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(Versão em Francês)    

Algumas notas sobre a sexuação[1]

 
 

 

Esthela Solano Suarez
Professora da Seção Clínica do Departamento de Psicanálise de Paris VIII
Psicanalista
Analista membro da Escola da Causa Freudiana
Membro da Associação Mundial de Psicanálise
SOLANO-SUAREZ@wanadoo.fr

 

Resumo:

É impossível que dois corpos sexuados façam um só corpo. Entretanto, o amor aspira a fazer de dois, Um só, recobrindo por meio dessa aspiração o impossível em jogo. Tocamos por essa via ao impossível no nível sexual. Além do mais, há uma grande diferença de natureza entre os gozos sexuados, uma vez que os homens e as mulheres não gozam, do mesmo modo. É o que nos conduz a introduzir aquilo que Lacan especifica em termos de lógica da sexuação para explicar seus mal-entendidos.

Palavras chave: sexuação, gozo, diferença sexual, amor. 

 

   
 

 

Some notes on sexuation
 

Abstract:

It is not possible for two sexed bodies to become a single one. Nevertheless, love wishes to make one out of two, covering through this wish the impossible at stake. By doing so, we can approach the impossible, on a sexual level. Furthermore, there is a great difference in nature between the way men and women enjoy their sexual life. Man and woman don’t enjoy sex the same way. That is the reason why we have to introduce the lacanian logic of sexuation to explain their misunderstandings.

Keywords: sexuation, enjoyment, sexual difference, love.

 

 




O que a descoberta freudiana nos ensina?

Em primeiro lugar, ela nos ensina sobre o sintoma. E isto se deve ao fato de que Freud[2] inaugura a psicanálise pondo-se a escutar aqueles e aquelas que sofriam de um sintoma, as histéricas em particular, dando-lhes a palavra. E a partir daí, provou que os sintomas de que sofriam as histéricas queriam dizer alguma coisa. Neste sentido, a psicanálise veio anunciar que, em todo sintoma, existe uma mensagem que deve ser decifrada.

Deciframos a mensagem do sintoma e o que descobrimos?

Descobrimos que o sentido da mensagem é um sentido sexual[3]. Esta descoberta elucida, primeiramente, que a sexualidade não está apenas lá onde acreditamos, no espaço do enlace amoroso, mas, de fato, a tópica da sexualidade transborda a relação sexual, alojando-se no mais íntimo do campo do sintoma. Em conseqüência, ele declara que no sintoma se completa uma intenção de significação, sob as formas de uma mensagem cifrada[4]. É o que quer dizer, o sintoma, sob a vertente da significação sexual. Trata-se, portanto, da sexualidade que fala através do sofrimento do sintoma. A conseqüência foi, então, - a conseqüência desta descoberta freudiana, que segue o impulso da intuição de Charcot que nos sintomas tratava-se de segredos de alcova -, a conseqüência desta descoberta freudiana, é a de que a sexualidade não é mais muda. Deram-lhe palavras. Então, ele prova que ela fala. Ela diz coisas. Ela diz não somente através dos sintomas, mas também nos lapsos, nos trocadilhos[5]. Ele prova desde então, que o que ela diz, responde não somente na vertente do sofrimento do sintoma, mas também que ela se exprime no registro do cômico. Se o cômico faz rir é porque a sexualidade, certamente o falo, está em jogo.

Então, ela fala, esta sexualidade, mas ela fala fora do contexto! Ela fala lá onde não deveria falar. Quer dizer que ela fala para fazer sofrer. Para fazer sofrer no corpo – no caso da histérica – para fazer sofrer ao nível dos pensamentos - no caso do obsessivo.

Num segundo tempo, Freud provou que os sintomas não somente querem dizer alguma coisa, mas que nos sintomas efetua-se uma satisfação. Lá onde faz mal, lá onde sofremos, lá onde padecemos, é lá onde nos satisfazemos. É por isto que é tão difícil se desfazer do sofrimento do sintoma, que assegura ao sujeito uma satisfação escondida. Uma satisfação de que? Uma satisfação de uma exigência, da exigência pulsional. No fundo, trata-se de uma satisfação erótica, deslocada, camuflada, assegurando um compromisso entre o universal do ideal e a reivindicação de gozo. Em relação a isto, teremos que considerar os escrúpulos[6] do obsessivo, isto é, enquanto ele se mostra consciencioso, homem cumpridor dos seus deveres, como a expressão por trás da capa da consciência, da culpabilidade, de uma satisfação pulsional mascarada, tal como o sadismo anal. Podemos também considerar, por exemplo, o sintoma da conversão histérica, lá onde um órgão incomoda, para perceber, graças à análise, que este órgão, se ele desequilibra a homeostase do corpo na mulher, é porque ele está erotizado, visto que ele fala uma língua que não é aquela que corresponde à sua função enquanto órgão. Por exemplo, o que um intestino está fazendo quando ele começa a entrar em ereção e a se fazer mal? Não é próprio à sua função entrar em ereção e se fazer mal! Quem ele pensa que é? Então, ele se toma por um falo. Vejam só! Porque ele fala, tomando a si próprio como o lugar da significação fálica, ele não desempenha convenientemente a sua função de intestino, produzindo um sintoma. Mas, para decifrar essas mensagens, será preciso, certamente, seguir uma experiência analítica para trazer à luz a satisfação pulsional cifrada no sintoma.

