente muito mais como uma ordem, uma cadeia, uma regularidade. No início do Seminário 11, ele recentraliza todo o inconsciente sobre a descontinuidade. Descreve-o como uma borda que se abre e se fecha. Escolher valorizar o que se abre e se fecha é correlato de tornar o inconsciente homogêneo a uma zona erógena. Segundo Miller (2000, p. 94), Lacan descreve o inconsciente sob a forma de uma zona erógena para mostrar agora que há uma comunidade de estrutura entre o inconsciente simbólico e o funcionamento da pulsão.

 

O conceito de inconsciente em Freud e Lacan

Lacan afirma que “o inconsciente, conceito freudiano, é outra coisa” e é isso o que ele gostaria de tentar ensinar (Lacan, 1964, p. 26). Para Coelho dos Santos (1995-96), a ênfase histórica inicial que Lacan introduz com essa afirmativa já assinala que não se trata de uma leitura propriamente histórica dos conceitos freudianos, mas de uma leitura estrutural, a partir da pulsão de morte.
Na virada dos anos 20, Freud repensou sua metapsicologia e apresentou a segunda tópica do aparelho psíquico. Em “Mais Além do Princípio do Prazer” (1920), anunciou sua perplexidade face ao paradoxo da compulsão à repetição. A compulsão à repetição será então o fenômeno que apontará para um aspecto da vida psíquica, desde logo identificado como da ordem do pulsional, que passa ao largo da referência ao prazer ou ao desprazer, mostrando-se indiferente ao princípio do prazer (Coelho dos Santos, 1991). A pulsão é por excelência, no segundo dualismo pulsional, pulsão de morte.

Refletindo sobre as neuroses traumáticas Freud distingue os sentimentos de medo - que se referem a um objeto definido - e de angústia - que releva da preparação para o perigo do “susto” vez que este último “é o nome que damos ao estado em que alguém fica, quando entrou em perigo sem estar preparado para ele, dando-se ênfase ao fator surpresa” (Freud, 1920, p. 24). Os sonhos dos neuróticos traumáticos mostram a peculiaridade de reconduzi-los à situação traumática da qual eles acordam tomados por um novo susto. Essas situações revelam a fixação ao trauma. Evidencia-se aqui a intrigante peculiaridade da compulsão na vida psíquica à repetição de experiências desagradáveis (Coelho dos Santos, 1991).

É, entretanto, a tentativa de compreender o jogo do seu neto que permite a colocação mais precisa das indagações suscitadas pela “repetição do evento traumático”. Freud se pergunta por que o menino reencena o desaparecimento do carretel/mãe. Trata-se de uma pulsão de domínio que o compele a assumir um papel ativo em face da experiência passiva de ser deixado diariamente pela mãe, revelando assim que a expressão de um impulso hostil poderia ser um evento mais primário na vida psíquica e independente do princípio do prazer, ou a repetição do evento desagradável não era mais que uma mera pré-condição para que se reproduzisse o prazer ligado ao ansiado retorno da mãe?

A primeira hipótese não representa, em absoluto, uma ruptura com as formulações sobre a pulsão encontradas nos artigos metapsicológicos de 1915. A repetição do evento desagradável – Freud se pergunta - não seria um exemplo de uma “produção de prazer de outra fonte”, mais direta? Essa última hipótese refere-se ao fato enigmático de que o menino repetia “como um jogo em si mesmo” o primeiro ato, referido ao desaparecimento da mãe. E é esse fato que será exaustivamente reexaminado por Freud no contexto da “compulsão à repetição” nas neuroses indicando que a repetição em si mesma, constitui um princípio mais “primitivo, mais elementar e mais pulsional do que o princípio de prazer que ela domina” (Freud, 1920, p. 37). Temos aqui a referência a um princípio – “repetição em si mesma” - e a referência a uma produção de prazer de outra fonte –que não a sexualidade ou a pulsão sexual - “mais direta”.

Lacan (1964, p. 63) aponta que o jogo do carretel é a resposta do sujeito àquilo que a ausência da mãe veio criar na fronteira de seu domínio - a borda do seu berço -, isto é, um fosso, em torno do qual ele nada mais tem a fazer senão o jogo do salto.

É a repetição da saída da mãe como causa de uma spaltung no sujeito- superada pelo jogo alternativo, fort-da, que é um aqui ou ali, e que só visa, em sua alternância, ser o fort de um da e o da de um fort. O que ele visa é aquilo que, essencialmente não está lá enquanto representado- pois é o jogo mesmo que é o Reprasentanz da Vorstellung. O que se tornará a Vorstellung quando, novamente esse Reprasentanz da mãe- em seu desenho tachado de toques, de guaches do desejo-vier a faltar? (Lacan, 1964, p. 63).

Cabe circunscrever inicialmente o que Freud denominou de inconsciente a partir do texto “A Interpretação dos sonhos” (1900) e dos artigos metapsicológicos de 1915. Nesse contexto, os conceito de inconsciente e de recalque estão implicados a partir do estudo das neuroses onde a ênfase dada é ao inconsciente tomado como recalcado. Em “A Interpretação dos sonhos” (1900), Freud faz menção ao umbigo dos sonhos como um ponto nodal impossível de se atingir pela interpretação. No artigo “O inconsciente” (1915), ele afirma na introdução que o inconsciente é mais amplo que o recalcado. Essas formulações só produzem seus efeitos quando revisitadas e contextualizadas pela metapsicologia de 1920, com a introdução do conceito de pulsão de morte e de isso em “O ego e o id” (1923). O isso em Freud é o inconsciente irrecalcável a sede das pulsões. O giro que Lacan realiza no Seminário 11 é apontar que o inconsciente - conceito freudiano - é o isso.

Esta afirmação nos indica que a psicanálise introduz outra coisa que o pensamento consciente.
Lacan sugere a leitura do sétimo capítulo do livro sobre os sonhos que se intitula “O esquecimento dos sonhos”, onde Freud só faz referência aos jogos do significante. O funcionamento que foi produzido por Freud como fenômeno do inconsciente nos mostra que no sonho, no ato falho e no chiste o que chama primeiro a atenção é o modo de tropeço pelo qual eles aparecem (Lacan, 1964, p. 29). Sob esse prisma, o inconsciente evidencia-se como tropeço, rachadura, provocando uma descontinuidade no discurso. Lacan destaca que “ali alguma coisa quer se realizar - algo que aparece como intencional, certamente, mas de uma estranha temporalidade” (Ibid., p.30). Movimento de síncope, abertura e fechamento cujo aparecimento se faz entre dois pontos - o inicial e o terminal - de um tempo lógico só reconhecível na posterioridade dos seus efeitos. Para Lacan, “o inconsciente é algo que é da ordem do não realizado” (Ibid., p. 28).


Sobre o sujeito da certeza em Lacan, Freud e Descartes

Lacan afirma que “o encaminhamento de Freud é cartesiano - no sentido de que parte do fundamento da certeza” (1964, p. 38). Precisamos entender primeiro de quê maneira Freud é cartesiano e por quê.

Esta afirmação de Lacan comporta duas teses. A primeira é a de que a ciência que conhecemos agora começou com Descartes. Isto quer dizer que o sujeito da ciência é o sujeito do cogito. Esta primeira tese não é uma invenção de Lacan, mas uma tese filosófica estabelecida anos antes, principalmente por Hegel. Para Hegel, Descartes marcava o início dos tempos modernos. A segunda tese é de Lacan e se resume na fórmula “o sujeito sobre quem operamos em psicanálise só pode ser o sujeito da ciência” (1998, p. 873), isto é, o sujeito que condiciona a ciência. Estas teses orientam a busca da resposta à questão sobre qual é a semelhança existente entre Freud e Descartes, uma vez que Lacan insiste “[...] em que há um ponto em que se aproximam, convergem, os dois encaminhamentos, de Descartes e de Freud” (Ibid., p. 38).

O cogito ergo sum, - “Penso logo existo” - de Descartes, contempla a característica do sujeito do cogito. O sujeito do cogito é o sujeito do pensamento. É só porque ele pensa que se assegura de si. Ele é um sujeito do pensamento e, ao mesmo tempo, um sujeito da certeza. Por isso, Lacan intitula o terceiro capítulo do Seminário 11 como “Do sujeito da certeza”. O sujeito da certeza é precisamente o sujeito do cogito. Mas qual é a certeza em jogo? O sujeito está certo somente quanto à sua própria existência. Entretanto, não está certo quanto à sua essência ou ser essencial. Sua certeza é a certeza da existência como presença, presença do sujeito.