Ora, se a psicanálise veio colocar o dedo sobre o fato de que a sexualidade transborda o espaço da relação sexual, ela também nos ensina que a sexualidade transborda o tempo da relação genital, a partir do momento que ela colocou a céu aberto à sexualidade na criança. Isso nos parece, hoje em dia, auto-evidente, mas não foi assim no tempo inaugural de Freud. Desde então, ninguém coloca em dúvida que existe uma sexualidade infantil e que existe um gozo sexual na criança. Quer dizer, que existe na criança satisfações, emoções, na verdade, um erotismo ligado a zonas erógenas do corpo; e na criança, está provado que este erotismo e estas satisfações correlativas acontecem, efetivamente da relação do seu corpo ao corpo do outro.

Portanto, destes dois pontos, deduz-se - destes dois pontos que acabo de mencionar diante de vocês muito rapidamente: que existe uma satisfação sexual que se realiza no sintoma e que existe uma satisfação sexual que se realiza desde a infância – disto, se deduz que existe gozo sexual fora e além da relação sexual propriamente dita. E existe um gozo sexual porque existem corpos sexuados. Se não existissem corpos não haveria gozo. A condição do gozo é a de habitar um corpo vivo. Para gozar é preciso um corpo. Para gozar é preciso ter um corpo. Quer dizer que existem corpos e estes corpos são corpos sexuados. É o essencial da descoberta freudiana.

Então, a tese de Lacan[7] a este respeito, como foi colocado em evidência por Jacques-Alain Miller, é a seguinte: ter um corpo não é um fato biológico. Ter um corpo é uma conseqüência do fato que habitamos na linguagem. Disto se deduz que o corpo será, por um lado, identificado como sendo o corpo próprio e, por outro, ele será identificado como sendo sexuado, quer dizer alinhado do lado masculino, ou do lado feminino. Se o corpo pode ser diferenciado como sendo Um e se este Um se inscreve no registro do ter é porque nós fomos falados. Quer dizer que se não tivéssemos sido mergulhados em um banho de linguagem, não haveria nenhuma garantia de que chegaríamos a ter um corpo, de tal modo que pudéssemos identificá-lo como corpo próprio.

Certas manifestações clínicas que surgem ao longo da infância permitem aos clínicos constatar uma série de fenômenos que testemunham que certas crianças não possuem um corpo. Essas manifestações são muito variadas, mas podemos citar como exemplo o caso da criança que não se identifica como sendo um menino ou uma menina, ou então, as crianças que passam em frente ao espelho sem se reconhecerem, ou então, crianças que podem atravessar o espaço sem diferenciar, neste espaço, a sua unidade corporal e a dos outros, ou então, crianças que não dispõem em seu vocabulário do termo “eu”, nem o “mim” para se designar e que não possuem o recurso da identidade lexical para designar o outro como sendo o seu semelhante. Estas manifestações clínicas testemunham uma relação impossível com o corpo próprio em termos “de ter um corpo” e caracterizam os casos de psicose na criança. O tipo de desordem da qual eles padecem é relacionada com o modo pelo qual eles foram acolhidos pela linguagem, que não lhes permitiu se diferenciarem enquanto corpo.

O que prova que, para os seres falantes, não é a biologia que decide o seu destino. É, sobretudo, a ordem simbólica, a ordem da linguagem. É por isto que o corpo é uma entidade, uma unidade, que se recorta graças à linguagem; e, ao mesmo tempo, esse corpo, é atravessado pelas palavras, pelas falas da língua materna, aquela que nos acolheu ao nascer. É a língua com a qual nós fomos falados e com a qual disseram um monte de coisas sobre nós, antes de nascermos, um monte de coisas... Ora, se de fato houve um discurso que também nos precedeu, a cada um de nós, houve também um desejo que nos precedeu, no sentido de temos sido desejados ou não. Na ordem das conseqüências, é bem diferente ter sido acolhido como sendo a encarnação de um desejo, ou como sendo um acidente, mais ou menos embaraçoso. De acordo com essas considerações, bem antes do corpo chegar ao mundo enquanto vivo, ele foi marcado pelas incidentes do desejo, do qual ele foi a resultante. Deste fato, não são anódinos, para cada sujeito, nem os dizeres que o precederam e cavaram o lugar onde ele iria alojar-se, onde ele seria acolhido, nem os ditos que celebraram, ou não, a sua chegada e tomaram a força de um oráculo.

Em conseqüência, o percurso dos ditos e do dizer atravessou o corpo como a água do rio, deixando em sua passagem restos, fragmentos, pedaços de coisas entendidas, coisas ditas que marcaram o corpo de uma forma ou de outra, deixando marcas. Marcas de amor, marcas de acolhimento, marcas de desejo ou marcas de rejeição.

A língua deixa marcas e, por causa disto, nos afeta, produzindo efeitos sobre o corpo do sujeito falante. Esta é uma proposição que devemos ao ensino de Lacan. Ora, esses efeitos, que são afetos, essas marcas, cristalizarão como sintomas, a título de marcas de gozo.

É o moterialism da linguagem (segundo a expressão de Lacan que combina mot/palavras e materialismo), que nos captura ao nascer e, até mesmo, desde antes. É preciso dizer que a linguagem se apropria do corpo do vivente e que ela introduz, desta forma, uma operação que não é sem conseqüências sobre o seu gozo. Quer dizer que a linguagem vai separar, neste vivente, a carne e o corpo. Assim, a carne marcada pela linguagem, se torna corpo[8].

Esta operação da linguagem não é outra coisa senão a operação da castração, que comporta, para todo vivente, uma perda de gozo, de seu gozo de vivente. Assim, é a linguagem que transfere o que é do registro da necessidade para o registro da demanda e do desejo[9]. Depois disso, comer, não será nunca mais comer. Comer, será também pedir amor. O objeto que comemos não é totalmente aquele que satisfaz a necessidade, mas, melhor dizendo, é aquele que é demandado como signo de amor do outro. Quer dizer que nenhum objeto será, nunca mais, um objeto de pura necessidade. A linguagem transforma o objeto da necessidade em objeto aparelhado, habitado pelo semblante, proveniente do simbólico, na medida em que esse objeto terá o valor não somente de um objeto de satisfação da necessidade, mas de um objeto que é sinal, tanto do amor da mãe, quanto do seu desejo.

Podemos escrever a operação de perda de gozo introduzida pela linguagem no vivente, a partir de um matema produzido por Jacques Alain Miller:

 

 

Neste matema, uma barra separa o registro de gozo,- que se escreve por meio da letra J barrado - e o registro da linguagem, que se escreve sobre a barra, desde Lacan, como o lugar do Outro, com O maiúsculo. Como conseqüência, o Outro introduz no gozo, uma perda que representamos através da barra, que golpeia o gozo e, deste golpe, resulta uma perda de gozo, é o que escrevi como um pequeno menos (-) entre parênteses, um menos de gozo.

Este menos de gozo, caracteriza para os seres falantes, uma falta em gozar. Mas, de quem é a culpa desta perda de gozo? Acreditávamos que era a culpa do pai. Durante muito tempo acreditamos que era o pai quem interditava o gozo. Lacan retifica este mito do pai que interdita, adiantando que o pai é tão interditado quanto nós. Visto que o pai, no fundo, é apenas uma conseqüência da linguagem. Nestas condições, é a linguagem, ela mesma, que retalha o gozo e nos separa de um gozo dito “originário”, o qual está perdido para sempre. Desta consideração deduz-se que o objeto está perdido para sempre, e é a sua perda que orientará a busca do objeto do desejo.

Desde então, o que emoldura a nossa realidade será orientado pelo princípio da busca do que foi perdido. Mas, se o objeto não fosse um objeto perdido, ele não existiria como objeto do desejo. É preciso primeiro perdê-lo para em seguida desejá-lo, é a lição que recebemos de Freud. O que podemos recuperar, a partir do momento em que experimentamos esta operação que introduz o efeito de perda ao nível do gozo? O que recuperamos é uma conseqüência da perda em termos de um pequeno a mais, de um mais-de-gozar, segundo o modo em que Lacan define o objeto que, em Freud, caracterizava a satisfação pulsional. Este objeto declina-se no registro oral, no registro anal, no registro do olhar e da voz, este objeto que está correlacionado a uma zona erógena do corpo, e que na lógica lacaniana se escreve “objeto pequeno a”, que vem a preencher o vazio causado pela perda:
 

  

Logo, esta perda de gozo, o que é então? É o que em psicanálise recebe o nome de “castração”, caracterizada a partir de Lacan como sendo uma perda de gozo introduzida pela linguagem no vivente. Esta perda se inscreve no lugar do “menos” enquanto menos phi.

Pela via da conseqüência, o corpo enquanto tal se inscreve na seqüência das conseqüências da operação da castração. Um corpo separado do gozo do vivente, a partir do momento que foi mortificado pelos incidentes do simbólico, torna-se o lugar da inscrição do traço de identificação, graças ao qual o corpo conta como Um, recebe um nome e um sexo. O que quer dizer que a identidade sexual identificatória do corpo não advém de forma alguma da anatomia. Nada impede que um corpo de homem possa tomar-se por um corpo de mulher, e vice-versa. O que quer dizer que a identidade sexual do corpo advém do registro simbólico, e não do anatômico, e nem do biológico.

Nesse caso, o gozo, o que é? É uma satisfação. É uma satisfação que não requer, necessariamente, o bem-estar. Porque a satisfação que inclui o bem-estar, de fato, é aquela que se inscreve ao nível do princípio do prazer. Freud deduziu, a partir da experiência analítica, que existe uma satisfação que se dá além do princípio do prazer[10]. Quer dizer, que existe uma satisfação naquilo que faz mal, com o próprio mal. Esta satisfação, além do prazer, esta satisfação que pode ser dolorosa, é aquela que reconhecemos a partir de Lacan, sob o termo de gozo, aquele que combina os dois registros, o do prazer e o do seu além.