O sujeito do pensamento ou da certeza não é o sujeito da verdade porque sua certeza é completamente independente da verdade. O cogito suspende qualquer consideração da verdade. Meus pensamentos podem ser verdadeiros ou falsos - não importa -, podem ser alucinações, sonhos, enganos - não importa. Quando penso, sou.

O pensamento está num sonho, por exemplo (um sonho consiste de pensamentos quando o paciente o relata), e em especial quando o paciente não assume responsabilidade por seus pensamentos do sonho ou quando duvida deles. Freud está certo de que o sujeito do inconsciente está ali também. Esta é a hipótese freudiana. Neste capítulo, “Sobre o sujeito da certeza” encontramos a seguinte citação de Lacan:

“[...] Freud, onde duvida, [...] está seguro de que um pensamento está lá, pensamento que é inconsciente, o que quer dizer que se revela como ausente. É a este lugar que ele chama, uma vez que lida com outros, o eu penso pelo qual vai revelar-se o sujeito. Em suma, Freud está seguro de que esse pensamento está lá completamente sozinho de todo o seu eu sou, se assim podemos dizer, - a menos que, este é o salto, alguém pense em seu lugar” (Lacan, 1964, p. 39).

Encontramos aqui a dissimetria entre Freud (ou os psicanalistas em geral) e Descartes. Existe uma dissimetria referente à certeza. Em psicanálise, a certeza não é encontrada no sujeito do pensamento. Ela se situa no Outro. A dissimetria entre Freud e Descartes consiste em suas diferentes posições sobre a certeza. Lacan diz: “sabemos graças a Freud, que o sujeito do inconsciente se manifesta, que isso pensa antes de entrar na certeza” (Ibid., p. 40).

Se, no começo afirmamos com Lacan que Freud era cartesiano, agora acrescentamos que Freud subverte o sujeito de Descartes porque o sujeito cartesiano, na medida em que é o sujeito do pensamento, significa auto-consciência e mestria. O sujeito do pensamento, como pensamento inconsciente, significa o sujeito como escravo e não como mestre, o sujeito assujeitado ao efeito da linguagem, subvertido pelo sistema de significantes.

Mas o que é o sujeito submetido ao sistema de significantes? No Seminário 11, Lacan diz que o sujeito não é nada senão um significante. Este sujeito é, primariamente, um efeito, não um agente. O sujeito a princípio se constitui no campo do Outro como lugar dos significantes e da fala (Lacan, 1964, p. 187).

Portanto, à questão “o que é o sujeito?”, Lacan responde: “o sujeito nasce no que, no campo do Outro, surge o significante. Mas, por este fato mesmo, isto - que antes não era nada senão sujeito por vir – se coagula em significante” (Ibid., p. 187). Um pouco mais adiante, reitera: “[...] por nascer com o significante, o sujeito nasce dividido. O sujeito é esse surgimento que, justo antes, como sujeito, não era nada, mas que, apenas aparecido, se coagula em significante” (Ibid., p. 188). O Outro, como lugar da linguagem - o Outro que fala –, precede o sujeito e fala sobre o sujeito antes de seu nascimento. Assim, o Outro é a primeira causa do sujeito. O sujeito não é uma substância: é o efeito de um significante. É representado por um significante.

O inconsciente freudiano subverte a lógica cartesiana porque não permite a ilusão de equacionar o ser ao pensamento e, com isso, constituir um sistema onde a verdade se fecha. O inconsciente é o campo resistente às certezas porque ele prova que a existência não se reduz ao ego. O estatuto do sujeito é o da Spaltung.

O sonho introduzido por Freud no último capítulo de “A interpretação dos Sonhos” é exemplar nesta direção. Trata-se de um “[...] sonho suspenso em torno do mistério mais angustiante, o que une um pai ao cadáver de seu filho mais próximo, de seu filho morto. O pai sucumbido ao sono vê surgir a imagem do filho, que lhe diz – ‘Pai, não vês que estou queimando?’” (Lacan, 1964, p. 37).

Segundo Freud, “os sonhos são atos psíquicos [...] [cuja] força propulsora é [...] um desejo inconsciente que busca realizar-se” (Freud, 1900, p. 564). A partir desta tese, ele analisa o sonho da criança que estava queimando interessado em responder a uma importante questão: porque o sonhador continuou dormindo ao invés de acordar quando vê surgir a imagem do filho ardendo que lhe diz a célebre frase: “Pai, não vês que estou queimando?”? Freud reconhece que um dos motivos que fez com que o pai ficasse sucumbido ao sono foi o desejo de representar o filho ainda como vivo. Assim, teria sido em nome da realização deste desejo que o processo de pensamento transformou-se num sonho durante o sono.