Entretanto, no registro do gozo, podemos identificar gozos múltiplos. Contudo, cada um com a sua própria lógica. Primeiro, podemos distinguir o gozo do corpo, aquele que é permitido ao corpo, pelo único fato de “que um corpo, isto goza”, segundo a expressão de Lacan. Dispor apenas dele, carregá-lo, tratá-lo como um móvel, submetê-lo a constrangimentos, não necessariamente agradáveis; empanturrá-lo, privá-lo, extenuá-lo, cansá-lo, ou então, - enfeitá-lo, amá-lo, desprezá-lo, detestá-lo, - em suma, todas as paixões que testemunham que passamos o tempo a gozar dele.

E, aliás, também tem o gozo da palavra. Falamos, e isto dá uma satisfação. Dizem: “faz bem falar”. Bom, nem sempre, não necessariamente. Será que quando falamos, nos comunicamos? Nada mais incerto? O que domina ao nível da palavra é o mal-entendido. Mas, quando falamos, gozamos.Isto é certo. A tese de Lacan acerca disto, avançada particularmente por ocasião de seu último ensino, é a de que a palavra não serve para se comunicar, ela serve para gozar, “lá onde se fala, goza-se”[11]. E é por isto, que não nos comunicamos muito, porque na palavra realiza-se também alguma coisa da ordem de um autismo da palavra. Cada um fala, para ouvir-se melhor. Escutar o que o outro quer dizer, depende de uma disciplina, é um resultado, o qual alcançamos graças a uma experiência analítica.

Em seguida, tem o gozo sexual. Em que consiste o gozo sexual? É uma coisa muito complicada. Como é possível que existam dois corpos que fiquem juntos, para gozar um do outro? A idéia de Lacan é de que um corpo não goza de um outro corpo. Primeiro, gozamos do próprio corpo e, para satisfazer aos fins sexuais, um corpo pode gozar de uma parte do corpo do outro. Não da totalidade do outro corpo. A menos que o coloquemos em pedaços. O que nem sempre é o caso, felizmente! Gozamos de uma parte do corpo do outro, mas parece que a parte da qual gozamos também goza[12]. No momento do enlace sexual, dois corpos que estão reunidos, não podem nunca se tornar um só. É o mito de Aristófanes[13]. É impossível que dois corpos sexuados tornem-se um só corpo. No entanto, o amor aspira fazer Um de dois, recobrindo, através desta aspiração, o impossível em jogo[14].

A partir de então, tocamos assim, aquilo que se mostra impossível ao nível do sexual. Além de que, existe uma diferença de natureza entre os gozos sexuados, visto que os homens e as mulheres não gozam da mesma forma. O que nos leva a introduzir o que Lacan especifica em termos da lógica da sexuação.

Quer dizer, existem os homens e existem as mulheres – é graças a isso que o mundo pode continuar a se reproduzir – mas, desde que existem os homens e de que existem as mulheres, nada não dá certo entre eles. No entanto, continua. Logo, aí tem alguma coisa.

Então, retomemos as coisas e digamos que existem posições subjetivas que se distinguem enquanto posição subjetiva masculina e posição subjetiva feminina, e cada uma destas posições distintas se associa a uma lógica sexual diferente e oposta[15]. Entretanto, essas posições subjetivas, masculina e feminina, são uma conseqüência, um resultado do que acontece no momento da infância para cada sujeito. Quer dizer que cada criança deve caminhar ao longo da infância, cada criança deve fazer uma boa parte do caminho para concluir uma identificação sexual. Esse pedaço de caminho consiste em um percurso que compreende uma série de etapas, de tempos lógicos. Os tempos lógicos, quer dizer, tempos onde é necessário percorrer o instante para ver, o tempo para compreender, para alcançar o momento de concluir[16] sobre uma posição sexuada. Esse percurso recebeu em Freud o nome de complexo de Édipo, e cada criança que teria a oportunidade de realizar essa travessia, que não é acessível a todos, se posiciona enquanto sujeito em relação ao pai e à mãe. A relação ao pai e à mãe é tomada aqui em termos de uma relação ao desejo deles enquanto homem e mulher, o que não se pode deixar de levar em conta, o que está em jogo de suas posições de gozo e, de suas posições enquanto amantes. Em relação a esses termos em jogo, a criança vai concluir sobre uma identificação masculina ou feminina. Chegando ao fim desta pontuação, a criança terá feito uma escolha referida à sua sexuação. Esta escolha comporta, necessariamente, uma tomada de posição que consiste em optar por um dos dois termos de um binário: homem e mulher. Ora, esta escolha exclusiva, repousa sobre uma dessimetria dos termos em relação à função que determina a distinção dos dois lugares.

Qual é a função em questão? É aquela que foi elaborada por Freud sob o nome de complexo de castração. Segundo Freud[17], a eficácia do complexo de castração encontra o seu ponto de partida na criança no momento de uma experiência de percepção, cuja eficácia se mede pela tomada de consciência da diferença anatômica dos sexos. No momento desta experiência, a criança subjetiva a diferença, que consiste em que existem corpos providos de um atributo, e outros corpos que, em contrapartida, são desprovidos deste atributo.

Efetivamente, seguindo Lacan podemos dizer que é a linguagem que introduz a possibilidade de ter acesso a esta distinção diferencial, a qual seria impossível fora dessas coordenadas. Desta forma a linguagem opera esta distinção simbólica a partir dos atributos imaginários, relativos à forma do corpo. Em conseqüência, segundo Freud, isto se torna uma ocupação crucial para as criancinhas, a classificação entre aqueles que têm e aqueles que não têm. A ponto de poder causar nelas, um medo terrível, num certo momento da infância, o fato de constatar que alguns não têm. Particularmente, nos menininhos pois, na medida em que existem aqueles que não têm, é possível que neles também aconteça alguma coisa, segundo Freud. Portanto, esse traço da falta, a inscrição da falta, não poderia operar sobre o imaginário do corpo se não dispuséssemos do simbólico, da falta enquanto tal.

A falta, categoria fundamental introduzida pelo simbólico no real, é uma falta que conta. A inscrição do que falta, do que falta em seu lugar, é um momento de elevada elaboração simbólica, a qual é determinante para o posicionamento da criança com respeito a uma posição sexual. Lembro-me de uma pequena anedota. Uma menininha, que tinha dois anos e meio, foi com sua mãe visitar um bebê recém nascido. Ela estava encantada de ver um bebezinho, um menininho. Ao longo da visita, a mãe do menininho trocou as fraldas do bebê e a menininha, que até o momento não tinha dado sinais de interesse em relação à diferença dos sexos, olhando o corpo nu do bebê ficou perplexa, apontando imediatamente a situação, e disse: “Ah! Sim, mas eu, tenho dentes”. Foi surpreendente, visto que, era perceptível que ela tinha acusado recepção, que havia inscrito a diferença sexual, que havia subjetivado a falta, e em seguida, tinha reagido, se precipitando em concluir, inscrevendo o lugar da falta ao deslocá-la para o lado do bebezinho, que não tinha dentes.

Mas, se existe a falta de harmonia entre homens e mulheres, não é somente devido ao fato da diferença sexual enquanto diferença anatômica inscrita ao nível simbólico. Esta falta de harmonia advém de alguma coisa de muito mais real. Vou antecipar aqui um conceito que, de toda forma, necessita algumas precauções para ser bem recebido. Eu digo-lhes, primeiramente, que os seres falantes, distinguem-se em homens e mulheres. Os seres falantes são seres que só sustentam o seu ser através da linguagem e são determinados por um saber que eles desconhecem e que advém do inconsciente.

Ao nível do inconsciente, como se inscreve a sexualidade? Uma das primeiras abordagens sobre a descoberta freudiana foi a de colocar em evidência que o inconsciente fala de sexo, a partir do momento em que ele se certificou de que existe um sentido sexual no inconsciente. Porém Lacan, dando um passo a mais, passo que ele conserva do que lhe ensinou a experiência analítica, acrescenta em conseqüência, que o sentido sexual não é a última palavra do inconsciente.

No fundo, se existe um sentido sexual no inconsciente é porque o inconsciente consiste em um saber-fazer com lalíngua. E o que a língua sabe fazer, nos escapa de longe, segundo Lacan. Em contrapartida, se nos submetemos a uma análise, poderemos chegar a saber um pouco, mas nunca tudo. Então, no inconsciente, é claro, existe um saber articulado, o qual seria, segundo Lacan[18], da ordem de uma elucubração de saber sobre lalíngua.

De fato, este saber que assegura um saber sobre o inconsciente pode, de toda forma, dizer coisas sexuais. Sim, na medida em que sonhamos. E sonhamos porque falamos. Sonhamos porque estamos na linguagem. E então, o sentido sexual do inconsciente faz parte do sonho. Ora, o inconsciente, que se diverte ao fazer trocadilhos, jogos de palavras, através das formações que ele nos destina, tal como os sonhos, os lapsos, os Witz, o inconsciente que é verdadeiramente cômico, o inconsciente que, quando o deciframos, demonstra não ser patético, pois ele é, melhor dizendo, engraçado! Ora, o inconsciente, que pode cifrar tudo que quer, que pode cifrar os sintomas, os sonhos e uma série de formações do inconsciente, mas, tem alguma coisa que não consegue cifrar, que ele nunca conseguirá nos dar a cifra: a verdade verdadeira da relação entre o homem e a mulher. Se neste inconsciente há um saber - e saber à beça -, no inconsciente não existe saber sobre a relação entre os sexos. É por isto que somos bobos, sexualmente falando. Não sabemos como fazer, falhamos, sofremos ainda mais, padecemos, babamos, porque no inconsciente, não existe uma escrita sobre a relação sexual. O que se traduz, na lógica de Lacan, por impossível, enquanto cifra da relação sexual que não cessa de não se escrever. Esse real caracteriza o impasse da escrita no sexual, pelo fato de não existir relação sexual. Quer dizer não existe saber inscrito no inconsciente, sobre as relações entre os sexos, que possa corresponder a um saber-fazer instintual.