“Temos aqui a característica psicológica mais geral e mais notável do processo de sonhar: um pensamento, geralmente um pensamento sobre algo desejado, objetiva-se no sonho, é representado como uma cena, ou, segundo nos parece é vivenciado” (Freud, 1900, p. 565)

Freud, com sua descoberta de que há pensamento no sonho, contrariou a consciência de si e toda a tradição filosófica decorrente do cartesianismo. Esta tradição filosófica converte a consciência de si em uma propriedade do pensamento. Milner, em A obra clara (1996, p. 34), demonstrou que o passo freudiano comporta um teorema “ se há pensamento no sonho há inconsciente” e um lema “o sonho é a via real do inconsciente”, cuja conclusão é uma equação: afirmar que o inconsciente existe é afirmar que isso pensa sem a consciência. Mas a separação entre o pensamento e a consciência não implicou para Freud a inexistência de um sujeito.

Segundo Milner, Lacan estendeu a Freud a proposição do cogito: se há pensamento há algum sujeito. Isso significa que a verdade depende de duas condições: a existência do pensamento implica uma teoria do sujeito separada da consciência de si, mas tal pensamento precisa ser sem qualidades. É exatamente isso o que se vê em Freud (Lopes, 2007, p. 114):

• O trabalho da formação onírica não pensa- isso não pensa;

• O sonho é uma forma de pensamento- isso pensa.

Ao afirmar que o trabalho onírico não pensa, Freud (1900, p. 541) nega ao sonho o pensamento qualificado decorrente do processo secundário. Ao dizer que o sonho é uma forma de pensamento, ele assevera que o sonho se caracteriza pelo pensamento sem qualidades, o processo primário, que não é sem propriedades ou sem lei. Nele, os processos em jogo se caracterizam pela mobilidade das intensidades catexiais, combinadas via condensação e deslocamento, sem ordenação temporal e sem contradição.

Descartes sustenta que uma coisa que pensa é uma coisa que duvida, que concebe, que afirma e nega, que quer e não quer, que imagina e que sente. Essas modalidades de pensamento descritas acima são distinguidas por Descartes dos seus pólos como querer/não querer, afirmar e negar. Mas,

“se o trabalho do sonho é o que dele diz Freud, então, segundo esta análise, não é uma coisa que pensa. Se, ao contrário, sustentamos que o sonho é uma forma de pensamento, então, é preciso admitir que existe pensamento ali mesmo onde a diferença entre dúvida e certeza, entre afirmação e negação, entre querer e recusar, entre imaginação e sensação é problemática, até mesmo suspensa” (Milner, 1996, p. 58, n.9).


O Estatuto do sujeito em questão: sobre a Spaltung

Em “A negativa” (1925), Freud afirma que afirmar ou negar o conteúdo de pensamentos é função do julgamento intelectual. Negar algo em um julgamento é, no fundo dizer: ‘Isto é algo que eu preferia reprimir’. Um juízo negativo é o substituto intelectual da repressão.

Freud (1925, p. 266) apresenta a função do julgamento relacionada com duas espécies de decisões. Ele afirma ou desafirma a posse, em uma coisa, de um atributo particular e assevera ou discute que uma representação tenha uma existência na realidade. Com seu artigo sobre a Verneinung, Freud retoma a constituição subjetiva propondo uma nova ordenação, não mais partindo do recalque. Em “Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental” (1911), ele preconiza que na constituição subjetiva há um primeiro tempo mítico que envolve um tipo de divisão que corresponderia ao recalque primário. Este corresponde a uma fixação, à constituição de um primeiro núcleo de atração no inconsciente. Neste tempo, Freud formula que o eu originário é indiferenciado com o mundo.