Como conseqüência, é nessa relação impossível que repousa o impasse maior da sexualidade nos seres falantes. Deduz-se, então, que somos todos doentes deste impossível. Também, por causa deste impossível aí, fazemos como podemos. Quer dizer, como fazemos? E o que fazemos? Bom, nos encontramos. Existem encontros sexuados entre os seres falantes, o que quer dizer que, ante o impossível, ele se impõe a eles no sentido de se sujeitarem ao regime da contingência. Entre os seres sexuados, entre os corpos sexuados, existem encontros sexuados. Não necessariamente entre os corpos sexuados de diferentes sexos, também existem encontros sexuados entre corpos do mesmo sexo. Mas, isto não quer dizer que, porque eles são do mesmo sexo, que exista uma relação sexual. O impossível estrutural se inscreve nos dois casos representados, para o encontro heterossexual, assim como, para o encontro homossexual.

Conseqüentemente, segundo Lacan, se o inconsciente fala de sexo, se os sonhos falam de sexo, se os sintomas falam de sexo, se os lapsos falam de sexo, no fundo, eles falam e falam de sexo para suprir a hiância do impossível da relação sexual. Dito isto, ele reconhece que o sentido sexual é o que vem no lugar do sem-sentido do sexo enquanto real, pelo fato da impossível escrita da relação que não existe.

Os encontros, contingentes, a partir do momento que prolongam suas raízes no impossível, confirmam não serem encontros que se realizam no registro da comunicação, mas, antes, no registro do mal-entendido, porque na maior parte do tempo é feito de encontros entre mal-entendentes. Isto se deve ao fato de que os encontros são encontros de dois que não se escutam falar, segundo a expressão de Lacan. Os dois que se encontram, quanto mais eles falarem, mais eles irão aprofundar o mal-entendido, por causa, especialmente do mal-entendido dos gozos-sentidos (jouis-sens), que eles dissociam.

Então, podemos nos perguntar: o que vem a ser um parceiro sexual[19]? Um parceiro sexual é o que encontramos a partir de uma contingência, mas a experiência analítica nos ensina que um encontro comporta um despertar do que já tínhamos sonhado. Isto quer dizer que o encontro com o parceiro sexuado é um encontro onde o acaso joga uma partida com cartas marcadas. Se o acaso conjuga a necessidade sob a vertente da repetição, isto deriva, segundo Freud, do fato de que para cada sujeito a escolha do objeto faz-se muito precocemente.

Porque um homem encontra aquela tal mulher?[20] Por acaso? Mas ele não encontra qualquer uma, ele encontrará, diz Lacan, apenas aquela que tenha consonância com o seu inconsciente e com a sua pulsão. Por esta razão, acrescenta Lacan, um homem não pode encontrar-se com todas as mulheres.

Então, é assim a vida amorosa! Quer dizer que para o homem é preciso que a mulher possua uma pequena coisa, um detalhe que a fetichize, em função do que ela se torne um objeto que condense para ele uma condição de amor, que é condição de desejo e condição de gozo. Em conseqüência, do lado masculino, é enquanto fetiche que o parceiro feminino é tomado como objeto de gozo, como objeto pequeno a, mais-de-gozar. A partir do momento em que o homem goza, acontecem palavras de amor. Não é a palavra de amor que o faz gozar ou desejar. Ele se basta com o seu próprio gozo, diz Lacan. Um homem goza de uma mulher a título de fetiche e, através dela, ele goza do seu inconsciente. A este título, uma mulher pode ser para um homem, o seu sintoma.

Em contrapartida, para uma mulher, o gozo não acontece de forma alguma sem palavras de amor. É uma condição de gozo para ela. Então, o amor como condição - a título de palavra de amor - é dominante nela. Para que o amor como condição seja dominante para ela é preciso que algo lhe seja dado a partir do que não se tem, o que supõe a castração daquele que a ama. Uma mulher não pode desejar um objeto fetiche porque o fetiche não fala. Para ela, é importante que o objeto lhe fale. E que a deixe falar. É por este motivo que o amor do lado feminino, coordena a questão da sexualidade fundamentalmente do lado da falta e fundamentalmente do lado do grande Outro barrado, que é o Outro do amor. Nessas condições, o gozo dela se inscreve do lado do ilimitado, o que comporta o sem limite da demanda de amor e o sem limite do sofrimento de amor. Assim, para ela, um homem pode ser uma devastação[21].

A experiência de uma análise permite circunscrever a causa do impasse na sexualidade, tomando a forma seja da insuficiência, seja da inibição ou da angústia. Logo, qualquer que seja a manifestação sintomática que se impõe ao nível sexual, ela prova, no fundo, ser comandada secretamente pela impossibilidade que vem do real.

Mesmo que o real exista, isto é o impossível, não quer dizer que a psicanálise nos orienta em direção à aceitação resignada disto que padecemos a título de sintoma, de angústia e de inibição. A experiência de uma análise é eficaz nos três registros, na medida em que ela permite denominar a angústia, se desfazer da inibição, aliviar-se do sintoma, do sofrimento do sintoma, a partir do momento em que ela decifra a cifra do sintoma. Entretanto, a experiência analítica não importa jamais em atravessar o impossível da relação sexual[22]. A psicanálise não tem condições de oferecer uma fórmula da relação sexual que não existe. Mas, ao decifrar os impasses próprios e singulares de cada um, ela abre a via para circunscrever o impossível estrutural e sair do gozo do impasse referido à sexualidade. Chegando neste ponto, a experiência analítica abre para o sujeito a via do possível, aquela que consiste na possibilidade de inventar, para cada sujeito, soluções novas, face aos impasses da sexualidade.

Ora, inventar soluções novas, não quer dizer inventar novas perversões. A invenção, na direção da qual a psicanálise abre, advém da descoberta, do novo, do lado do amor, e não do lado da perversão.

Abrir em direção ao campo da descoberta do lado do amor, não comporta tampouco como solução, ultrapassar a escolha de objeto feita no momento da infância, e sim ter acesso a um saber-fazer, de outro modo, com isto. Fazer de outra forma, quer dizer, se enredar menos com o real do jogo. É por causa do impossível que somos todos enredados com o real do sexual. No fundo, a invenção da psicanálise é uma invenção que permite a saída da enfermidade na qual estamos, mesmo quando acreditamos que não estamos sozinhos porque somos um casal.

Os seres falantes padecem do gozo do Um, até mesmo no autismo do gozo, que lhes serve como defesa face ao impossível do gozo do Outro. A psicanálise oferece a possibilidade de ser menos aprisionado ao gozo do Um e admitir o não-gozo do Outro, que não existe, mas o gozo Outro. O gozo Outro é o gozo feminino. Mesmo para a mulher, não é evidente aceitar esse gozo Outro. Quer dizer que, para uma mulher, assumir sua posição de mulher, seu gozo feminino, pode necessitar previamente a realização de um longo percurso afim de que ela possa se aceitar como sendo Outra para ela mesma.

E para um homem, aceitar este gozo Outro, que se caracteriza por não ser todo fálico, implica não se sentir ameaçado por este gozo que não se inscreve todo no Um fálico, não fazer deste gozo a causa da sua angústia, e não fazer deste gozo Outro o caroço de seu ódio. Efetivamente, o que cessa de não se escrever para um homem que seguiu até o final uma experiência analítica, a título de possível, depende da admissão do que seja da ordem do amor. Nesse caso, eles testemunham no passe que puderam associar o seu gozo sexual à palavra de amor e à carta de amor, não estando mais petrificados, em relação a este fato, pelo gozo que se aloja entre parênteses no fantasma.

Então, nesses casos, podemos dizer que uma análise pode fazer com que os homens saiam um pouco de suas posições de machos, machos no sentido em que Lacan definiu o macho, como sendo aquele que está no registro do perverso polimorfo.

Portanto, acho que não é uma má idéia fazer com que os homens avancem do lado do amor!
 

Tradução: Kátia Moskal Danemberg.

Revisão técnica: Tania Coelho dos Santos e

Rosa Guedes Lopes

 

Referências bibliográficas


[1] Conferência em Montreal, no dia 27 de abril de 2001.

[2] Freud, S. et Breuer, J. (1893-95) “Estudos sobre a histeria”. In: Freud, S. Obras completas. RJ: Imago, 1980, Vol. II.

Freud, S. (1893-99) “Primeiras publicações psicanalíticas”. In: Op. Cit. Vol. III.

______. (1900) “A interpretação de sonhos”. In: Op. Cit. Vol. IV e V. (N.R.T.)

[3] Há inúmeros exemplos desta tese na obra de Freud. Escolhemos dois: um citado em “A interpretação de sonhos” e outro extraído do famoso “Caso Dora”.

“Os detalhes mais repulsivos e também os mais íntimos da vida sexual podem ser pensados e sonhados em alusões aparentemente inocentes a atividades culinárias; e os sintomas da histeria jamais poderiam ser interpretados se nos esquecêssemos de que o simbolismo sexual pode encontrar seu melhor esconderijo por trás do que é corriqueiro e inconspícuo. Há um sentido sexual válido por trás da intolerância da criança neurótica ao sangue ou à carne crua ou de suas náuseas ante a visão de ovos ou macarrão, e por trás do enorme exagero, nos neuróticos, do natural horror humano às cobras. Sempre que as neuroses se valem de disfarces, estão percorrendo trilhas por onde passou toda a humanidade nas épocas mais remotas da civilização — trilhas de cuja continuada existência em nossos dias, sob o mais diáfano dos véus, encontram-se provas nos usos lingüísticos, nas superstições e nos costumes”. (Freud, (1900) In: Op. Cit. Vol. V, cap. VI, parte D).

“Logo surgiu uma oportunidade de atribuir à tosse nervosa de Dora uma interpretação desse tipo, mediante uma situação sexual fantasiada. Quando ela insistiu mais uma vez em que a Sra. K. só amava seu pai porque ele era “ein vermögender Mann” [“um homem de posses”], certos pormenores da maneira como se expressou (que omito aqui, como a maioria dos aspectos puramente técnicos da análise) levaram-me a notar que por trás dessa frase se ocultava seu oposto, ou seja, que o seu pai era “ein unvermögender Mann” [“um homem sem recursos”]. Isso só poderia ser entendido num sentido sexual — que seu pai, como homem, era sem recursos, era impotente. [...]”. (Freud, (1905 [1901]) “Fragmento de uma análise de um caso de histeria” In: Op. Cit. Vol. VII, parte I). (N.R.T.)