Retomando a formulação freudiana na Verneinung (1925), podemos distinguir dois julgamentos que estão em jogo: o juízo de atribuição, que introjeta o que é bom e rejeita o que é mau para o eu, e o juízo de existência, que verifica se o objeto buscado existe ou não na realidade. Sobre o juízo de atribuição, Freud expressa que: “[...] o julgamento é: ‘gostaria de comer isso’, ou ‘ gostaria de cuspi-lo fora’, ou, colocado de modo mais geral, ‘gostaria de botar isso para dentro de mim e manter aquilo fora’ (Ibid., p. 267). E prossegue: “Isto equivale a dizer: ‘Estará dentro de mim’ ou ‘estará fora de mim’” (Ibid., p. 267). Em “As pulsões e seus destinos” (1915), o autor já havia mencionado que o ego-prazer original deseja introjetar para dentro de si tudo quanto é bom, e ejetar de si tudo quanto é mau. “Aquilo que é mau, que é estranho ao ego, e aquilo que é externo são, para começar idênticos (Freud, 1915, p. 140).

Neste artigo afirma que: “talvez cheguemos a uma melhor compreensão dos vários opostos do amar, se refletirmos que nossa vida mental como um todo se rege por três polaridades, as antíteses: sujeito( ego)-objeto(mundo externo); prazer-desprazer e ativo-passivo” (Ibid., p. 138). As três polaridades da mente encontram-se ligadas umas às outras de maneiras significativas mas que existe uma situação psíquica primordial na qual duas delas coincidem. Originalmente, no começo da vida, o ego é catexizado com as pulsões, sendo capaz de satisfazê-los em si mesmo. Essa condição foi denominada de narcisismo e essa forma de obter satisfação, de auto-erótica, e o mundo externo não é catexizado com interesse mostrando-se indiferente aos propósitos de satisfação. Durante esse período o sujeito do ego coincide com o que é agradável, e o mundo externo, com o que é indiferente (ou possivelmente desagradável) (Ibid., p. 140).

Uma primeira diferenciação vai constituir o real e a realidade. Esse primeiro tempo envolve uma simbolização primordial baseada no juízo de atribuição que consiste em verificar se uma determinada coisa tem ou não uma determinada propriedade. Atribuir a qualidade de bom ou mau a uma determinada coisa é uma simbolização primordial. Essa simbolização é ao mesmo tempo um mecanismo de clivagem ou divisão do eu, se pensarmos num eu originariamente indiferenciado com o outro, um eu indiferenciado do real e do mundo. Então, a primeira divisão nasce de uma Bejahung, afirmação primordial e de uma Austossung, expulsão primordial.

A Bejahung, afirmação primordial, implica no reconhecimento de que algo existe, implica portanto o nascimento de um campo da representação. Tudo o que é afirmado é simbolizado. Há originalmente uma simbolização. Ser é ser simbolizado, ser é ser nomeado, pensado e isso não quer dizer que existe no mundo externo. Esse primeiro tempo de nomeação é essencial para que se possa constituir o que é interno e o que é externo.

É a partir de Hyppolite (1954, p. 370-382) que surge toda uma discussão da natureza da Austossung primordial. A Austossung tem relação com a constituição de um exterior que corresponde ao real não simbolizável, à Das Ding, ao não representável. A partir dessa expulsão primordial surge na realidade algo que não foi simbolizado pelo sujeito.

Esse aspecto encontra sua teorização nas operações da Bejahung e da Austossung, respectivamente, a afirmação e a expulsão operadas no campo do ser. Trata-se do que Freud (1925) conceituou como função do recalque primário (Urverdrängung) na gênese do sujeito. Essas tendências produzem a primeira distinção dentro-fora, necessária às operações secundárias de ajuizamento. Representam duas forças primárias – de atração e de repulsão. Dominadas pelo princípio do prazer, elas fundam a primeira forma do que se pode chamar de juízo como função simbólica, oposição formal, primeiro mito do interno e do externo, primeira distinção entre o que comparecerá como estranho ao sujeito e o que poderá vir a ser qualificado como “si mesmo”. Segundo Hyppolite (1954, p. 899), a operação de expulsão funda a perda de realidade. Resulta em uma oposição formal, pura, entre dois termos e torna-se em seguida alienação e hostilidade entre eles. Ela funda o juízo de atribuição, a primeira captura da pulsão de morte que, para Lacan, cria o pensamento inseparável do corpo pulsional. É “uma admissão no sentido do simbólico”, a origem, o começo da simbolização, o símbolo que, como correlato de uma expulsão original, é conotação simultânea da presença e da ausência do objeto, oposição por meio da qual a linguagem começa (Lacan, 1955-56, p. 21, 58, 179, 192).


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Texto recebido em: 02/01/2009
Aprovado em: 16/03/2009