[4] “[...] O marido lhe contou que Elise L., e seu noivo tinham querido ir também, mas só haviam conseguido lugares ruins — três por um florim e 50 kreuzers — e, naturalmente, não puderam aceitá-los. Ela pensou que realmente não lhes teria causado nenhum prejuízo fazê-lo”.

“O que nos interessa aqui é a fonte dos números no material dos pensamentos oníricos e as transformações que sofreram. De onde proviria a cifra de 1 florim e 50 kreuzers? Provinha do que, na realidade, fora um acontecimento irrelevante da véspera. Sua cunhada fora presenteada pelo marido com 150 florins e se apressara a livrar-se deles comprando uma jóia. Convém notar que 150 florins são cem vezes mais que 1 florim e 50 kreuzers. A única ligação com os “três”, que era o número de entradas de teatro, estava em que sua amiga que acabara de ficar noiva era precisamente três meses mais moça que ela. A situação do sonho era a repetição de um pequeno incidente a propósito do qual seu marido freqüentemente fazia troça dela. [...]”. (Freud, (1901) “Sobre os sonhos”. In: Op. Cit. Vol. V). (N.R.T.)

[5] Os trabalhos de Freud intitulados “A psicopatologia da vida cotidiana” (1901) e “Os chistes e sua relação com o inconsciente” (1905) são dois grandes exemplos. In: Op. Cit., vol VI e VIII, respectivamente. (N.R.T.)

[6]É fácil perceber onde se encontram as semelhanças entre cerimoniais neuróticos e atos sagrados do ritual religioso: nos escrúpulos de consciência que a negligência dos mesmos acarreta, na completa exclusão de todos os outros atos (revelada na proibição de interrupções) e na extrema consciência com que são executados em todas as minúcias. [...] (Freud. (1907) Atos obsessivos e práticas religiosas”. In: Op. Cit., vol IX). (N.R.T.)

[7] Lacan, J. (1955-56). O Seminário, livro 3: as psicoses. RJ: JZE, 1988, 366p.

[8] “Se queremos situar o corpo na simples estrutura de substituição, podemos fazê-lo dizendo que há a carne de gozo e o corpo, carne que goza significantizada em contraposição à carne que goza”.


                                                 


Miller, J.-A.
(1988) “Sobre a clínica psicanalítica”. In: Miller, J.-A. (1997). Lacan elucidado. RJ: JZE, p. 311. (N.R.T.)

[9] Id. (1993) “Demanda e desejo”. In: Miller, J.-A. (1997). Lacan elucidado. RJ: JZE, p. 439-456. (N.R.T.)

[10] Freud, (1920) “Além do princípio do prazer”. In: Op. Cit., Vol. XVIII. (N.R.T.)

[11] Lacan, J. (1972-73). O Seminário, livro 20: mais, ainda. RJ: JZE, 1982, cap. IX. (N.R.T.)

[12] Id. (1972-73). Op. Cit., p. 35. (N.R.T.)

[13] Platão. Le banquet. Paris: Garnier Flammarion, p. 48.

[14] Lacan, J. (1972-73). Op. Cit., p. 64-65. (N.R.T.)

[15] Id. Ibid., cap. VII. (N.R.T.)

[16] Lacan formalizou os tempos de ver, compreender e concluir em um texto intitulado “O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada” (1945). In: Lacan, J. (1998) Escritos. RJ: JZE, p. 197-213. (N.R.T.)

[17] Freud, S. (1923) A organização genital infantil (Uma interpolação na teoria da sexualidade). In: Op. Cit., vol. XIX. (N.R.T.)

[18] Lacan, J. (1972-73). Op. Cit., cap. XI. (N.R.T.)

[19] A teoria do parceiro foi introduzida por Jacques-Alain Milller em seu esforço por estabelecer o último ensino de Lacan. Miller, J.-A. “A teoria do parceiro”, in: Jimenez, S. M. (org.) Os circuitos do desejo na vida e na análise. RJ: Editora Contracapa, 2001, p. 153-207. (N.R.T.)

[20] Sobre o tema da escolha de parceiros na partilha dos sexos, ver a teorização proposta por Miller (1997-98) em “Uma partilha sexual“. In: Clique, n.2. Rev. dos Institutos Brasileiros de Psicanálise do Campo Freudiano. MG: Instituto de Saúde Mental de Minas Gerais, agosto, 2003, p.12-29. (N.R.T.)

[21] “Je me suis permis de dire que le sinthome, c’est très précisément le sexe auquel ne n’appartiens pas, c’est-à-dire une femme. Si une femme est un sinthome pour tout homme, el est tout à fait clair qu’il y a besoin de trouver un autre nom ojr ce qu’il en est de l’homme pour une femme, puisque le sinthome se caractérise justement de le non-équivalence”.

“On peut dire que Lacan’homme est pour une femme tout ce qui vous plaira, à savoir une affliction pire qu’un sinthome. Vous pouvez bien l’articuler comme il vous convienne. C’est um ravage même. [...]” (Lacan, J. (1975-76). Le Seminaire, livre 23: Le sinthome. Paris: Seuil, 2005, p. 101). (N.R.T.)

[22] A impossibilidade da relação entre os sexos é uma das principais teses do Seminário 20, de Lacan. (N.R.T.)